Mazda 2 1.5 e-Skyactiv G 90 cv: Será uma 5ª melhor do que uma 6ª?
Conduzi o novo Mazda 2. O novo, mas o de sempre. A versão atualizada do original da Mazda que agora partilha a gama com o 2 Hybrid, esse, o resultado da parceria da Mazda com a Toyota. As diferenças estéticas introduzidas por esta modernização são ligeiras, mas suficientes para que o mais pequeno dos Mazda se mantenha atual, destacando-se, no exterior, o novo design dos para-choques, grelha e jantes.
Homura Aka é o topo de gama
Sempre gostei do Mazda 2 e apesar de, comparativamente a outras propostas mais recentes, se notar que o projeto já não é novo, continuo a achá-lo muito apelativo. A mesma observação faço na avaliação estética do seu interior. Neste topo de gama Homura Aka – a gama inclui agora quatro níveis de equipamento – são destaque novidades como os bancos em meia pele e os inúmeros detalhes em vermelho. Não sendo um desportivo, não esconde essa inspiração, com uma tablier focado no condutor e comandos intuitivos que visam desviar pouco as atenções da condução.
Os materiais estão em linha com a média do segmento, mas o acabamento em camurça do painel frontal do tablier eleva a já boa sensação de qualidade a bordo. Atrás, não se esperem grandes folgas para os passageiros de maior estatura, mas enquanto utilitário, o Mazda 2 cumpre. O mesmo pode ser dito da bagageira que, com 255 litros de volume útil, não surpreende, mas também não limita na hora de transportar um par de malas ou as compras da semana.
Ao volante do Mazda 2 com motor de 90 cavalos
Quanto a motorizações, a gama propõe três níveis de potência para o já conhecido motor 1.5 litros a gasolina, podendo debitar 75, 90 ou 115 cavalos, sendo que as duas versões mais potentes estão associadas a tecnologia mild hybrid. As emissões de CO2 foram reduzidas e todas as motorizações estão associadas a uma caixa manual de 6 velocidades capaz de transmitir muito boas sensações, com um comando preciso e confortável de usar. A precisão e correta calibração dos comandos é, aliás, um elogio que estendo à direção e aos pedais, uma abordagem tipicamente Mazda, à qual nem o seu modelo mais pequeno escapa.
Testei a versão intermédia, com 90 cavalos e 151 Nm de binário, e embora o seu desempenho declarado não deixe margem para dúvidas no que às suas capacidades diz respeito – 183 km/h de velocidade máxima e 9,8 segundos dos 0 aos 100 km/h – na prática, as sensações são bem diferentes. Não necessariamente inferiores, mas sim, suficientemente distintas para merecerem um parágrafo específico, já aqui abaixo. Antes disso, uma nota para o excelente consumo combinado registado: 5,9 lt/100 km.
Longa, mas longa
Tratando-se de um motor atmosférico, este não revela a disponibilidade quase imediata dos mais comuns motores sobrealimentados. A tecnologia mild hybrid dá um pequeno contributo, mas não transforma, de todo, a sua capacidade de aceleração. Há que, obrigatoriamente, recorrer à caixa de seis velocidades. O seu tato, como referi, é ótimo, mas as relações são de tal forma exageradas que mesmo reduzido, são muitas vezes necessárias duas reduções. A sexta velocidade é uma autêntica “overdrive”. Não conheço outro carro deste segmento que role a 120 km/h às 2000 rpm.
Das duas, uma: Ou o escalonamento da caixa de seis velocidades é revisto ou a Mazda prescindia desse sexto carreto. Isto porque, até em autoestrada, ao rolar no limite dos 120 km/h, ao mínimo toque no acelerador para compensar um ligeiro declive, é-nos imediatamente sugerido engrenar a quinta relação. E ao fazê-lo, pouco acontece, porque também a quinta é demasiado desmultiplicada para fazer o pequeno 2 ganhar velocidade. Ainda que o propósito possa ter sido criar um pequeno rolador com uma última relação muito longa, diria que a Mazda caiu no exagero e retirou usabilidade ao, este seu, pequeno 2.
O mais pequeno, mas um Mazda a sério
Compacto e leve, o Mazda 2 continua a revelar o ADN tipicamente Mazda. É ágil, com boa resposta dos principais comandos e muito divertido de conduzir. O motor chega até a soar bem em aceleração, refinado, mas presente. O perfil elevado dos pneus é uma mais-valia em ambiente citadino, ajudando a compensar uma menor capacidade de filtragem da suspensão sobre piso mais degradado, tão típica dos modelos mais ligeiros. O Mazda 2 Hybrid pode até ser bem mais eficiente e, acredito, em comparação direta, mais competente, espaçoso e refinado, mas as “sensações Mazda” contam muito, mesmo a andar devagarinho, nas voltinhas de e para a cidade. Renovado e recomendado, mas se na minha semana prefiro sempre a 6ª à 5ª, neste Mazda 2 “by Mazda” até a dispensava.