Dacia Sandero Stepway TCe 110 – O sucessor do bem-sucedido
Faço da escrita o meu trabalho, mas sou um tipo dos números. E como gosto de números, é por aí que começo a análise deste Dacia Sandero Stepway, o segundo automóvel mais vendido na Europa em 2022, posição que também conquistou no mercado nacional. No total, foram mais de 200 mil unidades comercializadas no continente europeu, um desempenho comercial que em Portugal foi igualmente surpreendente, líder entre os clientes particulares com 5054 unidades entregues a condutores portugueses.
Os automóveis da Dacia têm demonstrado uma evolução notável, seja ao nível do design, das motorizações, da experiência de condução ou do equipamento proposto. Esta constante modernização estética e tecnológica, bem como um excelente trabalho de marketing, de imagem de marca e de posicionamento de produto talvez expliquem o facto do Sandero e companhia serem o sucesso que são, especialmente em Portugal, mercado onde esta versão Stepway é a mais procurada, representando cerca de 70% das vendas do modelo.
Na mais recente actualização, o Sandero e restantes modelos receberam a nova identidade da marca, agora bem mais assumida e expressiva, com o grande “DC” a destacar-se na frente. Arrisco-me até a dizer que esta versão Stepway, de espírito mais aventureiro, é aquela em que a nova imagem de marca melhor assenta. Gostos não se discutem, mas visualmente o Sandero Stepway tem tudo no sítio. Apela por ser um utilitário com design moderno e com os complementos estéticos da moda, bem como por estar bem equipado e ser globalmente competente, não apenas por ter um preço competitivo face à concorrência.
Pequeno no tamanho, grande nas capacidades
O motor TCe de 110 cavalos e 200 Nm transforma este Sandero numa verdadeira “bomba”, ainda que seja uma “bomba” com motor de três cilindros com apenas 1.0 litro de cilindrada. Sei que não é este o seu propósito, mas o andamento demonstrado – 10 segundos de 0 a 100 km/h – é mais “RS Line” do que “Stepway”. Puxa-nos com vigor desde os regimes baixos e gosta de fazer rotação. Até o barulho que faz é divertido, para quem, como eu, liga a essas coisas. Passando ao mais importante, os consumos, fechei o ensaio com uma média final de 7,3 l/100 km, um valor que tenderá a baixar se passarem menos tempo em cidade do que passei neste teste.
Ao nível da condução, continuo a achar que a direcção é o aspecto que menos evoluiu ao longo dos anos na Dacia. Mas isso pouco importa, pois em nada limita a facilidade com que o Sandero se deixa levar. Comandos leves e suficientemente precisos – pedais e caixa manual de 6 velocidades – para uma utilização serena e descomplicada no dia-a-dia complementam uma suspensão pensada, e bem, para o conforto. Se o piso estiver verdadeiramente mau, as irregularidades poderão exceder, claro, as suas capacidades de absorção, mas o conforto a bordo é mais do que adequado. De “desportivo”, o comportamento nada tem. O Sandero curva com segurança e tem um motor, como disse, espevitado. A desportividade fica-se por aí.
Recheado até ao tecto (agora também de abrir)
Por dentro, como é hábito no segmento, o Sandero é mais um modelo com cinco lugares para receber quatro pessoas. O espaço no banco traseiro não abunda, mas também não compromete, sendo mais do que suficiente para que quatro adultos não nórdicos viajem bem instalados. Já a bagageira convence, seja pelo volume, seja pela presença de elementos como um fundo amovível e – estão sentados? – um pneu suplente. Já os bancos da frente, embora, obviamente, mais cómodos do que o de trás, não me pareceram os melhores para as longas viagens. Falta-lhes um pouco mais de enchimento para melhor se moldarem ao nosso corpo.
É claro que, tratando-se da recheada versão Stepway Expression, com, por exemplo, tecto de abrir eléctrico e ar condicionado automático, entre outros elementos, não se pode esperar que nos dias que correm possas levar para casa um Sandero como este por cerca de 15.000 €. A lista de equipamento é extensa e os Packs Safety e Hands-Free, bem como o sistema multimédia Media Nav 8″ elevam o preço base de 18.000 € para um valor final ainda muito apetecível de 21.800 €. No entanto, ficas a saber que o Sandero Stepway está disponível a partir de 15.250 € na versão Stepway Essential com motor de 90 cv. Menos “bomba”, é certo, mas chega e sobra, aposto. E aposto, também, que o Sandero será tão bem-sucedido em 2023 como o foi em 2022.