Audi A3 SB 1.5 TFSI MHEV – Receita simples, mas deliciosa
Ter a oportunidade de conduzir automóveis da Audi é, não só um privilégio, como sempre, uma confirmação de algo que não é, certamente, novidade para ninguém: a qualidade indiscutível dos produtos da marca dos quatro anéis. Mas como já o disse por inúmeras vezes, num mundo dominado, cada vez mais, por volumosos SUV e silenciosos eléctricos, foi um daqueles simples prazeres da vida por passar uns dias ao volante de um A3 equipado com um “humilde” motor 1.5 TFSI a gasolina com 150 cavalos com a chamada electrificação ligeira MHEV.
E que bem me soube, que boas foram as sensações transmitidas. O design, desde logo, é para mim um dos pontos fortes do compacto do símbolo de Ingolstadt. Sempre gostei do A3 e esta mais recente geração é apenas mais uma muito bem conseguida pela Audi, mais uma de uma já longa história de sucesso. Gosto da dose de racionalidade e até, de frieza, colocada nas suas linhas, mas cujo design consegue, ao mesmo tempo, ser desportivo sem dar demasiado nas vistas. Encaixa que nem uma luva no meu gosto pessoal.
Por dentro
Passando ao interior, encontrei, uma vez mais, o habitual, pelo menos sempre que abro a porta de um Audi, um ambiente tecnológico e confortável, mas, acima de tudo, uma grande sensação de robustez. Sei que é uma afirmação forte, porque não conheço tudo e porque há automóveis de outros segmentos e patamares de preço que fazem o A3 parecer “pobrezinho”, mas os interiores Audi são dos melhores do mercado. Sou fã assumido, quer do design focado no condutor, quer da qualidade dos materiais e montagem. É, pura e simplesmente, um óptimo sítio para se estar.
Pelo menos à frente, claro. Isto porque no banco de trás a história é, como esperado, um pouco diferente. Espaço livre para pernas e cabeça não constitui um problema, pelo menos para os passageiros laterais, mas daí a considerar um automóvel como este um verdadeiro cinco lugares é “esticar demasiado a corda”. Este está longe de ser um problema exclusivo do A3, pois são inúmeros os modelos com lotação para “cinco menos um” passageiros, mas no caso do objecto de estudo deste trabalho, ter a largura suficiente para receber os ombros de três pessoas parece-me um exercício impossível, sendo que também o túnel central é grande.
Motor ideal
Tenho saudades de guiar um Audi com motor TDI, é certo, da pujança e da eficiência que há tanto tempo lhes reconhecemos, mas é impossível não ficar agradado com o desempenho deste 1.5 TFSI com tecnologia mild hybrid. Os consumos verificados estão longe de impressionar, mas como não estamos na presença de um verdadeiro híbrido, os 7,4 lt/100 km também não ofendem. A mim, não ofenderam.
No entanto, bem melhor do que a média de consumo é a agradabilidade de utilização deste motor de quatro cilindros com 150 cavalos, uma potência mais do que adequada ao dia-a-dia, capaz de conferir ao A3 um andamento muito interessante sem cair no exagero de potência da qual não podemos usufruir. Disponível desde baixas rotações, linear na sua entrega e com funcionamento refinado até serem atingidos os regimes médios-altos, há muito para apreciar neste motor a gasolina.
O preço, sempre o preço
Mesmo sem contar com o óptimo contributo do amortecimento variável, esta unidade revelou um excelente comportamento em estrada, ágil na sua resposta e transmitindo sempre uma grande sensação de segurança. Tudo sem que o conforto saia prejudicado em demasia, um bom desempenho para o qual contribui, certamente, a geometria multibraços da suspensão traseira. Já a caixa DSG, rápida e fluída nas suas passagens, mostrou-se mais à vontade durante uma condução tranquila do que em momentos mais exigentes, não se revelando suficientemente veloz nas reduções, mesmo quando actuada através das patilhas no volante, comportamento que se aceita, uma vez que não estamos na presença de um desportivo.
Algo que é mais difícil de aceitar é o quanto custa tudo isto que acabei de descrever. Um “tudo isto” que inclui uma pintura metalizada, um head up display e uma incrível iluminação adaptativa LED, mas onde falta, por exemplo, a câmara traseira e o acesso inteligente – embora conte com arranque de motor sem chave – somando assim qualquer coisa como 3760 euros ao preço final, valor que chega aos 43.227 euros. Uma receita simples e deliciosa, como disse, mas igualmente dispendiosa. Ainda assim, e recordando-o, também, pelas fotografias, para mim, está praticamente “no ponto”.