Mercedes-Benz A250e: Classe A, também na eficiência
Mesmo sem consultar os números do mercado automóvel, penso não estar a dizer um grande disparate ao afirmar que o Classe A da Mercedes-Benz é um dos modelos favoritos dos portugueses. Sejam de particulares ou parte de uma frota empresarial, o mais pequeno dos “Benz” é uma visão muito comum nas nossas estradas e é fácil perceber porquê: são muitos os argumentos presentes no mais compacto dos Mercedes.
Um desses principais argumentos é, sem dúvida alguma, a estética. Também eu, tal como muitos condutores portugueses, sou fã das linhas e pose desportivas do Classe A. Já o era na geração anterior, admito. Mas esta mais recente interpretação do A vai igualmente a jogo com uma maior elegância que a geração precedente nem sempre conseguia revelar debaixo do seu visual mais dinâmico.
O ambiente interior é um espelho da inspiração visual que define a carroçaria, combinando elementos assumidamente desportivos como os bancos e o volante – com ótimo suporte e dimensão, respetivamente – com detalhes mais refinados como as saídas de ar iluminadas em forma de turbina e o enorme duplo ecrã digital de alta-definição que compõe o conjunto painel de instrumentos e sistema de infotainment.
Moderno, mas calma
Apesar da inquestionável aposta na digitalização, a Mercedes tomou a boa decisão de manter uma consola dedicada à climatização com comandos físicos. Facilita, e muito, o acesso a algo que usamos cada vez mais e que nunca deveria exigir – como em muitos outros modelos – desviar tanto tempo os olhos da estrada. Relativamente à escolha de materiais e solidez de construção, a sensação geral é de elevada qualidade, embora em elementos como a própria consola dedicada à climatização exista alguma margem de melhoria ao nível da montagem.
Nos lugares traseiros, reconheço que fiquei algo surpreendido com o espaço oferecido. Não esperava encontrar um ambiente muito folgado, mas considerando a minha posição de condução e os meus 1,8 metros de altura, ainda fiquei com quatro dedos de espaço livre ao nível dos joelhos, mais ou menos o mesmo espaço que sobrou para a cabeça.
Menos bom é o suporte dado pelo assento, demasiado baixo para apoiar devidamente as coxas, bem como a utilização do lugar central que, como é hábito no segmento, serve apenas para “salvar” um quinto passageiro de uma longa caminhada, substituindo-a por uma curta viagem.
Tratando-se da versão híbrida plug-in do Classe A, a bagageira é a mais pequena da gama, mas ainda assim oferece 310 litros de volume útil, espaço que me pareceu suficiente para a maior parte das situações. Peca apenas pela reduzida altura livre, o que limita o tipo de objetos a transportar, nada mais.
Um eficiente Classe A
O propulsor híbrido do A250e combina o já conhecido motor 1.3 Turbo a gasolina – com 163 cavalos e 270 Nm de binário – com um motor elétrico de 109 cavalos e 300 Nm. Junto, entregam à caixa automática de 8 velocidades uma potência combinada de 218 cavalos e 450 Nm de binário que lhe permitem atingir 225 km/h e acelerar de 0 a 100 km/h em 7,4 segundos. Números que se mostraram, ao volante, bastante convincentes, ainda mais se considerarmos que este “pequeno” A pesa 1.700 kg.
A capacidade de resposta impressiona, com o motor elétrico a puxar-nos para a frente com vigor e a ajudar o térmico a sair dos baixos regimes com muita facilidade. Logo às 1.300 rpm é bem notória a enorme disponibilidade, forçando o conta-rotações a dar um verdadeiro pulo no início da sua subida e a exigir trabalhos forçados aos pneus Bridgestone Turanza e ao controlo de tração, este último rapidamente chamado a intervir quando os primeiros começam a dar sinais de falta de motricidade.
