Nissan X-Trail e-Power e-4orce: Menu completo
Não se deixem enganar pelo título, pois não há aqui qualquer “click bait”. Já dizia o outro, “não há almoços grátis” e por isso não pensem que o novo Nissan X-Trail é como uma daquelas refeições que incluem pão, azeitonas, prato do dia, bebida, sobremesa e café por 7,50 €. Isso já lá vai. Mas reforçando esta analogia ao mundo gastronómico, este X-Trail em particular soube-me exatamente como uma dessas gratificantes refeições que incluem tudo, mas pela qual é preciso pagar, nos dispendiosos tempos que correm, um preço mais elevado, claro.
Um SUV, como quase todos querem
Atualmente, para se ser bem-sucedido no mundo automóvel, há que ser um SUV. E o X-Trail é disso um bom exemplo, sendo o responsável, nas suas várias derivações, por mais de 250 mil automóveis que a Nissan entregou em 2022 a nível global.
Esteticamente, não é o modelo mais arrojado e dinâmico do seu segmento de mercado, mas o trabalho da equipa de design da Nissan merece nota positiva, com elementos distintos como a iluminação bipartida e a carroçaria pintada a dois tons a quase elevarem o visual do maior dos SUV da marca japonesa a um patamar premium, principalmente num exemplar topo de gama como este, com as elegantes jantes de 20 polegadas.
Qualidade inquestionável
Os primeiros momentos a bordo do novo X-Trail ficaram marcados por uma imediata sensação de qualidade. Sim, não dispensa o recurso a materiais menos nobres, mas o habitáculo é acolhedor e confortável, principalmente nesta cor Camel que realça os contrastes com os elementos escuros e frisos cromados que compõem o tablier e forros das portas e que tão bem combina com o tom azul escuro exterior.
O painel de instrumentos é totalmente digital e fácil de ler e o infotainment dispõe, felizmente, de botões de atalho que em muito ajudam na sua utilização. Porém, o destaque é, sem dúvida, a consola independente dedicada à climatização de que tantos modelos prescindem. Boa decisão, Nissan. A posição de condução é “tipicamente SUV”, elevada e confortável, bem como capaz de proporcionar boa visibilidade.
Um habitáculo para sete (ou quase)
No que diz respeito à segunda fila, gostei da dimensão e ângulo de abertura das portas, facilitando a acessibilidade. Já instalado, como esperado, não falta espaço para as pernas e cabeça, mas ao centro o conforto é baixo, uma vez que o assento e encosto são pouco cómodos. Atrás, o teto panorâmico é igualmente uma mais-valia, bem como o controlo independente de temperatura, as bolsas nas costas dos bancos, tomadas USB adicionais e bancos aquecidos.
Aceder à terceira fila de bancos não é um exercício fácil, mesmo que os da fila do meio deslizem para dar espaço adicional. Ginástica feita e já sentado num dos pequenos bancos traseiros, não esperava sentir-me minimamente confortável e, com os meus 1,8 metros de altura, obviamente não me senti. Não é possível colocar as pernas de forma confortável, mas o pior de tudo é mesmo a falta de espaço para a cabeça. Como noutros modelos, os dois lugares “lá de trás” são apenas indicados para crianças ou, no limite, para trajetos curtos.
Esconder a terceira fila de bancos é um procedimento extremamente fácil para assim expandir os curtos 120 litros de espaço a 485 litros. Se necessário, é possível – com algum esforço – guardar a chapeleira no fundo, rebater os bancos da segunda fila e expandir a capacidade de carga a quase 1300 litros, fazendo do X-Trail um SUV muito versátil e prático para transportar grandes volumes ou, por que não, umas bicicletas para as aventuras na serra ao fim de semana.
Um X-Trail híbrido com tração elétrica às quatro rodas
Dizer que conduzi a versão e-4orce é o mesmo que dizer que estive ao volante do X-Trail mais potente da gama, com tração integral. Na verdade, mild ou full hybrid, todos os X-Trail são agora híbridos, mas este “AU91DR” do parque de imprensa da Nissan Portugal representa a expressão máxima das capacidades do X-Trail.
A trabalhar em conjunto com o motor 1.5 litros Turbo – com um inovador sistema de taxa de compressão variável – está um par de motores elétricos, um por cada eixo, para disponibilizar uma potência total de 213 cavalos. Mas a tecnologia e-Power da Nissan distingue-se por tentar proporcionar uma experiência de condução aproximada à de um veículo 100 elétrico. Isto porque o motor de combustão nunca é responsável por fazer mover as rodas, pois não estão sequer unidos por qualquer ligação mecânica.
Suave e refinado
A resposta do propulsor não é tão imediata como num automóvel 100% elétrico, mas a verdade é que o funcionamento é muito suave e o motor a gasolina, o responsável pela geração de energia, soa refinado mesmo sobre acelerações fortes, quando lhe pedimos que encaminhe mais energia para a bateria ou diretamente para os motores elétricos. O poder de aceleração é, nestas situações, mais do que suficiente para as quase duas toneladas do X-Trail.
A travagem regenerativa pode ser intensificada através de um modo específico e não falta o botão e-Pedal, para se conduzir o X-Trail quase sem tocar no pedal de travão. Com uma condução moderada, não me foi difícil fechar o ensaio com uma média de consumo de 6,8 lt/100 km. Já os vários modos de condução permitem adaptar a potência e binário do propulsor, bem como a tração integral às condições do piso, dispondo de modos específicos para neve e todo-o-terreno, por exemplo.
Ao volante, para além do já mencionado agradável funcionamento da tecnologia e-Power, a experiência destaca-se pelo conforto de rolamento, sendo essa a prioridade da suspensão. No capítulo dinâmico, o X-Trail cumpre bem a sua tarefa, com segurança e a agilidade possível a um grande e pesado SUV de sete lugares, mas o destaque vai mesmo para a direção, com uma resposta muito agradável e capaz de transmitir confiança ao condutor.
Menu completo e-Power e-4force para sete desde 53.470 euros
A Nissan propõe três motorizações híbridas diferentes, configurações de cinco ou sete lugares e sistemas de tração 4×2 e 4×4 distribuídos por vários níveis de equipamento na gama X-Trail. Sim, admito que poucos precisarão, em Portugal, da motricidade adicional proporcionada pela tração 4×4 e que os sete lugares podem não ser essenciais e por isso reconheço que abaixo existam versões mais simpáticas para o bolso dos potenciais clientes do X-Trail.
Por outro lado, gostei muito da competência global deste pacote topo de gama que combina a carroçaria que todos querem com um habitáculo espaçoso – ainda que não o seja para todos – relativamente requintado e cheio de equipamento, a agradável e suave motorização híbrida na sua configuração mais potente e a segurança e liberdade adicional da tração integral, sem que, todos juntos, prejudiquem aquilo que é, na verdade, o mais valorizado num moderno SUV familiar: a eficiência e facilidade de utilização. Bom automóvel, Nissan.