Jaguar F-Pace P400e AWD – Premium e não é pouco. É muito. Bastante
O termo premium é quase sempre, injusta e exclusivamente associado a três marcas alemãs do mercado automóvel. Mas do segmento dito premium fazem igualmente parte outros símbolos da indústria de que tanto gostamos, tão ou ainda mais consagrados do que os desse poderoso trio germânico. Um desses “enormes” símbolos é a Jaguar, cujo maior SUV, o F-Pace, coloquei à prova durante alguns dias, conduzindo a versão R-Dynamic S com motorização híbrida plug-in.
Se por um lado aceito que se diga que o design exterior não tem já as linhas mais atuais do segmento, não posso concordar que seja considerado ultrapassado. Sim, os anos passam, mas o F-Pace – lançado originalmente em 2016, relembro – continua a combinar de forma exemplar uma elegância e classe com dinamismo que um SUV grande e robusto pode, facilmente, ter dificuldade em exprimir. É grande, enorme, na verdade, mas subtil, harmonioso. Tem classe, tem carácter e, nesta unidade em particular, gosto muito da sobriedade dos elementos negros que, felizmente, não se prolongam, na totalidade, às jantes.
Qualidade elevada
O ambiente interior é um prolongamento da elegância expressa pela carroçaria. Impera o bom gosto, assim como a aplicação de materiais de elevadíssima qualidade. A posição de condução vai certamente agradar a quem valoriza conduzir “em cima do acontecimento”, favorecendo a visibilidade dianteira, mas o volante desportivo e os bons bancos vão igualmente contentar a quem aprecia, efetivamente, o ato de conduzir. O painel de instrumentos digital permite uma leitura fácil da informação, elogio que estendo ao ecrã do infotainment, com boa definição, apresentação e fácil de utilizar. Já a climatização, embora disponha de uma consola dedicada, podia contar com comandos de utilização mais descomplicada.
No que diz respeito aos lugares traseiros, a acessibilidade é desde logo facilitada pela dimensão das portas. Já instalados, os passageiros laterais podem desfrutar de folga mais do que suficiente para joelhos e cabeça, bem como de uma ligeira elevação no piso que serve para pousar os pés e que tão bem complementa o bom desenho do assento, com bom suporte para as pernas. Não viajei no banco traseiro, mas não tenho quaisquer dúvidas de que será uma experiência muito cómoda. A utilização do lugar central, por outro lado, é dificultada pela consola e túnel centrais muito intrusivos. A bagageira desta versão PHEV – com 374 litros de volume – não é especialmente espaçosa, perdendo 116 litros para a restante gama.
Mais de 400 cavalos e 50 quilómetros “elétricos”
Sendo grande e, neste caso, eletrificado, este F-Pace é pesado. Claro que é. E sendo pesado, precisa de um motor com números fortes que suportem os do peso. São mais de 2.200 kg de Jaguar, mas, relembro, é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em pouco mais de 5 segundos, só parando de ganhar velocidade aos 240 km/h. Isto só é possível graças aos 404 cavalos e 640 Nm que resultam da combinação do motor de combustão, a gasolina, com o elétrico. A bateria é também nova neste F-Pace MY24, tem mais módulos e agora uma capacidade máxima de 19,2 kWh que, segundo a Jaguar, permite percorrer 65 quilómetros neste grande SUV híbrido plug-in.
Arranquei para este teste com 95% de carga na bateria e forcei de imediato o modo elétrico para ver o quão perto ficava da autonomia declarada. O motor 2.0 litros de quatro cilindros só se fez ouvir ao fim de 50 quilómetros, o que me deixou ligeiramente aquém do objetivo, mas com o F-Pace a cumprir com o que, na verdade, esperava atingir neste teste. Já o carregamento da bateria pode ser feito até uma potência máxima de 32 kW em corrente contínua e até 7 kW em corrente alternada. O resto do ensaio foi feito em modo híbrido, sendo expectáveis médias de consumo de gasolina acima dos 9 litros/100 km em circuito misto.
Ao volante, tudo muito Jaguar
O conjunto motor e caixa de velocidades – automática de 8 relações – agradou desde cedo pelo refinamento e suavidade de funcionamento. Esta última pode ser atuada através das patilhas no volante – metálicas, com ótimo feedback – e ainda que não seja especialmente rápida, responde sempre nas reduções solicitadas, algo que muitos ditos “desportivos” híbridos não fazem. Modos de condução são seis: Dinâmico, Conforto, Eco, Chuva, Neve e Gelo. O mais desportivo ativa as configurações escolhidas a gosto para o motor, direção, transmissão e suspensão.
Mas ainda que a capacidade de aceleração seja digna de um desportivo, o F-Pace não o é. Isto, na minha opinião, é algo bom. É verdade que a direção e a suspensão, nas suas afinações mais desportivas, transmitem muito boas sensações, dando confiança para explorar as suas boas capacidades dinâmicas, mas o peso elevado está lá e sente-se. O F-Pace é por isso mesmo muito mais agradável de utilizar na sua vertente mais relaxante, a ritmo tranquilo e moderado, em que se desfruta da sua elevada capacidade de absorção e no qual nos deixamos levar por um exemplar conforto de rolamento, uma experiência verdadeiramente refinada, premium, pois claro.
Preço: 92.658 euros
O primeiro Jaguar a passar pelas portas da Garagem deixou uma ótima impressão. O design continua a ser o fator decisivo na escolha de um automóvel e aos meus olhos, o F-Pace continua a ser, pelos motivos acima descritos, um dos grandes SUV esteticamente mais bem concebidos do mercado. O visual conta muito, mas no segmento premium, a forma como o habitáculo nos recebe não é menos importante. O maior dos SUV da Jaguar responde com um ambiente que tem tanto de acolhedor e confortável, como de requintado e elegante.
No que toca à condução, debaixo do capot está um versátil propulsor híbrido, de funcionamento muito agradável, que combina muita potência com uma autonomia elétrica superior a 50 quilómetros, bem como com a versatilidade de utilização da tração integral. Porém, na avaliação dinâmica, o ponto alto é, sem dúvida, a forma sumptuosa com que pisa o asfalto e a quase indiferença com que acumula quilómetros. Um grandioso automóvel de uma também grandiosa marca de automóveis que, tudo indica, assumirá uma presença puramente elétrica no mercado já em 2025.