Hyundai i30 – Será o formato fastback a próxima tendência? Provavelmente, sim.
Um ano depois, o Hyundai i30 Fastback está de regresso à Garagem. Numa altura que em começam a surgir os primeiros sinais – ainda ligeiros – de que o formato fastback pode ser a próxima tendência, ao nível das carroçarias, do mercado automóvel, pareceu-me a melhor desculpa para voltar a conduzir um modelo que aprecio e que é, infelizmente, pouco visto.
Modelos como o novo Polestar 2 e o novo Peugeot 408, automóveis que misturam o formato clássico de três volumes com o dinamismo de um coupé, são disso bons exemplos. A Peugeot vai mais longe e chega mesmo a afirmar, numa comunicação oficial, que o 408 aponta àqueles que “procuram uma silhueta mais original e inovadora do que um SUV compacto, que consideram demasiado comum ou demasiado orientado para a família”. Veremos se tal se confirma, mas o que é certo é que a Hyundai fez essa aposta há já alguns anos e não são assim muitos os Fastback que vejo quando me cruzo com um i30.
Bem conseguido, mas pouco visto
O que é uma pena, diga-se, porque mesmo não dispondo do “T0” oferecido pela carroçaria station wagon na bagageira, este i30 de visual mais desportivo supera o hatchback em volume de carga. São mais de 50 litros de diferença e debaixo do piso há inclusivamente mais espaço de arrumação e, imagine-se, um pneu suplente. Um “luxo” que valorizo. No banco de trás, apesar da silhueta coupé, não senti falta de mais espaço livre para a cabeça. Não servirá para todos os passageiros, mas até 1,80 metros de altura, não causará quaisquer problemas. Importa, também, destacar o desenho correcto do banco traseiro, proporcionando um bom suporte para as pernas. Atrás, saídas de ar e ligações USB não existem, mas, pelo menos, as janelas abrem na sua totalidade, compensando um pouco essas falhas. No geral, um familiar bastante utilizável, apesar da postura e visual mais dinâmicos.
Sem grandes modernices e ainda bem
À frente, gosto da combinação de elementos tecnológicos com uma boa dose de convencionalidade. O painel de instrumentos é parcialmente digital, o ecrã de infotainment tem uma dimensão adequada e as funções que se esperam, sem incluir, por exemplo, a climatização, que dispõe de uma consola dedicada com botões físicos. Sabe-me muito bem encontrar automóveis assim, modernos, mas sem cair num extremo minimalismo que nada tem de prático no dia-a-dia. Já os bancos da frente deste N-Line não escondem a sua inspiração desportiva, com apoios pronunciados que podem até ser algo exagerados para as viagens mais longas. O assistente de manutenção na faixa de rodagem é demasiado intrusivo e sem um botão a ele dedicado, somos obrigados a desligar o alerta ou a sua intervenção através do infotainment. De nada serve porque no início de cada viagem estará novamente activo para nos ajudar ou, na maior parte das vezes, dar-nos cabo da paciência.
Chega, mas pede mais
O motor 1.0 T-GDi chega para as encomendas e nunca faz do i30 Fastback um automóvel submotorizado, mas a verdade é que as boas capacidades do chassis convidam a um pouco mais do que 120 cavalos, potência que está lá, mas pela qual é preciso “puxar”, com o motor a mostrar-se pouco enérgico abaixo das 2000 rpm, apesar dos 172 Nm de binário estarem disponíveis logo às 1500 rpm. Com o ar condicionado ligado, mais se nota o seu pulmão de baixa cilindrada. No entanto, recordo, estamos na presença de uma versão N-Line e não de uma puramente N. Quando o ensaiei equipado com caixa automática, queixei-me do consumo elevado de 7,8 lt/100 km. Agora, com caixa manual de 6 velocidades, de óptimo manuseamento, diga-se, as notícias continuam a não ser muito animadoras, tendo conseguido uma média final de 7,5 lt/100 e com alguma dedicação da minha parte. Ao nível da eficiência, perante propostas equivalentes da concorrência, este pequeno três cilindros deixa um pouco a desejar.
Gasta um pouco mais do que devia, mas fora isso…
Esquecendo o consumo algo elevado e um ou outro detalhe mencionado, há muito para se gostar no Hyundai i30 Fastback 1.0 T-GDi N-Line. Gosto que tenham recorrido, no fundo, “ao mesmo” modelo para o fazer diferente. Gosto da estética desportiva de uma versão que é, essencialmente, pensada para todos os dias, com espaço e todo o equipamento de que precisamos. Gosto, também, do conforto de rolamento oferecido combinado com um desempenho dinâmico convincente, prescindindo de uma suspensão rija e mesmo assim convencendo no que ao comportamento diz respeito. Mas o que gostei mesmo foi de ter conduzido um automóvel com motor a gasolina, com três pedais e uma boa caixa manual e que não é um SUV. Um automóvel novo, à antiga. Como eu gosto.