Renault Austral E-Tech Full Hybrid 200 – Nouvelle Vague, ao vivo
Embora sejam modelos muito diferentes, recolhi, a bordo deste novo Renault Austral, as mesmas sensações iniciais transmitidas pelo Mégane E-Tech Electric quando o vi de perto e quando nele me sentei pela primeira vez. Representam, embora com abordagens muito distintas, uma nova era para a marca francesa – a Nouvelle Vague – assente sobre os pilares de uma estratégia que esta originalmente designa por Renaulution. E isso é imediatamente notório. Rapidamente nos apercebemos de que o Austral é um produto de nova geração, uma clara evolução relativamente aos produtos anteriormente propostos pelo losango francês no tão relevante segmento C.
O design
Num mercado e, em particular, num segmento onde o formato SUV é rei e senhor, a Renault elevou a fasquia a nível estético apostando num design assumidamente mais assertivo do que é habitual encontrar nesta categoria. Se à frente é a enorme grelha a responsável por “dar mais largura” ao Austral, atrás esse efeito é conseguido pela refinada iluminação que reproduz a mesma assinatura em “C” das luzes diurnas. Visto de perfil, o Austral é menos arrojado, mas a carroçaria em dois tons deste Techno Esprit Alpine, em combinação com as jantes de 20 polegadas, resultam num conjunto, a meu ver, bem conseguido e com a dose certa de dinamismo.
Por dentro
No habitáculo, como já antecipei na introdução, as sensações foram ótimas. Desde logo pela qualidade dos materiais, mas também pela apresentação moderna e cuidada, destacando uma clara aposta na digitalização com o ecrã OpenR que resulta da combinação do painel de instrumentos digital com o display tátil do sistema de infotainment. Este último é, sem dúvida, um dos sistemas mais agradáveis de utilizar do mercado, apetrechado, mas intuitivo. Apenas a imagem proveniente da câmara traseira me pareceu algo desajustada, quer em definição, quer em dimensão.
O Austral é, sem dúvida, uma boa proposta familiar, dispondo de lugares traseiros amplos e confortáveis, sendo que até o lugar do meio me pareceu utilizável em percursos que não sejam exageradamente longos, uma vez que o túnel central é bastante baixo. Por ali não faltam soluções de carregamento para os equipamentos dos passageiros mais pequenos, bem como um banco traseiro deslizante e rebatível – opcional – que adiciona versatilidade ao Austral. A bagageira tem, na sua configuração normal, cerca de 500 litros de volume útil.
Ao volante
O Austral é o primeiro modelo da Renault a recorrer à plataforma CMF-CD da Aliança e aposta exclusivamente em motorizações híbridas, representando este Full Hybrid 200 o topo da oferta. Combina um novo motor 1.2 Turbo de três cilindros com um par de máquinas elétricas, tal como noutros sistemas híbridos da Renault. O sistema – com potência total de 200 cavalos -dá prioridade à propulsão elétrica, sendo possível percorrer, em determinados percursos, mais de 60% da distância em modo elétrico. Obviamente, para o conseguir, o motor térmico é o grande responsável por carregar a bateria de 2 kWh e assim, quanto a consumos e a título de exemplo, posso dizer que percorri os primeiros 100 km – 66 dos quais em modo elétrico – e que gastei 4,7 litros de gasolina.
A travagem regenerativa está igualmente presente, sendo possível ajustar a sua intensidade através das patilhas no volante, variando desde uma configuração em que não há recuperação de energia até uma em que muita da condução pode ser feita recorrendo a apenas um pedal. Ainda nos travões, importa mencionar que a calibração do pedal requer alguma habituação, exigindo alguma força para que se sinta uma real força de desaceleração. A unidade ensaiada não dispunha do eixo traseiro direcional, mas o comportamento, sem ser especialmente dinâmico, cumpre bastante bem, sempre seguro e com a agilidade que se espera de um SUV-C. Apesar das jantes de 20 polegadas, o nível de conforto sentido a bordo é muito bom, análise onde se inclui uma ótima insonorização do habitáculo.
Conclusão e preço
O Austral chegou para conquistar o segmento. Não só já convenceu a imprensa especializada nacional, como, certamente, os seus argumentos não passarão despercebidos a quem com ele passar algum tempo. Há algumas coisas a melhorar, como por exemplo a qualidade de imagem da câmara de estacionamento, bem como a calibração da travagem que, como é comum nos híbridos, conjuga a regenerativa com a de fricção. A linearidade da entrega de potência pode também ser melhorada, mas a ritmos moderados, na cidade, no dia-a-dia, isso está longe de ser problemático, só sendo notório ao acelerar a fundo para, por exemplo, ultrapassar.
Por fora, o Austral “veste”, para mim, um fato bem bonito. O interior é, igualmente, um ambiente agradável à vista, de qualidade inquestionável, recheado e que oferece um bom espaço aos passageiros do banco traseiro. Mas o maior destaque do Austral é o propulsor híbrido, uma solução que se destaca por aquilo que é, na verdade, o seu principal objetivo: ser eficiente. Este é, sem dúvida, o ponto alto deste ensaio, pois não me foi difícil manter o computador de bordo entre os 5 e os 6 l/100 km. Moderno, bem equipado, espaçoso e poupado. O novo Austral faz jus à Nouvelle Vague da Renault, pois representa, sem dúvida alguma, um salto evolutivo a todos os níveis.
Preço base: 34.800 €
Preço da unidade ensaiada: 45.900 €