Ford Fiesta ST-Line 1.0: nem sempre o melhor chega mais longe
O segmento dos compactos está a sofrer desde há alguns anos. Primeiro, por culpa dos SUV e crossovers, segundo… bem, por culpa dos SUV e crossovers. Falta electrificar este segmento, mas as marcas mostram pouca vontade. Não é aqui que está o lucro. Mas é onde está a solução.
O que quer isto dizer?
Bem, para começar, carros pequenos consomem, à partida, menos. E isto é válido tanto para motores a combustão como para motores eléctricos. São mais leves, logo, por definição, precisam de menos esforço para se mexerem. Por isso é que têm motores pequenos. Este Ford Fiesta é um desses casos. Mas não é por ter um motor pequeno que deixa de ter genica! Este “mil turbo” tem 125 cavalos. Chegam e sobram para a tarefa. Até nos consumos que, ao fim de cerca de 100 quilómetros em cidade, indicava 6,4 “litros aos 100”. Baixou para os 6,2 e acho que esse consumo, para cidade, é muito bom. Fora dela é contar com menos 1 litro. O sistema híbrido ligeiro ajuda quando se carrega no acelerador, mas cá para mim acho que não faz a diferença. Talvez até “desajude”.
Para quem quer mais potência existe a versão com 155 cavalos. Demasiados, diria eu, para o propósito. Mas leiam o que disse o Isaac quando o testou. Para quem não precisa de tanto, existe, também, uma versão com 100 cavalinhos. Talvez a mais adequada para o segmento. Isto, porque, se juntarmos as outras características do Ford Fiesta percebemos que não é só a potência que o torna um dos melhores – senão o melhor – carro do segmento.
Características
Comecemos pelo que, para mim, é o melhor deste carro: relação qualidade-preço. Quanto ao estilo e design, cada pessoa tem o seu gosto particular. Eu acho que o carro tem estilo. Não é o design mais atrativo do mundo, até porque já está a sofrer com a idade e não está a acompanhar nem a restante gama da Ford nem a concorrência. Mas isso deve mudar para breve, esperemos. A Ford tem de apostar num carro forte para o segmento B, especialmente quando tem, actualmente, um incrível.
Depois, o comportamento. É imbatível. O chassis tem uma postura irrepreensível. Curva muito bem, não tem vontade própria, é fácil de controlar e dá vontade de conduzir. É daqueles carros que nos transmite uma sensação de condução como deve ser. Tem uma mecânica muito boa, com uma caixa de velocidades e embraiagem suaves mas robustas, sem aquela sensação de “está solto demais”. O motor puxa bem quando é preciso e o único reparo que faço é a – aqui, sim – vontade própria que tem às vezes por causa do motor híbrido ligeiro. Parece querer travar quando não queremos que trave. Mas nada que uma habituação não resolva.
Voltando à qualidade-preço, pelos cerca de 22.000€ que custam este carro, temos tudo, praticamente. Tecto de abrir, volante aquecido, bancos aquecidos, ar condicionado automático, infotainment com ecrã digital táctil, 6 colunas, câmara traseira e sensores de estacionamento, conectividade com smartphone e os sistemas de segurança que hoje em dia consideramos essenciais. Portanto, tudo o que é preciso. Se achas que falta alguma coisa, acho que és demasiado exigente e ninguém precisa de um frigorífico no carro. Queres beber algo fresco, páras, descansas e refrescas-te.
Concluo, portanto.
Pessoalmente, a única coisa que falta a este Ford Fiesta é actualizar-se. Chegar-se à frente naquilo que faz de melhor: ser um exemplo para o que deve ser um carro do segmento B. Tem espaço suficiente para o dia-a-dia, boa bagageira, comportamento dinâmico on point, muito e bom equipamento e excelente mecânica. Já, agora, se não for pedir muito, electrifiquem-no. Ford Fiesta Mach-e tem um certo charme, não tem?