FIAT Panda Sport – Não anda tanto como parece, mas eu gosto assim
O Panda é um ícone da história do automóvel e um dos FIAT mais importantes de sempre. É também um dos meus carros de eleição, pois é dos meus preferidos entre os modelos pequenos, práticos e económicos de que tanto gosto e que podemos usar no nosso dia-a-dia para quase tudo. Podem obrigar a uma dupla redução para fazer uma ultrapassagem ou a expelir o ar dos pulmões antes de sentar três pessoas no banco de trás e só depois fechar a porta, mas todas essas limitações fazem parte do charme de conduzir um carro como o Panda.
Na sua mais recente actualização, a gama Panda ganhou esta versão Sport e que está, a meu ver, bem conseguida. Não é o meu Panda preferido dos seus 40 anos – um sinal de que os meus também se aproximam mais depressa do que gostaria – mas se o seu objectivo é apontar a um cliente mais jovem, acho que as jantes de 16 polegadas, as pinças de travão pintadas de vermelho, os vidros escurecidos e a pintura em Cinzento Mate fazem muito bem o seu papel. Destes elementos que referi, só as jantes são de série, pois a pintura e o Pack Pandemónio adicionam 1.150 € ao preço base de 15.762 €.
Pequeno e poupado
Como seria de esperar, mantendo o motor 1.0 Hybrid de 70 cavalos, um pequeno três cilindros a gasolina com uma pequena máquina eléctrica associada para arranque do motor – ajuda a reduzir consumos, bem como dá alguma assistência à mecânica – o andamento do Panda é “pouco Sport”, longe daquele do Panda de 2006 com motor de 100 cavalos e do que o visual desta nova versão sugere. Mas por um lado, ainda bem que assim é. Gosto do facto do Panda andar pouco. E gosto de ter de puxar por ele quando preciso que ande um pouco mais depressa. Sim, numa situação de ultrapassagem ou para enfrentar uma subida mais íngreme, é preciso ter paciência e esperar. Mas como disse, faz parte do charme da experiência. Quanto a consumos, não é difícil manter o computador de bordo nos 6 l/100 km.
Passando ao habitáculo, no banco de trás há espaço suficiente para dois adultos e a bagageira tem, também, um volume bastante aceitável considerando o segmento. Debaixo da alcatifa, imagine-se, está um pneu suplente. Só por isso, o Panda é um vencedor. Para o dia-a-dia, para ir às compras e ao ginásio, para as viagens entre casa, escola, trabalho e vice-versa, o Panda é uma proposta estupenda para uma pequena família. É justo, claro, nem podia ser diferente, no entanto, chega bem. Mas bem melhor que ser passageiro, é ser condutor do Panda. É uma experiência muito engraçada, que nada tem de entusiasmante para quem só se entusiasma com velocidade, mas gratificante para quem gosta de serpentear por entre o trânsito citadino e para aqueles que gostam do desafio de estacionar em qualquer “buraco”. O Panda é um autêntico bicho da cidade e é ao volante que melhor revela os seus atributos. Conduzi-o, sempre, de sorriso na cara ou com o braço na janela. Descontraído e feliz com a vida.
A posição de condução elevada é perfeita para a cidade, ainda para mais quando aliada a uma baixa linha de cintura, o que significa que ver tudo o que se passa à nossa volta é bastante fácil. Nas viagens mais longas, aí sim, talvez a altura do banco comece a ser menos confortável. O volante tem apenas regulação em altura, mas não senti falta do ajuste em profundidade. Rapidamente encontrei a minha posição de condução ideal e fiquei rendido à colocação do punho da caixa, logo ali ao lado, tão prático. A direcção é leve, mais ainda quando activada a função City com maior assistência para as manobras mais complicadas para o condutor. Sim, porque o Panda não sabe o que é isso, uma “manobra complicada”.
Por dentro, super prático
Espaços para arrumar as tralhas que nos acompanham diariamente não faltam, sejam nas portas, na consola, no porta-luvas ou no grande espaço acima deste. Por cima do infotainment há ainda um útil compartimento para guardar o smartphone. Os comandos da climatização são “à antiga”, ou seja, como todos deviam ser, com botões rotativos, fáceis de usar e que não obrigam a desviar os olhos da estrada. Em condução propriamente dita, o Panda, mesmo com vestuário desportivo, está mais orientado para o conforto do que para a dinâmica. Sem ser rápido a curvar, tem aquela agilidade típica dos carros pequenos e leves que tanto contributo dá para uma condução despachada, pontualmente interrompida pelo som giro do esforçado motor de três cilindros. Anda pouco? Pelos padrões actuais, talvez, sim. Mas limita, de alguma forma, o desempenho do Panda, no ambiente a que se destina? Dificilmente.
Resta-me abordar a questão do preço, talvez o seu ponto menos bom, considerando também que a unidade em ensaio, para ter este look tão engraçado, custa perto de 17.000 €. É verdade que a oferta neste segmento é cada vez mais reduzida e nenhum outro tem um nome tão forte quanto o Panda, mas há concorrência a propor um produto idêntico por um preço mais simpático. Quanto ao “meu” Panda de eleição – exceptuando a versão 4×4, mais cara, mas mais completa – e por muita “pinta” que este Sport tenha, optaria pela versão City Life com motor 1.2 a gasolina e GPL. Custa 16.620 €, quase o mesmo que este Hybrid Sport, mas o GPL custa 0,75 €/litro. Escolhas o que escolheres, se procuras um carro para a correria diária e que brilha quando conduzido em cidade, o Panda nunca desilude.