Skoda Fabia First Edition – Grande evolução, com potencial para mais
Começo por dizer que o Skoda Fabia é apenas e só mais um bom produto da marca checa, símbolo que sempre se destacou pela sobriedade dos seus modelos, mas igualmente pela qualidade. O novo Fabia junta-se a essa lista, colocando-se ao lado de alguns dos nossos nomes preferidos do mercado automóvel, como o Enyaq e o Octavia. É verdade que a Skoda pode até não ter muita expressão comercial em Portugal, mas o nosso mercado não é representativo do desempenho global da marca checa. “Lá fora” vendem-se bastante mais automóveis Skoda e é muito fácil perceber porquê.
Habitabilidade melhorada
Porque, no geral, são incrivelmente competentes. Não são perfeitos, como mais à frente veremos, mas fazem tudo e fazem-no bem. E agora que o novo Fabia assenta sobre a plataforma MQB-A0, partilhada com Polo e Ibiza, passa a oferecer, igualmente, um dos habitáculos mais espaçosos do segmento B. Assim, e começando por isso mesmo, a habitabilidade, é importante destacar o incremento em espaço livre oferecido no banco de trás, colocando o Fabia, como disse, entre os melhores do segmento. Um quase “segmento C” graças aos 94 milímetros adicionais na distância entre eixos.
Os passageiros do banco traseiro não dispõem, neste First Edition, de vidros eléctricos (abrem, porém, na totalidade), mas podem contar com saídas de ar dedicadas, bem como muito úteis bolsas duplas nas costas dos bancos dianteiros. A bagageira também sai beneficiada pelas maiores dimensões exteriores, crescendo de 330 para 380 litros. Lá atrás, nesta unidade, faltava-lhe o fundo amovível. Por baixo do piso, um pneu suplente. Obrigado, Skoda.
O ponto menos bom
Nos lugares da frente, começo por referir o ponto menos bom desta nova geração Fabia: não encontrei um plástico agradável ao toque. Sim, reconheço, uma vez mais, que não andamos no nosso dia-a-dia a bater com as unhas no plástico a testar a sua dureza, mas tratando-se de um Skoda, e ainda para mais quando a SEAT resolveu, finalmente, essa lacuna na mais recente actualização do Ibiza, estranho esta aplicação transversal de materiais rijos no tablier e portas do primo checo.
Muito provavelmente fruto da actual crise de componentes electrónicos, este Fabia, embora conte com um painel de instrumentos digital, dispõe de comandos mecânicos, rotativos, para controlo da climatização, o que, para mim, é um ponto positivo. O travão de estacionamento é, também, à mão, à antiga, o que não me causou, de forma alguma, qualquer tipo de transtorno. Já a câmara traseira de apoio ao estacionamento não está presente. Comum a todos os passageiros do habitáculo, e algo de que todos podem desfrutar, é o grande tecto panorâmico fixo em vidro.
Condução: fácil!
Ao volante, e como é hábito nos produtos do grupo Volkswagen, é imediata a sensação de conforto em frente ao volante, com a posição de condução ideal a ser algo muito fácil de encontrar e que em muito contribuiu para a facilidade de condução do Fabia, com comandos correctamente calibrados. Pedais, direcção e caixa manual de velocidades combinam-se para oferecer uma experiência confortável e descontraída. O motor 1.0 TSI, na sua versão de 110 cavalos, volta a merecer o nosso reconhecimento pela suavidade de funcionamento, disponibilidade mostrada e consumos registados, média combinada que no final do ensaio se ficou pelos 6,3 lt/100 km.
Ao nível do desempenho dinâmico, senti, ao volante deste Fabia, alguma margem de evolução. Ágil e seguro, sim, mas sem o dinamismo do Ibiza e o pisar mais complacente do Polo, achei que este Fabia em particular “sofreu” um pouco com as jantes de 17 polegadas e pneus Nexen de baixo perfil, 215/45. Um pouco mais de parede lateral iria ajudar a absorver as imensas irregularidades encontradas em ambiente citadino, sem com isso prejudicar o seu positivo comportamento dinâmico.
Melhor, sem dúvida
A evolução é notória. O Fabia oferece mais e melhor e vem juntar-se a uma das gamas que mais apreciamos no mercado automóvel. Apesar de maior e mais espaçoso, mantém intactas as suas capacidades citadinas. O motor 1.0 TSI é o mais interessante da gama, com o equilíbrio certo de potência/eficiência, mas aposto que a versão de 95 cavalos deste motor de três cilindros, com caixa manual de 5 velocidades, também não desilude. Espero, em breve, poder voltar a conduzi-lo numa versão com “mais pneu” e assim confirmar de que forma essa solução beneficiaria o conforto em cidade que nem sempre me pareceu o adequado.
No geral, mais um grande produto da Skoda, marca que, a meu ver, só falhou ao perder uma excelente oportunidade de apostar numa escolha de materiais um pouco melhores, elevando a imagem de marca no segmento dos utilitários ao nível seguinte, não ao patamar premium, mas a um com uma maior nobreza e qualidade, como as inerentes a produtos como os brilhantes Octavia e Enyaq.