Opel Mokka-e – Electrificar e, ao mesmo tempo, colorir
Tenho por hábito tentar fotografar todos os automóveis que conduzo num ambiente que destaque as suas aptidões e as suas linhas. Sim, sei que já fotografei desportivos em caminhos de terra e modelos todo-o-terreno em alcatrão, mas tento inseri-los também num cenário sem outros automóveis para que tenham o destaque que merecem. E tal como o parque circulante português, nem sempre os parques de imprensa nacionais dispõem de unidades com as melhores cores que o respectivo fabricante propõe. A Stellantis é, felizmente, uma excepção, dispondo, regularmente, de novos modelos com as cores de lançamento, aquelas que são, por vezes, propostas sem quaisquer custos adicionais, mas que os clientes acabam por colocar para segundo plano e optar pelos mais vulgares preto, branco e cinzento.
Personalidade
Assim, para este reencontro com o Opel Mokka, agora na sua versão 100% eléctrica, um reencontro que, sabia de antemão, ia ser muito colorido, fotografei-o, propositadamente, num dos ambientes onde mais tempo passam os crossovers urbanos: os povoados parques de estacionamento das grandes superfícies. No entanto, desta vez, decidi não o isolar num canto mais esquecido do parque, longe de outros que o pudessem absorver com o seu “cinzentismo” porque, na verdade, é impossível tal coisa acontecer. Não só o arrojo do design para isso contribui, como este irreverente tom verde é garantia de que todos os restantes automóveis que com ele partilhem o enquadramento se tornem absolutamente anónimos e quase invisíveis.
O Mokka é bem capaz de ser um dos mais originais e giros crossovers do seu segmento. Não é o mais espaçoso, nem o mais versátil, nem o mais confortável entre os seus muitos rivais. Na bagageira, por exemplo, faltam soluções práticas e, na unidade ensaiada, o sempre útil piso amovível. E no banco de trás está longe de ser o mais amplo, ainda que para o dia a dia na cidade, nas “voltinhas” entre casa, trabalho, escola e praia, o que oferece chega e sobra. Mas é, sem dúvida alguma, um dos crossovers que mais personalidade tem. É certo que cada cliente, condutor ou família tem as suas prioridades ao escolher um automóvel, mas valorizo cada vez mais o facto de conduzirmos algo diferente, que se destaque, seja pelo design, seja pela cor ou, neste caso, por ambos.
Dinâmica é destaque
Mas os argumentos do Mokka não se ficam, obviamente, pelo seu visual, pois ao volante, o pequeno Opel surpreende com idêntico dinamismo àquele demonstrado pelas suas linhas. Desde logo pela muito boa posição de condução, mais envolvente do que aquela que um típico condutor SUV certamente aprecia, reconheço, mas eu prefiro assim. O Mokka é sempre muito ágil, com uma boa direcção, rápida e precisa, e com um amortecimento que, dando clara primazia a um comportamento mais dinâmico e divertido, raramente parece demasiado rijo. E isto, ainda que estejamos na presença da versão 100% eléctrica do Mokka, com um comportamento que é, assim, inevitavelmente prejudicado pelo seu peso superior, quase 1600 kg. Os pneus com perfil adequado ajudam, certamente, neste bom desempenho ao rolar.
Já o motor de 136 cavalos representa um bom exemplo daquilo que considero toda a potência eléctrica que precisamos para o nosso quotidiano. Isto porque proporciona um andamento bastante vivo e toda a performance de que podemos usufruir, sem com isso exigir uma bateria enorme e pesada que venha retirar toda a eficiência que procuramos. A bateria de 50 kWh do Mokka-e chega, segundo a Opel, para percorrer 318 quilómetros em ciclo misto ou até 448 quilómetros se conduzido exclusivamente em cidade. Não comprovei esta segunda afirmação, mas no meu ciclo combinado, considerando a média de 14,7 kWh/100 km, o Mokka só ficaria parado na berma, sem carga na bateria, ao fim de 340 quilómetros. No que diz respeito a eficiência energética na condução, nota positiva para este verdadeiramente verde Mokka.
Digital, mas, felizmente, analógico
O habitáculo é dominado pela digitalização do Pure Panel, mas mantém, felizmente, soluções analógicas para o controlo, por exemplo, da climatização. É verdade que a Opel passou por uma fase em que “se perdeu” um pouco na quantidade de botões no tablier, volante e consola, mas, pelo menos aqui, no Mokka, não se deixou levar pela moda dos comandos tácteis, quase sempre bastante menos práticos. Do ponto de vista do condutor, apenas gostaria de ter encontrado um volante de aspecto mais moderno e desportivo, em linha com a mais recente linguagem de design da marca e com o espírito jovem e irreverente do Mokka. Quem sabe, na altura da inevitável actualização de meia-idade do modelo, a equipa de design da Opel já tenha colocado este texto num tradutor e aceite, assim, a minha sugestão.
Preço pouco “verde”
São muitas as qualidades do Mokka-e e são, também, muitos os elementos que compõem a lista de equipamento deste AG39NM com o nível de equipamento topo de gama, Ultimate. Iluminação LED, jantes de 18 polegadas, estofos em Alcantara/pele sintética, o já mencionado painel de instrumentos digital, bancos e volante aquecidos e um extenso pacote de ajudas à condução são apenas alguns exemplos. Mas não há como fugir ao “doloroso” preço que este muito apelativo automóvel eléctrico custa. São cerca de 37.100 euros para a versão de acesso, um valor que já é muito elevado para a maior parte dos compradores e que se atira para os cerca de 43.780 euros da unidade em ensaio. Se não conseguires “chegar” ao Mokka-e, clica aqui e fica a saber o que achámos da versão a gasolina, bastante mais em conta na hora de comprar. Assim, mesmo que não possas electrificar o teu Mokka, por favor, não deixes de o colorir. Estou, cada vez mais, farto de automóveis anónimos.