2023 Ford GT Mk IV: Querido Pai Natal…!
Olá Pai Natal, como está tudo aí pelo Polo Norte? Muito trabalho em mãos, imagino, com todas essas prendas para os meninos e meninas, em especial os bonzinhos como eu. Só para lembrar que neste último ano ajudei o Isaac e o Rafa a manter a sua Garagem com uns quantos conteúdos de motorsport – quase à cadência de um tema por semana – pelo que acho que o que tenho para te pedir não é assim tão estapafúrdio: apenas e só um 2023 Ford GT Mk IV. O embrulho não é para já, mas a encomenda sim, pelo que te peço que dês andamento à coisa, pois só serão produzidos 67, a entregar na próxima Primavera! Um abraço de Boas Festas deste teu amigo.
Chama-se 2023 Ford GT Mk IV e é a derradeira, mais radical e mais sublime versão de sempre do semelhante modelo de competição que, em 1967 – curiosamente é o ano em que eu nasci e tudo – venceu as 24 Horas de Le Mans. Surge hoje como hiperdesportivo e apenas e só em versão para circuitos, fruto dos seus elevadíssimos níveis de performance, maneabilidade e avanços tecnológicos, fruto das suas ímpares características mecânicas, de aerodinâmica e de chassis, num pacote upa-upa a cargo da Ford Performance e da Multimatic.
Para proporcionar essa performance quase sem restrições, excedendo os níveis de qualquer outro Ford GT produzido até à data, este Mk IV de 2023 contará com um inédito motor EcoBoost de duplo-turbo com gestão específica para gerar 800 equídeos, transmissão de competição, uma suspensão Adaptive Spool Valve (ASV) da Multimatic, integrando um chassis com maior distância entre eixos, para uma referencial maneabilildade em pista, conjunto coberto por uma carroçaria exterior em carbono do tipo long tail, focada na aerodinâmica.
“Se o GT Mk IV original nada deixou para trás para alcançar um desempenho máximo em pista, o mesmo acontece com o novo Ford GT Mk IV, que faz jus ao mesmo conceito”, disse Mark Rushbrook, Diretor Global da Ford Performance Motorsports. “Com um patamar ainda mais elevado em termos de engenharia e performance de competição, complementar a uma carroçaria em fibra de carbono completamente nova, funcional e impressionante, o Mk IV apresenta-se como o expoente máximo desta terceira geração deste supercarro.”
Fazendo ponte com o ano de 1967 em que venceu uma das mais míticas das provas de resistência do planeta, serão apenas 67 as unidades que a Multimatic vai produzir à mão do novo Ford GT Mk IV, nas suas instalações de Markham, no estado canadiano de Ontário. Para os (tentar) adquirir – Pai Natal, muita atenção aqui a esta parte!!! – há que preencher o processo de candidatura em https://www.ford.com/performance/gt/mk-iv/, viatura que tem um preço indicativo (antes de impostos) de 1,7 milhões de dólares.
À esperada adesão de centenas de potenciais compradores, a Ford fará a sua habitual selecção de clientes, confirmando os felizes contemplados durante o primeiro trimestre de 2023, estando as primeiras entregas agendadas para o final da primavera.
Um pouco de história: O Ford GT Mk IV de 1967
Construído com base no icónico Ford GT MK II, o tal que conseguiu a tripla “1-2-3” em Le Mans 1966, a equipa de desenvolvimento da Ford não se poupou a esforços, redesenhando a viatura com as então tecnologias e soluções de engenharia de última geração, levando à criação do Ford GT Mk IV de 1967. Afinal, havia que dar uma resposta condigna à Ferrari, italianos que haviam acabado de humilhar os rivais norte-americanos em sua casa, com uma também tripla nas 24 Horas de Daytona desse ano, com dois 330 (um P3/4 e um P4) e um 412 P a baterem os já impotentes GT Mk II: dos seis carros oficiais, só um terminaria a prova, numa insípida 7ª posição.
Apostada nesse objectivo último e tirando todo o partido das vantagens ao nível da ciência e dos materiais da altura, os engenheiros da Ford e da Kar Kraft desenvolveram um novo chassis mais leve, em favo de mel e alumínio, e mais comprido em cerca de 23 centímetros (9 polegadas, para ser mais preciso), que permitiu a montagem de uma carroçaria mais aerodinâmica. Quanto à mecânica desse “J-Car” – essa criação nasceu sob as novas regras do chamado “Apêndice J”, da FIA, implementado na altura – optou-se pelo famoso motor Ford V8 7.0 “427” e um veio transversal especial, com um sistema de arrefecimento próprio, que fornecia energia às rodas traseiras.
A Ford voltava a bater a Ferrari em Le Mans, vingando-se da tal humilhação em Daytona, ainda que não de um modo tão expressivo. De qualquer modo, um dos dois novos GT Mk IV inscrito pela Ford/Shelby-American Inc. garantia a vitória, com Dan Gurney / A. J. Foyt, e o outro terminava no 4º lugar, com Bruce McLaren / Mark Donohue ao volante. No meio ficaram dois Ferrari 330 P4, o oficial da equipa SpA Ferrari SEFAC, de Ludovico Scarfiotti / Mike Parkes (a 4 voltas do vencedor) e o semi-oficial da Equipe Nationale Belge, de Willy Mairesse / “Beurlys” (a 9 voltas).
A corrida teve dois outros GT40 Mk IV oficiais, inscritos pela Holman & Moody, com Mario Andretti / Lucien Bianchi e Denny Hulme / Lloyd Ruby, mas ambos ficaram pelo caminho, um à 8ª hora, quando Ruby enterrou, pela segunda vez, o seu exemplar na escapatória de Mulsanne, e três horas depois, quando Andretti teve um despiste feio à entrada dos Esses, quando os travões falharam, acidente em que terá partido três costelas. Quanto a este novo Ford GT Mk IV “Limited Edition”, o mais certo é não o veremos nas nossas pistas, pois o exclusivismo e o coleccionismo pagam-se a valores cada vez mais estratosféricos. Por isso, OK Pai Natal, posso esperar por uma bem mais acessível miniatura. Afinal, não faltará muito para que as mais conceituadas marcas o tenham nos seus catálogos. Vá… venha lá o dito nas prendinhas do Natal 2023!
Fotos: Oficiais / Ford