Viajar em primeira classe – Volvo XC90
Fiz uma viagem de cerca de 1200 quilómetros ao volante do Volvo XC90 e não tive, uma única vez, saudades de viajar em primeira classe num avião.
Primeiro, porque, para isso, era necessário já ter viajado em primeira classe num avião. Infelizmente, nunca surgiu essa oportunidade (TAP, se nos estás a ouvir, era um conteúdo giro para fazermos aqui na Garagem). Segundo, porque, estive a sondar, algumas viagens dessas custam tanto quanto um carro. Ora, na minha cabeça, isso faz muito pouco sentido. Sim, é certo que nalgumas companhias temos refeições Michelin a bordo, champagne e caviar, pijamas da Versace, banhos e spa com produtos Bvlgari, entre outros luxos. Mas, tudo somado, duvido que chegue para comprar um carro destes.
Não tem asas, mas…
Se é para comprar um carro, que seja um que dure muito e não, apenas, 18 horas de voo qualquer ou coisa que o valha. O Volvo XC90 é um bom exemplo. Com um preço na ordem dos 103.000€, é certo que não é para todas as carteiras – era a versão mais carregada de equipamento, 10 mil euros mais cara que a versão normal – mas é para algumas, e, essas, certamente terão o bom senso de identificar um investimento. Se é para gastar, que se gaste em algo de qualidade e segurança indiscutíveis. Foi isso mesmo que senti nesta viagem. Nunca, em momento algum, senti que não tinha à minha disposição todas as ferramentas para que os trajectos – dois deles superiores a 450 quilómetros – não fossem feitos com a maior da segurança e conforto.
Ah, o conforto. Aquilo foi sempre a rolar. Era a versão híbrida plug-in T8, com 455 cavalos e uma autonomia eléctrica de cerca de 70 quilómetros. O consumo final dos trajectos grandes, em autoestrada, foi de 8 litros/100 km, o que é muito bom tendo em conta o peso do carro e o facto de ir com 4 adultos e duas crianças, mais bagagens. O espaço para as bagagens ficou mais limitado por termos de usar um dos bancos na terceira fila, mas conseguimos acomodar tudo sem grandes problemas e toda a gente estava confortável. Nos outros trajectos, mais curtos, o consumo foi quase sempre de zero, uma vez que carregávamos as baterias em casa a um custo reduzido, em comparação com os postos públicos (e nem vou falar dos rápidos) que, embora actualmente mais baratos do que gasolina, deviam ser mais baratos. Mas isso é assunto para outra crónica.
Para viagens longas e não só.
Atravessar o nosso país é sempre uma maravilha. Seja pelas paisagens, pela gastronomia ou pelo simples facto de viajar. É menos bom quando temos o nosso pai a mandar bitaites a cada 10 quilómetros, mas, tal como os gatos, passado umas horas já estava calado e a desfrutar. De Lisboa a Bragança já não são 9 horas de distância, como dizem os Xutos, mas, antes, umas quatro horas e vinte minutos sem parar. O IP3 é sempre chato com as suas obras infinitas e uma enchente de camiões, mas faz-se cada vez melhor. Parando uma vez ou duas só para não dar cabo da paciência da família, em menos de 5 horas tínhamos chegado ao nosso destino. As pernas estavam boas, ninguém estava dorido ou cansado – pelo contrário – e, pelo menos a mim, dava vontade de continuar a conduzir. Chegando a casa, toca de ligar o carro à tomada e esperar umas horas até as bateria estarem totalmente carregadas.
Não é qualquer carro que transporta 6 pessoas e bagagens com tanta facilidade e conforto. É preciso um carro grande e, normalmente, um carro grande significa consumos altos. Neste caso, como disse há pouco, foi muito pacífico. Um consumo sensato para trajectos que não se vão fazer várias vezes ao ano. Uma ou duas, porque, de resto, serão trajectos nos quais as baterias dão conta do recado. E esta é a vantagem dos híbridos plug-in. Especialmente para famílias grandes, porque quanto maior o carro, maior a despesa. E se, a tudo isto, juntarmos um interior cheio de qualidade e conforto, está feita a receita para uma verdadeira compra acertada.
Não será para todas as carteiras, mas há outras opções mais baratas. Não são a mesma coisa, mas a conclusão a que cheguei é a de que esta solução híbrida recarregável é a melhor para SUV destes tamanho. É certo que a Volvo tem o novo EX90, totalmente eléctrico, mas precisamos de o testar aqui na Garagem para perceber se uma solução 100% eléctrica funciona para uma família grande em viagens grandes. Certamente funcionará para o dia-a-dia e, agora que penso nisso, até para viagens maiores, embora talvez seja necessário parar para “abastecer”. Se o conforto for igual ao XC, o EX também dará gosto demorar um pouco mais na viagem.
No caminho de volta parámos em mais uns sítios – alguns, até, com trajectos mais difíceis e atrapalhados – e nunca sentimos nada que não fosse elegância em tudo o que este XC90 fazia. Fosse empedrado, terra batida com um buraco ou outro, aguentava tudo e com conforto. Não é, obviamente, um todo o terreno, mas um carro com esta altura ao solo e esta mecânica terá de ter algumas competências para aguentar estes terrenos. Não é para fazer o Dakar, mas se mo dessem, eu diria dá cá! Como teria de o pagar, diria que não é para mim. Mas para quem é, está muito bem sim, senhor!