Cupra Formentor 1.5 TSI DSG – Motorização de entrada, mas com muita saída
Depois de o ter conduzido nas suas versões desportivas VZ, com motor 2.0 TSI, puramente a gasolina, com 310 cavalos e com motorização e-Hybrid de 245 cavalos, regressei ao belíssimo Cupra Formentor para testar a sua versão menos potente, equipada com o versátil motor 1.5 TSI de 150 cavalos. O Rafael já o tinha conduzido e ficou, na altura, muito impressionado com o seu desempenho geral. E logo após os primeiros quilómetros, mesmo estando ao volante de um dos Formentor com o nível de potência mais baixo da gama, fiquei, tal como ele, igualmente convencido.
O motor 1.5 TSI está longe de ser um estranho para mim, tendo já tido oportunidade de o experimentar em diversos modelos do grupo e tendo ficado, também, sempre agradado com a sua disponibilidade, potência e relativamente contido consumo. Porém, conhecendo, de antemão, as elevadas capacidades dinâmicas do Formentor, abordei este ensaio preparado para concluir que os 150 cavalos seriam, não digo “poucos”, mas insuficientes para explorar e me divertir com o competente chassis abaixo. Sim, os limites dinâmicos do CUV da Cupra estão muito acima daquilo que é possível explorar com esta versão – versão VZ5 disponível com 390 cavalos e tracção às quatro rodas clarifica quaisquer dúvidas do potencial desta base – mas diverti-me com 150 cavalos e não foi pouco.
Sem DCC
Este foi o primeiro Cupra Formentor sem amortecimento variável que conduzi e embora a amplitude de capacidades de uma suspensão convencional seja bastante mais limitada, a relação conforto/dinâmica está muito bem conseguida, notando-se que o Formentor “pisa” com robustez, com uma postura decidida, mas cuja firmeza nunca é suficiente para tornar a experiência desconfortável. Nem mesmo as bonitas jantes de 19 polegadas com pneus 245/40 prejudicam o bom nível de conforto de rolamento que se exige de um modelo como este, assumidamente desportivo, mas, também, assumidamente familiar, cujo design verdadeiramente emocional, esconde, também, um produto com uma elevada dose de racionalidade.
Voltem atrás, por favor
A carroçaria SUV ao estilo coupé não lhe retira as boas aptidões familiares que se exigem neste segmento. O espaço no banco traseiro e na bagageira são maiores do que o exterior deixa transparecer, com boa distância livre para pernas e cabeça dos passageiros dos lugares laterais e com 450 litros de volume útil para bagagens. À frente são destaque os excelentes bancos, bem como os bons materiais aplicados no tablier. Não aprovo, claro, o facto de o sistema de infotainment acumular demasiadas funções, como quase todas aquelas associadas à climatização. Não me vou repetir com detalhes sobre aquilo que penso ser a solução ideal, mas não podia deixar de o mencionar novamente, na esperança de que os responsáveis tomem a decisão de voltar a usar controlos mais intuitivos e, acima de tudo, que não provoquem uma excessiva distração como estes quase totalmente digitais.
Posição de condução convence
A posição de condução é muito boa, e para quem, como eu, a aprecia o mais baixa possível, o Formentor quase nos faz esquecer que estamos ao volante de um SUV. O painel de instrumentos é totalmente digital, personalizável, e com informação muito completa. Porém, assim que a luz indicadora do modo Eco do motor se acende, sobrepõe-se à luz indicadora do farol de nevoeiro traseiro, o que é, no mínimo, estranho. Ao nível do software, também gostava que, ao sair do menu para desligar o assistente de faixa de rodagem, o painel de instrumentos retomasse a configuração anterior, sem ter de percorrer todos os modos disponíveis até chegar ao que tinha previamente escolhido. Esta questão parece-me fácil de resolver.
Muito eficaz e divertido
No capítulo dinâmico, o Formentor é, como acima referi, bem como noutras ocasiões, uma referência. A direcção é muito directa, exigindo, até, alguma habituação. No entanto, é assim possível apontar o muito rápido eixo dianteiro com pouco ângulo de volante, o que traz dinamismo à experiência sem que para isso tenhamos de ir muito depressa. A borracha Goodyear Eagle F1 está, também, à altura dessas maiores exigências, contribuindo com muita aderência lateral que, nas curvas mais fechadas, se faz notar, por exemplo, por uma roda traseira interior à curva que gosta de perder o contacto com o piso. Já o eixo traseiro do Formentor, se provocado, gosta de se mostrar, não sendo difícil provocar ligeiras escorregadelas ou jogar com essa agilidade e liberdade de movimentos para interagir um pouco mais com o chassis.
150 é um número mais do que suficiente
O motor 1.5 TSI surpreende, uma vez mais, por uma competência geral acima da média. De funcionamento refinado e com um desempenho que, mesmo ficando muito aquém do das versões VZ, não destoa da imagem emocional e de performance da Cupra, ao mesmo tempo que “encaixa” perfeitamente numa utilização mais tranquila no quotidiano. Para isso contribui, também, a caixa DSG de 7 velocidades, bem como um consumo médio combinado de 7,5 lt/100 km. Na gama Formentor, esta pode até ser a motorização de entrada, mas a saída é bastante convincente ao pressionarmos o acelerador. Chega bem para nos divertirmos, sem chocar na hora de abastecer.
Um bom produto
O Formentor é um dos melhores produtos da extensa oferta do Grupo Volkswagen. E só não é melhor por sofrer com uma das mais injustificadas modas do momento no mundo automóvel, os controlos tácteis que promovem um design minimalista, mas cuja facilidade de utilização é, também, reduzida. A imagem convence – foram muitos os curiosos e elogios feitos ao Formentor – a dinâmica entusiasma e o habitáculo surpreende pelo espaço que oferece, combinando, de uma forma muito interessante, uma abordagem emocional com uma utilização racional, a de um automóvel com espírito de desportivo que pode ser usado em família, todos os dias.