Renault Arkana E-TECH Hybrid: finge ser coupé, mas acerta na receita
A Renault apostou num SUV familiar compacto com linhas mais para o coupé. E se o estilo convence uns, mas outros não, a receita híbrida e SUV convence a maioria.
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Já estamos carecas de saber que o que a malta quer é SUV. E quanto menos SUV parecer, melhor, ao que parece. Eu também não entendo, mas percebi que se aceitar fica mais fácil. Desde há uns anos para cá, muitas marcas têm começado a rabiscar alguns traços mais “coupé” nos seus modelos mais altos e robustos e a receita parece funcionar. Pelo menos é o que nos dizem os números de vendas do segmento que continuam a subir.
E o Arkana?
Começo por dizer que o estilo não me convence. Embora não seja o maior fã de SUV, entendo que sejam práticos e deem jeito em alguns aspectos. Mas os que gosto são aqueles mais “tradicionais”, com aquele desenho da secção média e traseira quase da mesma altura. Este Arkana, apesar de não me convencer, criou um cisma – chamemos-lhe assim – aqui em casa. A minha esposa gostou muito! E ela tem bom gosto. O que me cria um quebra-cabeça. Ora se ela tem bom gosto e gosta deste Arkana, eu também devia gostar, porque quero acreditar que também tenho bom gosto.
Mas, sendo o gosto algo relativo, passemos ao que eu achei mais interessante neste modelo; o estilo vai convencer muita gente, tenho a certeza. Os interiores vão beber tudo ao novo Clio – ponto muito positivo – e a motorização é a híbrida E-TECH de 145 cavalos – outro ponto positivo. Acabei o ensaio com um consumo de 5,4 litros aos 100 km. Para isto, usa o motor a gasolina com 1.6 litros com pouco menos de 100 cv, ligado a uma caixa automática multi-modo com o motor eléctrico de cerca de 20 cv e um motor eléctrico com quase 50.
Complicado? Um pouco. Mas o resultado é uma potência combinada de 145 cavalos e 205 Nm de binário. É super suave e não exige nenhum trabalho da nossa parte. É só ligar e andar. Não sei se atingi os 80% do tempo em modo 100% eléctrico em cidade anunciados, mas sem dúvida que andou lá perto. Ao nível da condução, achei-o bastante bom. Confortável, tanto nos bancos como na suspensão, direcção suave e um carro que se comporta muito bem em cidade.
E para quê?
Para começar, para poupar a carteira e o ambiente. Embora esta motorização híbrida custe 35.650€ na versão Intens ensaiada (33.800€ na Business) é, apenas, cerca de 1.500€ mais cara que a versão equivalente a gasolina. O que significa que, na hora de escolher, não há dúvidas. Pelo preço, o consumo inferior compensa. E as emissões, e a facilidade de condução, o conforto e por aí fora. Aliás, a Renault nem devia ter outras versões. Se nenhuma é a gasóleo (o que seria uma alternativa para alguns condutores e frotas) e o diferencial de preço é baixo, então que se venda, apenas, a mais eficiente.
E nem há a questão de alguém dizer “queria algo mais potente”. Primeiro, porque o Arkana não é para essas brincadeiras e, segundo, porque não desaponta na hora de pisar o acelerador. 10 segundos a fazer o sprint e velocidade máxima de 172 km/h. Suficiente para uma condução despreocupada. O motor mais potente (o 1.3 a gasolina, turbo, de 160 cavalos) não é assim tão mais rápido. Uma velocidade máxima maior – mas pouco ou nada útil, convenhamos – e uma aceleração ligeiramente mais rápida, embora não o suficiente para se considerar ou para ser, novamente, útil.
Finalizando, onde este Arkana ganha pontos é na generalização. É um híbrido bastante tecnológico mas simples de usar, o que significa que não tens de te preocupar com essa parte. Faz bons consumos sem ser necessário conduzir com pés de lã. É um SUV com espaço suficiente para o dia-a-dia e para viagens. Tem boa qualidade de materiais e de construção para o segmento e o preço, apesar de ligeiramente elevado na minha opinião, é razoável. Por menos dinheiro não existe algo parecido e para ter melhor é preciso pagar mais.