Dacia Duster 4×4 – Bem mais do que mais um SUV
Depois de ter conduzido, há pouco mais de um par de semanas, um Duster com motor ECO-G 100 Bi-Fuel, regressei ao SUV da Dacia para uma experiência totalmente diferente. Não deixa de ser curioso como dois automóveis aparentemente idênticos podem ser tão diferentes, quer em capacidades, quer no que transmitem ao serem conduzidos. E isto porque para esta ocasião reservei o Duster na sua versão mais radical, a 4×4, mais apontada à aventura, contando com tracção integral, bem como com os préstimos do saudoso motor dCi, a gasóleo, poupado e cheio de força, aqui na sua versão de 115 cavalos.
Motor Blue dCi convence
Visualmente, pouco distingue este Duster do que recentemente passou pela Garagem, com as diferenças a ficarem-se pela designação “4WD” nos guarda-lamas dianteiros. Para além da cor, obviamente. E passando ao interior, difere apenas no comando rotativo colocado na consola, junto do travão de mão, que neste Duster mais apontado aos terrenos acidentados permite escolher o modo de tracção ideal: 2WD, Auto ou forçar o modo 4×4. Em quase tudo o resto, excepto na capacidade da bagageira – ligeiramente inferior neste tracção total, com 411 em vez de 445 litros – são idênticos. Não são por isso de estranhar as também idênticas boas sensações a bordo, quer à frente, quer atrás, onde o espaço disponível convence pela positiva.
O motor 1.5 dCi “continua aí para as curvas”, contando já com uma longa história em variadíssimos modelos do grupo e provando, uma vez mais, estar à altura das maiores exigências a que a um Duster 4×4 pode estar exposto. Apesar de relativamente contido em cilindrada, revela aquela sempre agradável disponibilidade a baixa rotação dos modernos motores Diesel, aqui com 260 Nm entregues logo a partir das 1750 rpm. Nos trilhos mais exigentes ou nas subidas mais íngremes, o propulsor da família Blue dCi é sempre um óptimo aliado, ainda para mais ao ser explorado por uma transmissão manual de 6 velocidades com relações curtas, favorecendo essa tão importante desenvoltura quando circular sobre piso o mais irregular possível é o objectivo.
Bom rolador
Porém, a combinação de um motor Diesel com uma caixa de relações curtas, por muito benéfica que seja para uma proposta com estes objectivos, bem preparada para andar fora do alcatrão, traz consigo algumas desvantagens para quando dele não se sai, como seria de esperar. Isto porque ao arrancar, quase apetece fazê-lo sempre “em segunda” e quando chegamos aos 50 ou 60 km/h já passámos por quatro ou cinco “mudanças”. E em ritmos de autoestrada, já com a “sexta” engrenada, o ruído do motor a gasóleo é uma presença mais notória no habitáculo, até porque a rotação nunca cai tanto como seria expectável. O motor ECO-G, com configuração de três cilindros, e mesmo quando está a “beber” GPL, soa sempre mais refinado do que este Diesel. Porém, o seu pulmão adicional e a destreza revelada ao enfrentar caminhos menos responsáveis é indiscutível.
Onde há também diferenças é no chassis, já que este 4×4 recorre a uma geometria mais elaborada no eixo traseiro, com suspensão independente. Uma vez que as utilizações e os percursos realizados neste ensaio foram bastante diferentes do contacto prévio que tive com este novo Duster, não posso adiantar que um é mais ou menos confortável do que o outro. Mas posso dizer que em ambos as sensações são muito idênticas, com uma suspensão de amortecimento mole que favorece um bom conforto de rolamento, bem como um comportamento dinâmico sempre são e seguro. Não precisa de ser nem mais confortável, nem mais ágil. Precisa de cumprir nesses dois aspectos, e fá-lo bem, mas este 4WD precisa de revelar destreza quando o levamos para “as terras”. E mostrou.
4×4 desde 23.100 €
Nesse aspecto, não abusei. Não me considero suficiente experiente para me aventurar a trepar uma parede disfarçada de caminho na encosta de um monte, mas os pequenos desafios a que o submeti, estradas de terra e cascalho, algumas subidas bastante acidentadas e lombas que poderiam colocar em causa a sua altura livre ao solo, nunca deixaram o Duster desconfortável nem a pedir mais motor. Já eu fiquei impressionado com a facilidade que ele demonstrou nesses testes e, uma vez mais, com o espaço, equipamento e facilidade de condução do tremendamente bem-sucedido SUV da Dacia. Gostei, também, deste cada vez mais raro contacto com um motor Diesel, chegando ao final do ensaio com uma média combinada de 4,9 l/100 km. Saudades disso.
Quanto a preços desta versão 4×4, começam nos 23.100 € quando o Duster está associado ao nível de equipamento intermédio, Comfort. Já este Prestige tem um custo de 24.500 € ao qual é preciso adicionar 550 € pelo acesso e arranque mãos-livres, pelas tomadas USB traseiras e pela câmara Multiview. Se a tracção integral é essencial, então que não fiquem dúvidas. A fórmula Duster está lá toda, mas com capacidades bastante melhoradas ao nível do desempenho ao circular fora de estrada. O preço continua “canhão” e se o aventureiro Duster convida sempre a uma road trip, este vai mais longe, a terreno mais inóspito e inexplorado ao levar-te numa off road trip.