Renault Arkana TCe 160 EDC – Mais potência pelo mesmo preço (quase…)
É fácil fazer planos e tomar decisões com o dinheiro dos outros e é, igualmente, quase sempre errado assumir que mais potência é sempre melhor. Mas no caso do Arkana, o SUV coupé da Renault que regressou à Garagem para dar a conhecer a sua nova motorização mild hybrid mais potente, parecem-me contas muito fáceis de fazer. Consultando o site da Renault, constatamos que são apenas 400 os euros que separam este novo motor de 160 cavalos do que previamente testámos, com 140 cavalos. E se também é verdade que o Arkana que conduzimos anteriormente se “mexia” muito bem, ao volante desta versão mais potente do motor 1,3 litros, a gasolina, é notório o pulmão adicional.
Grande “um ponto três”
São inúmeros os modelos da Renault e Dacia (e não só…) que recorrem aos préstimos deste propulsor de quatro cilindros e não tenho memória de um ensaio em que não tenha ficado agradado com o seu funcionamento. Refinado, disponível e possante, tenho muito boas impressões deste “mil e trezentos”. Nesta sua configuração mais potente, é capaz de acelerar o Arkana de 0 a 100 km/h em 9,1 segundos, precisando de menos 0,8 segundos do que a versão de 140 cavalos. Apesar deste maior “pulmão”, e ainda que pela margem mínima, a verdade é que terminei este ensaio com uma média inferior ao do anterior: 7,4 lt/100 km.
Acredito, no entanto, que seja possível fazer melhor, pois admito que, em determinados momentos, não me contive a puxar pelo motor TCe 160. Também a caixa EDC é uma boa aliada e pode ser atuada através das patilhas no volante para uma maior intervenção numa condução mais empenhada. A ritmos tranquilos, quando retiramos o pé do pedal do acelerador, o Arkana impressiona pela suavidade e facilidade com que rola quando o motor a gasolina e a transmissão saem de cena, demonstrando uma elevada capacidade de manter a velocidade em modo “coasting”, um argumento que traz benefícios quer ao conforto de utilização, quer ao nível da eficiência.
Suspensão pode melhorar
Quanto ao conforto de rolamento propriamente dito e passando, assim, à avaliação da suspensão, voltei a ficar com a sensação de que a Renault pode melhorar o amortecimento do Arkana. Nunca parece tão confortável quanto poderia ser, não lidando bem com as depressões mais repentinas, e embora mais dinâmico do que um Captur, também acaba por ficar um pouco aquém nessa avaliação, nem sempre conseguindo conter os movimentos da carroçaria. Vá lá, Renault, é habitual serem exímios nessa combinação. Tratem disso, pois o Arkana parece-me um pouco perdido na terra de ninguém neste aspecto.
A posição de condução é tipicamente SUV, mais “lá por cima”, transmitindo confiança pela visibilidade que proporciona, mas desligando-nos um pouco da acção. Felizmente, tudo isso é compensado pelos óptimos bancos deste R.S. Line e por todo um habitáculo de inspiração desportiva, com elementos a imitar fibra de carbono e inúmeros detalhes vermelhos. O habitáculo é, na minha opinião, um dos pontos altos do Arkana, não só pela sua apresentação, mas igualmente pela sensação de qualidade transmitida. Quanto a equipamento, a unidade que conduzi estava bem recheada: estacionamento pilotado, bancos e volante aquecidos, carregamento sem fios de smartphones e, por exemplo, alerta de ângulo morto, entre outros assistentes de condução.
Surpreendente é o facto do formato coupé do Arkana não prejudicar a habitabilidade traseira. Os passageiros de trás contam, assim, com espaço adequado para pernas e cabeça, bem como com uma boa acessibilidade graças às grandes portas. O lugar central nem é muito desconfortável, mas em largura não há espaço suficiente para três pessoas. Por ali não faltam igualmente as saídas de ar dedicadas, bem como tomadas de carregamento USB e de 12 V. Mais atrás, a bagageira é muito generosa, com um volume de 513 litros, destacando-se, também, pela versatilidade proporcionada pelo fundo amovível, capaz de criar um plano de carga contínuo ao rebater os encostos do banco traseiro.
Ajustes seriam bem-vindos
Para quem é fã do conceito SUV coupé, o Arkana consegue conciliar – com bastante sucesso, diga-se – uma estética mais desportiva com os argumentos mais procurados pelas famílias, como uma boa habitabilidade, versatilidade e equipamento. Os agora 160 cavalos da excelente unidade 1,3 litros contribuem para uma experiência com um andamento ainda mais vivo, em linha com a inspiração desportiva desta versão R.S. Line, sem com isso prejudicar os consumos graças à presença da tecnologia mild hybrid. Há, no entanto, trabalho a fazer ao nível do chassis. Ou assumir o conforto como prioridade ou, por oposição, optar por um pisar mais decidido, mais desportivo. Era o que eu faria, se pudesse. E a comprar, por “apenas” 400 euros de diferença, eu comprava o Arkana com este TCe mais potente. Fácil.