Audi Q8 e-tron Sportback 55 S line quattro: Um super SUV a bateria
Depois de ter passado uns dias ao volante do belíssimo Audi e-tron GT, regressei à gama 100% elétrica da marca de Ingolstadt para agora conduzir o maior dos seus SUV sem emissões, o novo Q8 e-tron, em particular a versão de inspiração mais desportiva que, como é hábito na Audi, se faz acompanhar pela designação Sportback.
É verdade que a configuração algo “ameaçadora” deste “AZ43DE”, com vários elementos pretos na carroçaria e também com as enormes jantes escuras, causa imediatamente um grande impacto a quem o vê passar. Mas não é a essa a única razão pela qual o Q8 e-tron não passa despercebido. Isto porque este exige para si uma área de 4,915 metros de comprimento por 1,937 metros de largura. É grande, sim, embora ao volante o consiga esconder. Já lá vamos.
A bordo do Q8 e-tron, a experiência é tipicamente Audi, pautada por uma sensação de qualidade elevada dos materiais, transversal a praticamente todos os elementos. Abaixo da linha média começam a surgir, como é hábito, alguns menos nobres. Continuo a apreciar, e muito, o trabalho da Audi no design de interiores, conseguindo combinar a essencial digitalização com um ambiente que continua a ser igualmente acolhedor.
Q8 Sportback: silhueta desportiva não compromete espaço
No que diz respeito a habitabilidade, e focando-me no banco traseiro, os passageiros laterais podem contar com imenso espaço em comprimento. Já em centímetros livres em altura, a folga não é tão grande devido à silhueta coupé do Sportback, mas nada que chegue para incomodar passageiros de estatura média/alta. Ao centro, apesar da dimensão do Q8, o lugar do meio não é muito confortável, principalmente devido à rigidez do assento e encosto. O acesso aos bancos traseiros é facilitado pelas grandes portas com bom ângulo de abertura.
Voltando à frente, nota positiva para a ótima posição de condução, cuja experiência só não é melhor pela solução tecnológica encontrada para os espelhos retrovisores. No seu lugar, as câmaras transmitem imagem para dois displays no topo da porta cuja imagem não transmite a informação essencial para se abordar uma ultrapassagem ou mudança de faixa com a mesma confiança. É certo que o hábito se ganha e que o alerta de ângulo morto integrado funciona muito bem, mas teria preferido espelhos convencionais, os quais dão mais liberdade para explorar o campo de visão ao mexermos a cabeça e uma melhor noção das distâncias.
Autonomia ronda os 500 quilómetros
Equipado com dois potentes motores elétricos, um por cada eixo, este Q8 disponibiliza uma potência máxima de 408 cavalos, bem como 664 Nm de binário. Não é por isso de estranhar que a aceleração de 0 a 100 km/h se faça em menos de 6 segundos, apesar das quase 2,6 toneladas que pesa. A enorme bateria tem uma capacidade útil de 106 kWh, permitindo-lhe declarar uma autonomia de 595 km.
No entanto, mesmo no modo Range e aproveitando a variação da capacidade de regeneração, não me foi possível colocar a média final de consumo abaixo dos 21 kWh/100 km, o que coloca a autonomia real mais perto dos 500 km. O consumo pode até não ser baixo, mas o Q8 não é pequeno, nem leve, relembro. Uma autonomia real que não é nada má. Nada mesmo.
Mas não só os poderosos motores escondem o peso do Q8 e-tron. Também o trabalho da suspensão pneumática consegue, selecionando-se o modo de condução indicado, conter, e bem, os movimentos excessivos da carroçaria, controlando de forma eficaz as “massas deslocadas” e conferindo ao enorme Q8 uma dinâmica muito convincente, eficácia que tão bem complementa a rapidez com que nos puxa para a frente. Pode não ter um comportamento desportivo, mas não deixa de impressionar nessa avaliação.
Por outro lado, se o objetivo é o aproveitar o máximo conforto, os elementos pneumáticos da suspensão são igualmente capazes de proporcionar uma experiência muito relaxante. Filtram bem as irregularidades na cidade e proporcionam uma ótima suavidade nas baixas frequências tão típicas das autoestradas e nacionais. Mais do que a andar depressa, é neste tipo de condução, nas longas viagens, que melhor se usufrui do excelente rolamento deste Q8 e-tron que não dispensa as jantes de 21 polegadas com pneus de baixo perfil.
Enorme, em tamanho e qualidade
As suas qualidades são inquestionáveis. O design será sempre algo discutível, mas é inegável a presença do Q8 e-tron, goste-se ou não desta configuração que esconde alguma da sua elegância ao prescindir de elementos cromados. No interior, destaco, novamente, a qualidade dos interiores da Audi. Sim, também por lá estão plásticos rijos, mas a estética e a execução merecem destaque. Por outro lado, não aprovo as câmaras exteriores em substituição dos espelhos convencionais. Não compliquem, por favor.
Ao volante, não se espere encontrar no Q8 e-tron o elétrico mais eficiente do mercado. É um SUV, grande, com bateria de alta capacidade, com jantes de 21 polegadas e carregado de equipamento. Não podia ser o mais eficiente. Por outro lado, impressiona pela condução fácil e comportamento eficaz que permite explorar a muita potência disponível e agrada, igualmente, pela autonomia elevada que afasta as necessidades de carregamento. Um super SUV ideal para as longas viagens em família.