Volkswagen T-Roc R: nota-se a “costela” portuguesa
Não te deixes enganar pelo “R” e pelos números: este T-Roc é um crossover mascarado de desportivo. Mas isso não é, necessariamente, mau. Há quem goste. Aliás, há muita gente que gosta.
Estivemos a testar a versão mais quente do T-Roc, o crossover médio da Volkswagen, fabricado em Portugal. Mas, se isso é uma coisa boa – que venha muito mais investimento no nosso país – o resultado ficou aquém do que esperava. Quer dizer, agora que penso nisso, o resultado foi exactamente aquele que esperava.
É português?
Aqui, corro o risco de ofender algumas pessoas, mas como eu também sou português e a carapuça até me serve algumas vezes, posso dizê-lo: é desportivo, mas não muito. É um pouco como os portugueses. Somos muito bons em algumas coisas, mas nem sempre. Há dias em que apetece estar quieto. Mas isso é normal! Já viram o nosso clima? Estamos a meio do verão e eu estou a escrever isto quase a suar do prosaico bigode.
Não em entendam mal, isto não significa que o carro esteja mal fabricado ou o que seja. Sim, a parte superior das portas devia ser em plástico macio em vez de um plástico rijo – afinal, estamos a falar de um carro que custa cerca de 54.000€ – mas é o único reparo que tenho a fazer aos materiais e a montagem está impecável. Germânica, eu diria.
Mas ao nível da desportividade, o caso muda de figura. E não por culpa lusitana! Isso foram lá os alemães que decidiram pegar numa espécie de crossover que vende bem e as pessoas gostam, e achar que, por associação, também iriam gostar de uma versão desportiva. Eu não sei como estão as vendas, mas acredito que haja mercado. Afinal de contas, se toda a gente quer SUV e crossovers, há-de haver quem os queira em versões mais potentes e dinâmicas.
Por falar em dinâmica
Aqui, embora não tenha testado grande coisa, senti que é capaz de ser competente. Digo competente, e não bom, porque um carro com o centro de gravidade mais elevado cujo propósito é agradar aos amantes de SUV nunca será melhor que o seu irmão Golf. Só o posso comparar com este, porque ambos têm o mesmo badge R e, consequentemente, o mesmo motor e transmissão. Têm o mesmo 2 litros, turbo, com 300 cavalos e tracção integral não permanente. O computador decide a quantidade de potência que envia para as rodas de trás.
Não testei o Golf R – foi o Isaac que teve essa honra, e parece-me ter gostado – mas o que tirei desde T-Roc R é que, mais do que ser um carro para fazer uma boa volta rápida no Estoril, é um carro que se for preciso acelerar fá-lo sem problema algum. Curvar, também curva bem, com umas boas – e giras – jantes de 19 polegadas e um sistema de controlo dinâmico de chassis (bem como os modos de tracção para diferentes pisos) mas nunca me passou aquela sensação de desportivo que outros conseguiram.
Ainda assim, como disse, acredito que haja mercado e interesse. Não é para mim, mas isso sou eu que não aprecio muito estas carroçarias. De qualquer forma, não foi por isso que não consegui apreciá-lo e perceber que estamos na presença de um carro especial. Quanto mais não seja pela raridade nas estradas.
Consumos e conforto
Quanto aos consumos, por exemplo, é carro para fazer médias de 10 litros/100 km. Fora de cidade fui capaz de rondar os 8 litros e dentro da cidade é menino para andar pelos 11/12 litros. Mas, lá está, quem o compra sabe disso. É capaz de transportar a família e as bagagens e, volta e meia, ir aos track days esticar as pernas. Isto porque, apesar da potência e afinação desportiva, nunca senti falta de conforto. Bons bancos, com bom apoio, a suspensão consegue ser complacente, mesmo com as jantes de 19 polegadas e a sensação ao volante é robusta. Passa aquele “peso” que eu gosto. Sente-se que o carro é bom e, para quem paga bem mais do que 50 mil euros por ele, isso é importante.
Quanto à tecnologia e segurança, podes contar com de tudo um pouco. Bom infoentretenimento, bom ar condicionado (com rodinhas em vez de coisas sensíveis ao toque), sistemas de segurança actuais, entre outros. Um carro completo que, para os que assim desejam, vem com potência para dar e vender.