SEAT Arona – Conduzimos o preferido dos “nuestros hermanos”
Por cá pode até não liderar o seu segmento, mas em Espanha, a sua terra natal, o SEAT Arona não só liderou as vendas entre os modelos do segmento B, como foi o automóvel mais vendido durante o ano de 2021. No entanto, o segredo do seu sucesso junto dos “nuestros hermanos” está longe de ser apenas justificado pelo carinho que nutrem pela marca da sua pátria. Isto porque já reconhecíamos no Arona inúmeros argumentos, recentemente melhorados na actualização que a SEAT lhe implementou, a par do que fez com o seu meio-irmão Ibiza.
A comparação é, aliás, inevitável. O Arona é, no fundo, ou melhor, “no alto”, um Ibiza. O desenho da carroçaria é ligeiramente diferente, claro, assumindo a tão valorizada postura de um moderno crossover urbano e tudo se passa a alguns centímetros mais acima relativamente à estrada, mas a experiência é em tudo idêntica àquela transmitida pelo Ibiza. E isso é bom. Muito bom, na verdade.
Boa posição de condução
A posição de condução, para quem assim a prefere, mais lá por cima, sai claramente beneficiada relativamente ao Ibiza. E também o pilar A de desenho muito fino, bem como a posição recuada do retrovisor exterior, contribuem para a boa visibilidade dianteira. Como é hábito nos modelos do grupo Volkswagen, encontrar a posição de condução ideal não demora mais do que meia dúzia de segundos, graças, principalmente, à amplitude de regulações do banco e do volante.
Mas a maior novidade neste actualizado Arona é, sem dúvida, a evolução sentida ao nível dos materiais empregues. Sim, como é habitual no segmento, é ainda grande a aplicação de materiais rijos, mas o topo do tablier é agora construído num plástico bem mais suave, transmitindo uma maior sensação de qualidade, visual e ao toque. O sistema de infotainment é totalmente novo e o ecrã táctil foi reposicionado, surgindo no topo do tablier, em posição de destaque. Tal como no Ibiza, as novas saídas de ar da ventilação podem ser iluminadas, criando um ambiente acolhedor durante a condução nocturna. Os controlos da climatização estão, felizmente, fora do infotainment, contando com consola e botões físicos dedicados. É assim mesmo.
Muito equipamento neste Xperience
Gostei do recheio de equipamento da unidade ensaiada, de nível Xperience, e dele é impossível não destacar os bancos dianteiros aquecidos, principalmente quando me passeei de Arona e vi o indicador de temperatura marcar pouco mais de zero graus. Atrás não há bancos aquecidos, mas há espaço livre para pernas e cabeça que chega a surpreender, principalmente se considerarmos o segmento em que o Arona encaixa. Ao meio, apesar do relativo conforto do assento, será difícil colocar um terceiro passageiro. Menos bom, ou menos agradável ao ouvido, é o bater das portas traseiras ao fechá-las, algo que a SEAT deve corrigir nos seus próximos modelos utilitários, uma vez que também o Ibiza sofre do mesmo problema.
O motor 1.0 TSI é, na minha opinião, um dos melhores entre os pequenos três cilindros a gasolina do mercado. Enérgico, suave e poupado, surge neste Arona na sua versão de 110 cavalos associado à transmissão DSG, embora nesta unidade não estivessem disponíveis patilhas no volante. As sensações foram em tudo idênticas às acima mencionadas e sentidas em ensaios anteriores com este motor, mas o consumo final de 7,5 l/100 km ficou ligeiramente acima do esperado. Não desilude, mas esperava terminar este ensaio com uma média final de algumas décimas abaixo.
Excelente dinâmica
O que não desiludiu – a quem aprecia – e que, igualmente, não me surpreendeu, foi o comportamento dinâmico. Entendo que o típico cliente de um crossover de segmento B procure, essencialmente, conforto, mas o Arona, longe de ser desconfortável, revela uma agilidade de movimentos que muitos podem não esperar encontrar numa proposta como esta. Na estrada certa, com as devidas condições, chega até a ser divertido. Não se entrega com a mesma dedicação, nem transmite as mesmas sensações de um Ford Puma, mas não anda longe. E tal como esse seu rival, revela um bom controlo da carroçaria e um maior dinamismo à custa de alguma dureza da suspensão que poderá não agradar a condutores mais tranquilos. As jantes de 18 polegadas com pneus de baixo perfil têm também alguma responsabilidade nesse aspecto.
Está assim explicado o porquê do sucesso caseiro do Arona não ficar apenas a dever-se a patriotismo dos espanhóis, mas sim a um conjunto de argumentos que fazem dele uma das melhores propostas entre os crossovers de segmento B. Ainda assim, o que eu gostava mesmo era de conduzir um Arona – ou qualquer outro modelo de segmento B – numa versão menos equipada, aquelas que são, quase sempre, as mais interessantes da gama e que quase nunca estão disponíveis para ensaio. Diria que, no caso do Arona, a versão mais interessante custa bastante menos do que os mais de 30.000 € pedidos por esta apetrechada unidade Xperience cheia de extras. O ideal é um Arona Style, com motor TSI de 95 cavalos e jantes de 16 polegadas. A sério, confiem.