Mazda CX-5 2.0 e-Skyactiv G – Em equipa que ganha não se mexe. Sim ou não?
Estive na apresentação da atual geração do CX-5 e tenho tido o prazer de conduzir, por variadíssimas vezes ao longo dos últimos anos, aquele que era, até à chegada do CX-60, o maior dos SUV da Mazda. As suas muitas qualidades nunca me passaram despercebidas e não é por isso de estranhar que estas se tenham repetido neste ensaio à sua mais recente e quase impercetível evolução.
Uma evolução que foi – como tem sido sempre – muito ligeira. Esteticamente, o CX-5 pouco mudou nos últimos anos, mantendo a elegância e também a robustez visual que sempre o definiu. Eu aprovo essa opção da Mazda e, como dizem os “Xutos”, sei que “não sou o único”. Por que razão mudar o que está bom? O CX-5 continua muito apelativo, até mesmo para o cliente português que também o aprova sempre que o vê, mas que raramente o compra quando procura no mercado um SUV premium deste segmento. Não o compram porque não é barato, mas também não o compram porque o cliente que procura um SUV premium não olha, infelizmente, nesta direção, preferindo, quase sempre, um modelo alemão.
Por cá é pouco visto
Porém, o mercado português está longe de ser representativo do real desempenho comercial do CX-5, bem como do da Mazda, diga-se. No ano passado, a Mazda matriculou 185 unidades do CX-5 e um total de 925 automóveis em Portugal. Na Europa, vendeu cerca de 140 mil automóveis, menos 10 mil do que o número de CX-5 vendidos nos Estados Unidos da América. Percebem onde quero chegar? Já o disse e repito: a Mazda faz ótimos automóveis, para condutores que gostam de automóveis e o número de modelos Mazda que vamos nas nossas estradas não traduz a qualidade do produto.
Agora também eletrificado
A geração de 2023 do CX-5 chega ao mercado com novos níveis de equipamento, uma nova cor de carroçaria e, acima de tudo, com tecnologia mild hybrid nos seus motores a gasolina, como o 2.0 e-Skyactiv G de 165 cavalos que equipa este CX-5 que me foi cedido com apenas 200 quilómetros no odómetro. Essa é, digamos, a grande novidade deste “novo” CX-5 que mantém, igualmente, a aposta em motores Diesel, estes, no entanto, sem qualquer eletrificação associada.
Por respeito à tenra idade da mecânica, decidi não a “espremer” em demasia em busca da sua performance. A baixa rotação, nota-se a presença do contributo elétrico com um pouco mais de disponibilidade, mas a verdade é que este é um motor pelo qual é preciso “puxar” para se obter um andamento mais vivo. É uma mecânica com carácter, refinada, com um som entusiasmante e capaz de colocar o CX-5 a andar bastante bem, mas que, nos tempos que correm, se destaca por uma entrega de potência à antiga, baseada em mais rotação devido à ausência de sobrealimentação.
Para além da tecnologia mild hybrid, o motor 2.0 litros conta, igualmente, com um sistema de desativação de cilindros para situações de baixa carga. O seu funcionamento é relativamente discreto, mas é percetível um ligeiro aumento de vibrações quando este entra em cena. No que a consumos diz respeito, não senti grande diferença relativamente a “ensaios pré-mild hybrid”. Fechei este teste com um consumo combinado de 8 l/100 km, mas consegui-o com muito esforço, admito.
Confortável e dinâmico
Ao volante, o CX-5 impressiona pelo refinamento com que rola. Prescinde de amortecimento variável e a verdade é que passa bem sem ele. Ainda que estejamos na presença de um SUV relativamente grande, o CX-5 revela a competência dinâmica que se espera de um Mazda, sem com isso prejudicar o conforto que se exige a um modelo de cariz familiar e com abordagem premium. Uma caixa automática encaixaria melhor na equação, mas esta manual de 6 velocidades é um prazer de utilizar, complementando a boa resposta da direção para os momentos em que o objetivo é conduzir e não apenas chegar ao destino.
Qualidade a toda a prova
No habitáculo respira-se qualidade, seja dos materiais empregues, seja da montagem de todos os elementos, do tablier às portas, passando ainda pela consola. Sente-se que é um automóvel feito para durar. O painel de instrumentos combina instrumentação analógica com digital e exceto a redundância de alguma informação, permite uma leitura clara. A posição de condução elevada agradará aos fãs de SUV, mas o pilar A é excessivamente intrusivo no campo de visão do condutor, retirando, inclusivamente, alguma confiança na abordagem a rotundas e passadeiras de peões.
O equipamento de série desta versão Takumi é abundante. Bancos em pele, aquecidos para quatro e ventilados à frente, sistema de som Bose, heads up display e um extenso pacote de assistentes de condução são disso exemplo. Mais atrás, apesar do muito espaço disponível para pernas e cabeça, não nos podemos deixar enganar pela dimensão do CX-5, pois o lugar do meio é mesmo isso, um lugar do meio, como muitos outros do mercado. No campo da versatilidade, sem deslumbrar, o CX-5 está à altura do que se espera encontrar no segmento, com cerca de 500 litros de bagageira, com um fundo amovível e vários compartimentos para esconder alguns objetos.
O que devia ter mudado
Sou um fã assumido da Mazda. Dos seus automóveis, da importância que dá ao prazer da condução e da sua “teimosia” em ter uma abordagem diferente aos motores. Acabaram de lançar motores de seis cilindros e o rotativo está de regresso, relembro. É uma marca que tem tanto de racional como de emocional. É, acima de tudo, uma marca distinta. Aplaudo, por isso, as poucas alterações que fez ao CX-5 e respondo com um “sim” à pergunta que coloquei no título deste artigo.
Por outro lado, em especial no CX-5, acho que já seria benéfica uma mudança mecânica com a introdução de um motor sobrealimentado de menor cilindrada, o qual traria consigo uma maior facilidade de condução que a tantos agrada e, no mercado nacional, menos impostos associados. Acho, por isso, que um “não” também se justifica como resposta à pergunta inicial.
Preço
O meu CX-5 de eleição tem o excelente motor Diesel 2.2 da Mazda debaixo do capot, mas para quem não fizer assim tantos quilómetros – e quiser poupar cerca de 8000 euros considerando níveis de equipamento iguais – este “dois litros” a gasolina atmosférico é, numa gama que também inclui uma motorização 2.5 litros a gasolina, o motor ideal. Quanto a preços, o CX-5 de 2023 está disponível a partir de 34.548 € e esta unidade ensaiada custa 45.139 €. Sim, eu sei.