Nissan Juke Hybrid – Para a cidade e para fugir dela?
Este é o terceiro Juke que conduzo desde que a Nissan introduziu a segunda geração do seu crossover de segmento B. Recordo de ambos os ensaios uma experiência de condução verdadeiramente dinâmica, com o pequeno Juke a revelar-se rapidamente como um dos modelos mais divertidos do seu segmento.
A boa resposta da direção aliada a uma suspensão relativamente firme são garantia de agilidade e controlo, sensações que voltaram a repetir-se neste reencontro com o Juke, agora em versão híbrida e cujos 140 kg adicionais – impostos pela eletrificação – não vieram manchar, pelo menos de forma muito notória, o seu comportamento eficaz.
Com uma postura assumidamente dinâmica, o Juke não é o crossover mais confortável do segmento, mas supera bem as armadilhas da condução quotidiana, filtrando relativamente bem as muitas lombas, buracos e bandas sonoras ou, melhor ainda, fintando-as com ligeireza e rapidez quando as vias assim o permitem.
Por dentro
No habitáculo, destaco a boa posição de condução e os ótimos bancos dianteiros – no entanto, com um design integral que é algo “chato” para quem viaja atrás – a utilização de camurça no tablier e nos forros das quatro portas, o facto da Nissan manter – felizmente – comandos físicos para a climatização, bem como o original sistema de som da Bose com colunas integradas nos encostos de cabeça dianteiros.
O espaço disponível atrás não o coloca entre os melhores do segmento, mas são centímetros livres mais do que suficientes para dois passageiros de estatura média. O assento, esse, podia dar mais suporte às pernas. A bagageira tem 354 litros de volume e apesar de ser mais pequena do que a da versão puramente a gasolina continua a fazer do Juke um companheiro muito prático para as aventuras do dia a dia.
Sim, o Juke usa o híbrido do Captur
Mas a grande novidade deste Juke relativamente aos dois anteriores que conduzi é a inclusão de uma motorização híbrida, neste caso partilhada com outros modelos do grupo, com nomes como o Renault Captur. Sem me querer prolongar em pormenores técnicos, é uma solução que combina um motor a gasolina com duas máquinas elétricas – ambas com capacidade de geração de energia – uma ligada ao motor e a outra às rodas. A inovadora caixa de velocidades não dispõe de embraiagem, nem de sincronizadores, pois é um dos motores elétricos quem trata dessas funções.
O sistema entrega uma potência máxima de 143 cavalos às rodas da frente e apesar de em situações de maior exigência faltar alguma suavidade de funcionamento ao conjunto – com transições pouco fluídas entre as relações – não é algo que se faça notar a ritmos moderados. Acima de tudo, é uma solução de eficiência já comprovada em contactos prévios, principalmente em ambiente citadino, onde este Juke também brilhou com uma média de consumo de apenas 4,3 l/100 km.
E fora da cidade?
Já conhecia o Juke e já conhecia o seu propulsor híbrido de outros modelos em que este é também utilizado. Porém, conduzi-os maioritariamente em ambiente citadino, cenário onde a tecnologia é muito eficaz – e onde a função e-pedal é, também, muito útil – como este Juke também o comprovou. Por isso, para esta ocasião, decidi rumar a Espanha e lancei-me a 650 quilómetros de viagem quase todos feitos em estradas nacionais e autoestradas para testar se Hybrid é, nestas condições, sinónimo de consumos baixos.
Sob um calor abrasador bem superior a 40 graus – que exigiu uma constante utilização do ar condicionado – e com três adultos a bordo, o Juke foi a Mérida e regressou a Lisboa com o computador de bordo a mostrar valores dignos da eficiência pela Nissan defendida. Nos percursos acumulados em estrada nacional, o Juke “bebeu” 5,4 litros de gasolina a cada 100 quilómetros e 6,7 litros nas longas etapas a uns estáveis 120 km/h.
Sim, bem sei que são muitas as variáveis a considerar e que este teste não prova que um híbrido está tão à vontade fora da cidade como nas suas ruas e ruelas a potenciar a utilização da propulsão elétrica e a beneficiar da travagem regenerativa. Nem foi essa a ideia. Foi sim, mostrar que, embora brilhe em ambiente citadino, um híbrido como o Juke também sabe ser eficiente quando dele sai. Está provado e o divertido Juke pela terceira vez aprovado.