Hyundai Bayon: citadino deste ano, mas muito mais
O Hyundai Bayon venceu o prémio de citadino do ano 2022, mas cá para mim devia ter concorrido noutra categoria: a de familiar “compacto”. Não acreditam? Então leiam o ensaio.
Não me entendas mal. Funciona perfeitamente para a cidade. A questão é que funciona ainda melhor fora dela. A justiça do prémio é merecida – e quem seria eu para dizer o contrário – mas se me perguntassem qual o citadino que deviam comprar, o Hyundai Bayon não estaria na lista. Acho que há outros carros que cumprem melhor a função de andar pela cidade com agilidade e economia.
No entanto
O Hyundai Bayon faz exactamente isso… mas para uma família. O carro tem espaço de sobra para quatro pessoas e bagagens, é confortável (mais do que estava à espera, confesso), fazendo frente a carros mais caros e transmite uma sensação de robustez na condução que os citadinos às vezes não conseguem. Não tem os materiais com a maior qualidade e isso acho que é uma pena, como disse no ensaio ao renovado VW Polo. Não é por ter de ser barato que se tem de poupar nesse ponto. Pelo menos nos lugares da frente, vá.
Assim à primeira vista, o carro parece pequeno q.b. Um crossoverzinho maneirinho que cumpre e que pouco maior é do que um Hyundai i20. Mas assim que nos chegamos perto, percebemos que, afinal, o carro é igual a um familiar compacto, senão, até, maior do que alguns. Daí o meu argumento de que este é um familiar compacto. E o compacto já é mais uma tecnicalidade do que outra coisa.
Sensações
Este ponto, para mim, é importante, porque quase tudo na vida depende das expectativas. Se forem altas e a coisa não cumprir, o resultado desaponta. Se forem baixas e a coisa cumprir, o efeito é incrível. E perdoem-me se as minhas expectativas para este ensaio não eram altas, mas é o que é. A opinião inicial com que parti para este ensaio foi formada por imagens e pouco mais. E o design não é o ponto forte do Bayon. Pelo menos na metade traseira. A frente tem muita presença, indo beber os faróis e grelha ao Kauai, o que resulta muito bem. Mas a traseira é assim meio levantada demais para o meu gosto e parece inacabada. Mas as sensações ao volante e restantes qualidades do carro, mais do que compensaram essa “falha”.
A condução é robusta e o carro tem aquele “peso” que os carros mais caros têm. Para isto ajuda a direcção mais pesada do que o habitual – muito menos num citadino – mas sem ser presa e arrastada. É fluida, mas com peso. Gosto muito. O conjunto embraiagem-caixa de velocidades também é competente. E o motor, que é assim para o pequenino, cumpre e com consumos fora de cidade muito bons. Um 1 litro, turbo, com 100 cavalos a fazer consumos na ordem dos 5,5 litros/100 km. Em cidade apontem para os 6,5 o que, vá, também não é o fim do mundo (uma expressão cada vez mais estranha de usar).
Conforto, espaço e preço
Estes são os pontos fortes deste Hyundai Bayon. E reforçam a minha premissa inicial de que este carro é um familiar compacto. Cerca de 20.000€ para o nível de equipamento Premium que traz muitos sistemas de segurança, um bom infoentretenimento com ecrã de 8 polegadas e um painel de instrumentos digital de 10, como o do Kauai, ar condicionado automático, câmara traseira e sensores de estacionamento traseiros, luzes LED, emparelhamento com o smartphone sem fios, etc. Como vês, o equipamento indispensável para os dias de hoje está lá todo.
Depois disso, tens espaço para quatro pessoas e bagagens. A bagageira é funda, o que ajuda com o espaço, e a suspensão, em conjunto com os pneus fazem um bom trabalho a filtrar os buracos e irregularidades do piso. Fiz uma viagem de cerca de 700 km ao volante deste Bayon e, no final, senti que nunca me falhou em nada. Nem no consumo, nem no conforto, nem nas sensações ao volante e, em última análise, no preço, que é muitas vezes o que mais importa.
É mais do que merecido o prémio de Citadino do Ano 2022, embora a categoria devesse ter sido outra.