Volkswagen Multivan PHEV – Quais SUV, quais quê…
Gostaria de ter a oportunidade de fazer um levantamento de informação junto do consumidor português. Um daqueles questionários que normalmente significa sermos contactados por uma simpática voz que, injustamente, nem sempre é recebida com equivalente simpatia do nosso lado. O momento pode não ser oportuno, mas as conclusões que desses estudos resultam são, muitas vezes, interessantes. Neste caso, gostaria de fazer um conjunto de perguntas a condutores ou compradores de automóveis, questões sobre os motivos que os levaram a mudar de automóvel e o porquê de terem optado pelo modelo que conduzem actualmente.
Sem poder precisar, aposto, com grande confiança, que uma grande parte dessas pessoas conduz no seu dia-a-dia um SUV. E desses, aposto também que uns 50% o fazem porque gostam do estilo, da moda, da tendência, de parecerem mais aventureiros do que na verdade são, bem como que a outra metade optou por este tipo de carroçaria porque precisava de mais espaço, porque a família de dois é agora de três ou porque os três decidiram levar um grande cão lá para casa. Um Jack Russell ou assim. Isto é, muitas vezes, um erro. A encorpada carroçaria de um SUV não é obrigatoriamente sinónimo de mais espaço do que aquele oferecido pelo hatchback no qual se baseia e a bagageira, ainda que possa ter mais 50 litros de volume útil, tem também um plano de carga mais alto e, assim, é mais difícil ali colocar objectos pesados.
Imbatível modularidade
Como começa a ser um hábito meu, precisei de dois longos parágrafos iniciais para introduzir o modelo aqui em ensaio, o absolutamente genial Volkswagen Multivan. Um automóvel que, tal como um SUV já o foi há 15 anos, é diferenciador relativamente ao restante parque automóvel. Só que este é efectivamente melhor se o objectivo é transportar mais pessoas e objectos ou, por que não, partir à aventura. São sete verdadeiros lugares, dois à frente e cinco lá mais atrás, zona em que a modularidade do interior é outro grande destaque, sendo possível deslizar os bancos traseiros nas calhas do piso para a configuração de lugares que nos for mais conveniente. É até possível retirar, simplesmente, os bancos fora, deixá-los em casa e aproveitar o espaço livre para transportar o que quisermos. Ou colocar um saco-cama e dormir sob o tejadilho panorâmico.
Para além do espaço e versatilidade, o Multivan proporciona uma vivência a bordo de que poucos veículos actuais se podem gabar de oferecer. As janelas traseiras não abrem, mas são enormes, ideais para os grandes passeios em família. Há imensos espaços para arrumação, tomadas de carregamento para tudo e todos, saídas de ar e luzes de leitura, bem como apoios de braço rebatíveis que quase transformam os bancos individuais em autênticas poltronas. E se as sensações a bordo são óptimas, a acessibilidade não fica atrás. As portas traseiras deslizantes têm abertura eléctrica e, já no interior, saltar de um banco para outro é uma verdadeira brincadeira de crianças. E mesmo com todos os bancos a bordo, ainda sobra algum espaço para duas ou três malas de viagem lá mais atrás.
Apesar de no habitáculo a qualidade geral ser bastante boa, ainda encontrei dois pontos em que os acabamentos merecem alguma atenção: na união do painel superior do tablier à secção inferior e nos pilares de tejadilho da terceira fila. Uma vez mais, ainda no interior, permitam-me “bater na mesma tecla”: o Multivan tem, como quase todos os modelos do grupo, poucas teclas onde bater, apostando num exagerado número de comandos tácteis. Organizado, mas pouco seguro, insisto.
Conduz-se como os outros
Ao volante, o maior elogio que posso fazer ao Multivan é que mesmo não sendo um automóvel convencional, um mais comum hatchback ou crossover, deixa-se conduzir com idêntica facilidade. A visibilidade é óptima e a potência e binário disponibilizados pelo motor híbrido plug-in estão à altura das exigências. Percorri, inclusivamente, muitos quilómetros com a lotação esgotada e nunca senti que os 218 cavalos e 350 Nm que resultam da combinação do motor 1.4 a gasolina com o motor eléctrico fossem insuficientes. E já que falei de electrificação, é importante mencionar a suavidade com que o motor de combustão entra e sai de cena, bem como que consegui percorrer praticamente 40 quilómetros em modo puramente eléctrico, menos dez, no entanto, do que a autonomia declarada pela Volkswagen. Já em modo híbrido, fechei este ensaio com uma média final de 7,2 l/100 km.
Um dos melhores de 2022
Considero-me um tipo simpático, mas não gosto de falar ao telefone (gosto, mas só com algumas pessoas). Ainda assim, estou disponível para fazer uns quantos questionários para tentar provar o que acima referi, que os SUV são escolhidos pelo seu estilo ou, por vezes erradamente, por oferecerem mais espaço do que o automóvel que vão substituir. Com este novo Multivan, porém, não há como falhar. Custa, nesta configuração e com motor híbrido plug-in, qualquer coisa como 57.900 euros. Mas tem potência, eficiência, estilo, versatilidade e equipamento. É um excelente veículo de família, principalmente para aquelas bem numerosas, quer para o dia-a-dia, quer para as férias. E sendo tão modular, também pode ser um excelente aliado para algumas actividades profissionais. Uma proposta verdadeiramente singular e um dos melhores e mais completos automóveis que conduzi em 2022. Terminei o ensaio impressionado, mas esqueçam os questionários. Acreditem no que escrevi.