Skoda Kamiq 1.0 TSI DSG: colocámos à prova o SUV mais pequeno da marca checa
SUV-B. Num mundo de siglas, esta é, muito provavelmente, uma daquelas a que os fabricantes mais atenção devem dedicar e na qual mais devem apostar para concretizar as suas ambições comerciais. São cada vez menos os condutores que lhes resistem, seja por uma questão de praticidade nem sempre justificável, pela posição de condução mais alta ou, quase sempre, porque aprovam o visual mais extrovertido e encorpado das suas carroçarias.
A Skoda, como não podia deixar de ser, não é excepção, apostando em três diferentes modelos SUV para se impor no mercado português, onde, na verdade, tem uma vida injustamente difícil, como temos vindo a provar pela qualidade dos vários seus produtos que recentemente passaram pela Garagem e com os quais não nos cruzamos tantas vezes assim nas nossas estradas. O mais recente modelo a visitar-nos foi assim o seu SUV mais pequeno, apontado ao segmento B, o Kamiq, uma estreia para mim e o modelo que tem como rivais internos no Grupo Volkswagen o SEAT Arona e, por exemplo, o T-Cross da marca Mãe.
A nível estético, o Kamiq aposta, como os seus irmãos SUV, em soluções “fora da caixa” como a iluminação dianteira separada, o que lhe dá uma certa irreverência à frente que poderá não agradar aos clientes que procuram algo mais consensual. Mas mal não resulta, garanto-vos. Na unidade ensaiada, destacavam-se, pela positiva, as jantes opcionais de 17 polegadas, e do lado menos bom, uma cor pouco simpática e que nada faz pela personalidade aventureira de um SUV urbano. Precisamos de cor no parque automóvel e não da sua ausência.
O TSI de sempre
Coloquei-o à prova equipado com o motor 1.0 TSI de 110 cavalos, a versão mais potente do motor mais pequeno proposto na gama, existindo uma versão de acesso com 95 cavalos e caixa manual de 5 velocidades. Este Kamiq “mil” mais potente está sempre associado a uma transmissão manual de 6 relações ou à automática DSG de 7, versão topo de gama que nos calhou para este teste. Acima, a Skoda propõe o 1.5 TSI de 150 cavalos, com caixa manual ou, em opção, com a DSG.
Não foram precisos muitos quilómetros para identificar os já conhecidos argumentos deste pequeno “coração” de três cilindros. Enérgico, refinado e, mesmo não dispondo de tecnologia mild hybrid, poupado. Sim, já consegui médias de consumo inferiores com este motor, mas os 6,9 lt/100 km não me chocam, considerando que estamos na presença de um SUV com caixa automática, utilizado maioritariamente em cidade, o que nem sempre ajuda à eficiência.
Condução: fácil
Motor e caixa combinam-se com os restantes comandos, como a direcção e pedais, para oferecer uma experiência de condução incrivelmente fácil e confortável. Essa é, aliás, uma sensação imediata, com o Kamiq a rapidamente mostrar que foi pensado para proporcionar uma utilização suave e descontraída para ajudar a ultrapassar as correrias do dia-a-dia com uma superior paz de espírito. Lombas, hipermercados, viagens de e para a escola, o Kamiq está mais do que apto a tudo isso.
Ágil e seguro, o Kamiq pode até não ter o apuro dinâmico do Arona e do Ford Puma, mas está longe de comprometer nesse aspecto, com reacções muito lineares e controladas se provocado. Mas ao melhor estilo Skoda, o Kamiq aposta numa suspensão que proporciona o melhor de dois mundos, um comportamento eficaz, mas, acima de tudo, um bom conforto de rolamento que tão bem encaixa com as restantes sensações a bordo.
Por dentro é maior do que parece
Começando pelos lugares da frente, o Kamiq marca pontos pela qualidade dos materiais aplicados, superior, por exemplo, à dos utilizados pela mais recente geração Fabia. Já a consola da climatização, embora permita aceder a algumas funções, deixa a regulação da velocidade da ventilação para o infotainment e não consigo perceber porquê, pois nada traz de benéfico. Curiosa é também a presença de um travão de estacionamento convencional, algo que até gosto, mas que deixa pouco acessíveis alguns dos botões presentes na consola logo abaixo.
Os bancos são, para além de bonitos, muito confortáveis, proporcionando até suporte a mais do que o esperado e necessário. Sendo integrais e de grandes dimensões, quem sofre mais são os passageiros de trás, sobrando menos campo de visão livre nas longas viagens. Felizmente, na unidade ensaiada, esse problema é compensado pelo enorme tecto panorâmico (930 €). Atrás está aquele que é, talvez, o maior dos vários argumentos do Kamiq, o espaço disponível para passageiros, quer em comprimento, quer em altura.
O túnel central é elevado e assim, como é óbvio, essa boa habitabilidade está apenas disponível para os lugares laterais. Porém, isso é algo comum no segmento, com o Kamiq a destacar-se, e muito, pelos centímetros livres que proporcionam uma experiência de viagem desafogada, principalmente quando consideradas as suas compactas dimensões. As janelas traseiras abrem totalmente, dispõe de tomadas de carregamento USB, bem como de saídas de ar dedicadas. Uma proposta que pensa em todos a bordo. Na bagageira falta-lhe apenas o fundo amovível, algo que muito valorizo. A capacidade de carga é de 400 litros, um valor ajustado ao segmento.
Preço
Disponível a partir de cerca de 23 mil euros, o Kamiq é “só” mais um bom produto da Skoda e “só” mais um dos seus modelos nem sempre ponderados pelo cliente português aquando da compra de um novo automóvel. Robusto, com bons materiais, equipado com um motor com provas dadas e com uma habitabilidade referencial, o Kamiq é uma das propostas mais apelativas do segmento identificado pela tal sigla com que iniciei este artigo, outra boa aposta de uma das marcas mais interessantes e com melhor valor da actualidade. Para o teres exactamente igual à unidade que conduzi, terás de pagar cerca de 31.300 euros.