Em modo puramente elétrico, consegui percorrer um total de 66 quilómetros, uma boa autonomia que, com mais tento no pé direito, pode inclusivamente superar os 70 quilómetros. A autonomia é potenciada por um funcionamento exemplar da travagem regenerativa adaptativa, capaz de reduzir ou intensificar a quantidade de energia regenerada em função da distância ao veículo da frente, como sugere retirar o pé do acelerador se nos aproximarmos, por exemplo, de uma rotunda ou cruzamento, bem como se a velocidade instantânea for superior à lida nos sinais de trânsito.
Depois de esgotada a bateria, realizei um novo percurso combinado de teste com cerca de 170 quilómetros, tendo percorrido 80 quilómetros sem quaisquer emissões. Contas e arredondamentos feitos, mais de 45% da viagem foi feita com o motor de combustão desligado, novo cenário que atesta a boa eficiência do conjunto. Cheguei ao destino com uma média de 5,8 l/100 km.
Rápido, mas orientado para o conforto
Ao volante, toda a experiência é pautada por uma grande sensação de segurança, inclusivamente a ritmos elevados, aos quais é fácil chegar com tanto binário e mais de 200 cavalos disponíveis debaixo do pé. Como em muitos outros híbridos plug-in, a caixa automática revela algumas hesitações quando solicitada através das patilhas no volante em condução mais acelerada, demorando a responder a sucessivas reduções. Ainda assim, neste ensaio e condições, pareceu-me com melhor desempenho do que as caixas DSG do Grupo Volkswagen e EAT dos modelos da Stellantis.
A suspensão com amortecimento passivo cumpre bem a sua tarefa, filtrando bem a maior parte das imperfeições do piso e oferecendo ao A250e um conforto de rolamento que muito apreciei e que tão bem complementa a sua capacidade de “devorar” quilómetros com facilidade. Apesar do visual desportivo e do “músculo” da motorização, este é um A mais do que preparado para percorrer longas distâncias. A iluminação adaptativa é igualmente uma enorme mais-valia para a condução noturna.
Ainda no capítulo dinâmico, forçando mais o andamento, o conjunto da suspensão e pneus começa a sentir um pouco mais de dificuldades. O peso elevado, um dos responsáveis pelo bom conforto de rolamento, tem aqui o efeito contrário, exigindo um superior controlo das variações de carga a que a suspensão branda nem sempre consegue responder com a rapidez que a velocidade atingida por este A eletrificado exige. Para isso existem os modelos AMG, não se esqueçam.
Moderação é o segredo
Para melhor se usufruir das capacidades dinâmicas deste A250e, é necessário gerir a entrega da potência, evitando superar as capacidades da borracha e a consequente atuação da eletrónica à saída das curvas. Também as travagens devem ser o mais progressivas possível – tentando conjugar a regeneração com a pressão hidráulica e evitando, assim, o “afundar” da dianteira (cuidado com as lombas, mesmo a andar devagar) – bem como os inputs de direção, sem golpes bruscos que possam retirar os pneus 225/40 R19 da sua zona ótima de performance. Pode parecer estranho, mas é com alguma moderação e contenção que este A250e é mais rápido. E é, muito.
A250e desde 44.850 euros
O Classe A, com quase 4,5 metros de comprimento, não pode ser considerado um automóvel pequeno. Mas não só é o Mercedes-Benz mais compacto, como é, numa atualidade marcada por modelos exageradamente grandes e pesados, provavelmente, o Mercedes ideal para quem o símbolo de Estugarda sempre apelou de uma maneira especial.
Potente, mas eficiente, o A250e é assim o mais “Classe A” dos Classe A. É, também, confortável e refinado e, pelo menos para mim, muito bonito. Com um preço final de 63.300 euros, esta unidade ensaiada pode não ter o preço mais apetecível, mas “A” mesmo muito para se apreciar na versão híbrida plug-in da gama de acesso ao mundo Mercedes-Benz.