DS 4 Cross E-Tense: o luxo electrificado para todos os gostos
Um dos modelos mais aguardados da DS, o 4, chegou ao mercado e promete deixar a sua marca. Estivemos a testar a versão Cross, a topo de gama, com a motorização plug-in e gostámos… mas há uma versão melhor.
Que a DS já habituou o mercado a um determinado nível de luxo, já sabemos. Quem não sabe, é porque ainda não teve o prazer de se sentar e conduzir um. Mas fá-lo e vais perceber do que falamos. Isto significa que o DS 4, o familiar compacto que faltava à gama e que, segundo a marca, deverá ser o seu best-seller, mantém a tónica no luxo. Na nossa opinião até o eleva, porque não estamos a falar de uma berlina de quase 5 metros que só vai ser conduzida por uma pessoa, mas, antes, de um compacto familiar hatchback que serve para qualquer família que queira um pouco mais do seu carro.
Premium
O segmento premium é competitivo… mas, apenas, entre três marcas. As alemãs. Isto, porque as outras marcas estão “ocupadas” a vender carros para as pessoas que não podem, não têm, ou não querem dar uma pequena fortuna por um carro. E como as compreendo. Se o carro é a segunda maior despesa que temos na vida – logo a seguir à casa – então é normal que muita gente não queria gastar o seu dinheiro, que muito lhe custou a ganhar, num conjunto de componentes que, se tudo correr bem, vai durar entre 10 a 20 anos. Isto, lá está, se não andarmos a trocar de carro a torto e a direito.
Ora, então, será que a DS tem lugar neste restrito grupo de marcas? Eu diria que sim. Nem que seja pelo factor novidade. Que as outras sabem fazer carros com qualidade, já estamos “carecas” de saber. Mas a DS não é nenhuma iniciante nestas andanças. Não dá para esquecer o incrível “Boca de Sapo”, o Citroën DS, que para além do design aerodinâmico e incrível, tinha muita tecnologia avançada para a época e muito luxo.
Mas vais falar deste DS 4, Rafa? Vou, sim! Vamos lá. O que o distingue, assim de imediato, é o design. Cá está! Passear com ele na estrada é garantia de muitas cabeças a girar. O carro tem um design muito forte. Arestas e vincos, mas ao mesmo tempo uma fluidez quase futurista. Acho que acertaram. A versão Cross dá-lhe um ar mais crossover e “fora de estrada”, mas não te enganes, isto só funciona no asfalto. Para mim, as versões não-Cross são mais giras.
Conforto e luxo
Aqui, mal seria se a DS não se esmerasse. E esmeraram-se, pois! Todos os materiais são de muita qualidade e a construção também. Não me pareceu tão robusta quanto poderia, mas isso já sou eu a procurar algo para dizer. O design interior também é muito bom. Tem aquela configuração “casulo” que eu adoro. Parece um cockpit de um avião ou de uma nave espacial. A posição de condução é boa e fácil de encontrar graças aos bancos eléctricos.
As jantes de 19 polegadas não ajudam ao conforto, mas a suspensão e os bancos tratam disso. Por falar na suspensão, o DS 4 tem um sistema que “lê” a estrada e ajusta a suspensão para compensar quaisquer irregularidades. Chama-se Active Scan Suspension. E fá-lo muito bem. Mesmo com umas jantes demasiado grandes para um carro normal, senti-me sempre muito bem (os bancos com massagem também ajudaram, é certo, mas mesmo sem isso o conforto está mais do que garantido).
O sistema de infoentretenimento é muito bom e relativamente fácil de usar, bastando uns 5 minutos a navegar nos menus. A qualidade de som é muito boa, e este modelo vinha com o sistema de som opcional Focal Electra, com uma data de colunas e subwoofers e vidros acústicos laminados. Uma delícia, mas com um preço de 1000€. No interior, a única coisa que não me convenceu foi o touchscreen, junto ao selector das mudanças, que permite interagir com o sistema de infoentretenimento e navegar pelos menus. Acho que não era necessário porque é redundante.
Motor
A motorização equipada era a E-Tense 225, um motor 1.6 litros, turbo, com 180 cavalos, e um motor eléctrico que, no conjunto, entregam 225 cavalos e permitem uma autonomia eléctrica em torno dos 50 km. Eu consegui andar lá perto, com cerca de 45 km. O carregamento é o normal para este tipo de motores e, apesar de ainda nos faltar muita infraestrutura, é cada vez mais prático ter um híbrido recarregável. É uma questão de hábito, e o consumidor já se está a habituar.
A velocidade máxima é de 233 km/h, mas não recomendo. Primeiro, é totalmente ilegal. Segundo, em velocidades acima dos 100 km/h, o propósito de eficiência de um carro híbrido cai por terra. Isto funciona bem é em cidade, com cuidado nas acelerações, e fora dela é deixar o computador gerir o melhor para cada momento. Ainda assim, acabada a autonomia eléctrica, os consumos andam em redor dos 7 litros aos 100 km. Andar com as baterias carregadas sempre que possível é mesmo o melhor. Se for em casa, melhor ainda, que o custo baixa drasticamente.
A condução é suave, sem dramatismos, como se quer de um automóvel que prima pelo luxo. Ainda assim, a sensação ao volante não é desprovida de alma. Pelo contrário. A posição de condução, juntamente com as jantes de 19 polegadas e um motor cheio de binário deixam-te com um sorriso no rosto. Não testei as capacidades em curva, nem do chassis, mas a sensação que deu foi positiva. Não é um desportivo, mas não ficas a desejar que fosse. Até porque tem muito por onde te ganhar.
Conclusão
Adorei o carro. Não sei se seria para mim, especialmente tendo em conta os mais de 50.000€ desta unidade, mas na sua versão mais singela (e igualmente cheia de qualidade) a coisa torna-se interessante. A versão base, a Bastille +, com o mesmo motor e muito equipamento, custa algo como 38.000€, o que o coloca perto da concorrência. Se quiseres uma data de equipamento e umas jantes maiores, o preço sobre 6.000€. Para as outras motorizações, os preços começam nos 30.000€ para o motor PureTech a gasolina, 1.2, turbo, com 130 cavalos. Só há uma opção de caixa de velocidades, que é a automática de 8. Um pouco alto, é certo, mas o que se recebe é, também, muito bom.