KIA XCeed 1.6 GDi PHEV – Na medida certa
Para quem, como eu, prefere quase sempre conduzir em posição mais baixa, um SUV raramente cumprirá com esse requisito. Pode, sem dúvida alguma, proporcionar uma visibilidade mais abrangente daquilo que se passa à nossa frente, mas é, quase sempre, sinónimo de uma menor ligação à estrada e isso, admito, causa-me desconforto, retirando qualquer ligação com algo que gosto muito de fazer: conduzir. Porém, existem no mercado alguns modelos que sabem combinar essa postura mais elevada em relação ao asfalto com uma posição de condução assumidamente mais “por dentro da acção” e o XCeed é disso um bom exemplo.
Condução
Aprovo, assim, a combinação do dinamismo do design exterior – que não assume, de uma forma exagerada, a habitual inspiração aventureira – com as sensações transmitidas ao volante. Apesar de estarmos na presença da versão híbrida plug-in – que pesa qualquer coisa como 250 kg a mais do que a versão puramente a gasolina – o XCeed mantém a agilidade e o comportamento eficaz que encontrei em contactos prévios, escondendo bem o seu peso extra. Apenas os pneus Michelin Energy Saver de medida 205/60 R16 mostraram não estar à altura das capacidades do chassis do XCeed, cuja suspensão e direcção, sem terem um tacto desportivo, podem, inclusivamente, divertir. Visualmente, e já que mencionei os pneus, também as jantes mereciam ser de uma medida acima, preenchendo mais os grandes guarda-lamas. No entanto, em nome da eficiência, compreendo a escolha.
Habitáculo
Por dentro, o habitáculo do XCeed pode até não causar o mesmo impacto que as linhas da carroçaria, mas o desenho moderno combina-se com uma distribuição mais convencional dos comandos, o que para mim é um ponto positivo. Não lhe falta, obviamente, um ecrã digital táctil ao centro do tablier, bem como um painel de instrumentos digital, mas mantêm-se, felizmente, soluções como os comandos analógicos para a climatização e atalhos para o sistema de infotainment. Com esta recente e quase transversal tendência de adoptar uma abordagem minimalista para os habitáculos dos automóveis, só vejo com bons olhos soluções como esta da Kia, evitando complicar, ao tentar descomplicar. Não inventem, por favor.
Espaço e mala
Atrás, como é hábito, a qualidade dos plásticos é inferior à dos utilizados à frente, onde tudo é mais macio e agradável ao toque e à vista. Tomadas USB, para os passageiros de trás, não encontrei. Se lá estavam, não as vi. E claro, apesar do piso quase plano, o XCeed é melhor para transportar dois passageiros no banco de trás do que três, pois o espaço em largura não convida a isso. Quanto a espaço livre para os passageiros laterais, estes podem contar com uma boa folga para os joelhos, bem como para a cabeça, uma vez que a silhueta coupé não é assim tão invasiva ao espaço oferecido no habitáculo. O banco traseiro é, também, bem desenhado, suportando bem as pernas e até as janelas abrem quase na sua totalidade, algo cada vez mais raro de encontrar. Quanto à capacidade da mala, com 291 litros, perde 135 litros para a versão puramente a combustão. Também o depósito de combustível é mais pequeno nesta versão híbrida, com 37 litros de capacidade em vez dos habituais 50.
Motor
O capot esconde um motor 1,6 litros a gasolina com 105 cavalos e uma máquina eléctrica com 61, totalizando 141 cavalos. Em conjunto com a transmissão de dupla embraiagem de 6 velocidades, dão ao XCeed uma performance mais do que ajustada ao dia-a-dia, com 160 km/h de velocidade máxima e uma aceleração de 0 a 100 km/h feita em qualquer coisa como 11 segundos. Não é um híbrido para ganhar corridas, é um híbrido para poupar, sendo possível percorrer cerca de 50 quilómetros recorrendo apenas à energia contida na bateria de 8,9 kWh. Com 90% da sua capacidade, fiz 45 quilómetros sem andar a “pisar ovos” e ao fim de 300 quilómetros percorridos, sem voltar a carregar a bateria (erro!), o computador de bordo mostrava uma média de consumo de 4,2 lt/100 km.
Conclusão
“Na medida certa” porque sendo um SUV, ou CUV, não esquece as suas origens. Porque mesmo posicionando-se mais acima relativamente à estrada, não nos coloca no primeiro andar quando estamos ao volante. Porque oferece, dadas as suas dimensões adequadas a uma utilização na cidade, uma boa habitabilidade. Porque sabe ser dinâmico, sem se esquecer de ser confortável, e porque com 141 “cavalos híbridos” tem toda a potência de que precisamos, sendo, ao mesmo tempo, eficiente. Porque permite desfrutar das vantagens da mobilidade eléctrica, sem com isso limitar a sua utilização. Na verdade, só as jantes não são, esteticamente, na medida certa. Até o preço convence, com a Kia a propor o XCeed PHEV por um preço base de 31.550 euros, considerando a apelativa campanha promocional de 9.950 euros em vigor à data da publicação deste artigo. Bom automóvel, garantidamente.