Nissan Qashqai e-power – devagar se vai ao longe
Gosto do Nissan Qashqai. Sempre gostei. Acho que é um carro muito completo e com uma relação preço/qualidade muito boa. Mas há qualquer coisa sempre me deixou um pouco de pé atrás. Talvez o sem-fim de configurações possíveis me baralhe. 4 níveis de equipamento, 3 motorizações, versões de caixa manual ou automática e tração dianteira ou integral. Que canseira! Mas não deve ser isso. Talvez seja a culpa que este carro carrega. É isso!
EVERYBODY GETS A SUV!
A Nissan não é a criadora do SUV urbano original… mas tem muita culpa no cartório. O Qashqai foi o impulsionador deste desejo desenfreado por carros grandes para andar em cidade. Quando apresentaram o Qashqai, em 2006, aquilo começou a vender que nem pães quentes. Era a loucura. Chegaram a vender-se mais de 12 Nissan Qashqai por dia em Portugal, durante anos! E continuam a vender muito. Isto significa que o carro é bom. Ninguém iria comprar se fosse mau.
O problema é que o Qashqai é um SUV. E as pessoas usam os seus carros maioritariamente nos trajectos casa-trabalho e nas voltinhas do dia-a-dia. Ora, esses trajectos e voltinhas são, em grande parte, em ambiente urbano. Percebem onde quero chegar. Obrigado, Nissan, pelo carro muito bom que colocaste no mercado… mas, epá, tinha de ser um SUV?
Esta nova geração
Agora que respirei um pouco, falemos do carro. Esta nova geração está melhor em tudo. A começar pelo design. A primeira geração não me cativava. Tinha um ar “desleixado”, com um design que nem era carne, nem era peixe. A segunda melhorou bastante e já apresentava um aspecto mais definido e que provocava. Com esta terceira, a Nissan trouxe o Qashqai para o futuro. Um desenho mais rectilíneo, mas com um aspecto mais dinâmico e futurista. Agrada-me. Não há assim nada a apontar de negativo. Talvez as jantes demasiado grandes deste equipamento Tekna +, vá.
Essa evolução no design transita, igualmente, para o interior. Ainda não está como eu gostaria, mas está muito melhor. Os anteriores tinham um aspecto muito orgânico que ocupava muito espaço visual. Este está mais limpo e minimalista, com o ecrãn central e consola mais recta a ajudar nessa tarefa. Os bancos continuam bonitos e nesta versão de equipamento vêm com aquecimento e massagens (que maravilha!) e com ajuste eléctrico com memória. Dão muito jeito. O painel de instrumentos podia estar um pouco mais futurista. Tem leitura, mas difere de um painel analógico apenas por ser, lá está, digital.
Motor: será que convence?
Este Nissan Qashqai e-power estreia o novo motor eléctrico com extensor de autonomia. É um carro eléctrico com 190 cavalos e 330 Nm de binário, mas tem um motor a gasolina com 1,5 litros e três cilindros que serve, apenas, como gerador para carregar as baterias. Baterias, essas, que têm cerca de 2 kWh de autonomia. Não é o suficiente para ser um eléctrico “autónomo”, mas, neste teste, em 200 quilómetros que fiz consegui um consumo de 6 litros aos 100 km. Não é mau, mas, apesar de a condução eléctrica ser muito confortável e eficiente (e expedita, já agora), sinto que um motor convencional a gasolina teria feito consumos similares por um preço de venda bastante inferior. Cliquem no link e vejam o que o Isaac tem a dizer sobre isso.
Por falar em preço, este Nissan Qashqai e-power com o equipamento Tekna+ custa 48.750€. Altinho, é certo, mas, afinal de contas, é o topo de gama e traz tudo o que pode haver num carro. A versão N-Connecta custa menos 6 mil euros e ficam muito bem servidos na mesma. Sem os bancos com massagens e algumas coisas, é certo, mas igualmente bem servidos. A versão Tekna+ com motor convencional e caixa automática custa menos 3.500€. Os preços começam nos 34.000€ para a versão Acenta com a motorização 1.3 litros, turbo, de 140 cavalos e caixa manual de 6 velocidades.
Concluindo, este novo Nissan Qashqai está melhor em tudo e isso é fácil de perceber. Se este motor é a escolha certa, não sei. Falta comparar com um puramente a combustão. Que é bom, é. Suave e para ser utilizado com calma, o que torna a condução um prazer. Não tem as sensações de um puramente eléctrico, mas, por outro lado, não tem os seus inconvenientes. Ter uma versão puramente eléctrica seria interessante. No entanto, se fosse para andar a carregar num posto público, o custo ia ser equivalente ao consumo que esta versão faz. Uns 6l/100 km. Por isso, na volta nem vale a pena. Mas seria interessante para algum público. Nicho, talvez, mas seria muito giro ver este novo Qashqai com uma versão NISMO de 500 cavalos elétricos. Isso seria!