Ensaio Sprint: Honda Jazz Crosstar HEV
O Honda Jazz nunca foi – nem nunca quis ser, diga-se – o utilitário mais entusiasmante do mercado. A mais recente geração continua, e bem, a meu ver, com as suas prioridades bem definidas. Continuando a apostar num estilo, para muitos, excessivamente conservador, o Jazz é, por outro lado, um dos mais espaçosos, versáteis, eficientes e fáceis de utilizar modelos do seu segmento. No fundo, queiramos ou não admiti-lo, oferece aquilo que mais importa num pequeno automóvel de uso diário.
Mas para aqueles que procuram essa sua ótima aptidão para o quotidiano e que não prescindem do visual crossover do momento, a Honda desenvolveu uma solução. Pegou no Jazz, aplicou-lhe umas proteções plásticas na carroçaria, montou rodas de maior diâmetro para proporcionar uma superior altura livre ao solo, instalou barras de tejadilho e uns quantos outros detalhes estéticos e já está: nasceu o Jazz Crosstar. Em resumo, também um Jazz, com a mesma mecânica híbrida e restantes argumentos, mas com um maior espírito aventureiro. Curiosamente, em Portugal, o Jazz “não Crosstar” leva ligeira vantagem nas vendas.
Jazz = híbrido
Exclusivamente associado à referida mecânica híbrida, são destaque a facilidade de condução e a inegável eficiência do sistema da Honda. Basta dizer que fechei este ensaio, a um ritmo perfeitamente ajustado aos meus percursos diários, com uma média de 3,9 litros/100 km. Para ajudar à poupança, o Crosstar dispõe de botão “ECON”, bem como de um modo “B” que intensifica a capacidade de regeneração de energia.
O condutor não tem influência sobre o modo de funcionamento do sistema. Em cidade é sempre dada prioridade à propulsão elétrica. Quando a bateria fica sem carga, o motor 1.5 litros a gasolina entra em cena e, através de um gerador, alimenta o motor elétrico. Toda a energia gerada em excesso é, posteriormente, encaminhada para a bateria. Quando o ritmo ou a exigência aumenta, o motor térmico é, também ele, acoplado às rodas dianteiras.
Gostei da suavidade de funcionamento global do sistema. Apenas em pontuais acelerações mais bruscas se nota o elevado ruído de funcionamento do motor de combustão. Com uma potência combinada de 122 cavalos, o Jazz Crosstar mostrou um andamento mais do que adequado à sua dimensão e utilização.
Porém, este é um automóvel que prefere ser conduzido com tranquilidade, com um acerto de suspensão claramente mais orientado para o conforto. Também a posição de condução me agradou, com uma boa visibilidade proporcionada pelos grandes vidros laterais, bem como pelos finos pilares dianteiros.
Jazz = versatilidade
Um pequeno monovolume. Esta é, talvez, a melhor definição da abordagem do Jazz Crosstar. Os passageiros de trás contam com muito espaço livre para pernas e cabeça e também a acessibilidade merece elogios, com portas que abrem quase a 90 graus. A bagageira oferece cerca de 300 litros de volume e conta com um plano de carga baixo, bom para carregar volumes pesados.
A Honda continua, igualmente, a apostar nos bancos “mágicos”, permitindo elevar o assento traseiro e criar uma zona de transporte ampla. Quanto aos materiais no habitáculo, a sua qualidade está alinhada com o que se espera no segmento. Já a oferta de equipamento é bastante convincente, assim como a quantidade de espaços práticos de arrumação.
Falta-lhe cor e um preço mais simpático
Deixando de parte o conceito Crosstar e focando-me mais nos “atributos Jazz”, são inquestionáveis os seus argumentos. Convence pelo baixo consumo de combustível, pela facilidade com que se conduz, bem como pelo conforto a bordo e versatilidade oferecida.
É verdade que no meio de tanta racionalidade, sente-se a falta de alguma emoção, mas não nos podemos esquecer daquelas que são as suas prioridades. O design pode até não entusiasmar, mas está, também, longe de desiludir. Uma compra segura e inteligente, apenas prejudicada pelo elevado preço pedido, cerca de 33 mil euros. Dica: se decidires comprar, “dá-lhe” cor e contraste. Vais ver que o design ganha vida.