Peugeot 208 Rallye: Na Suíça já me ouviram. Só falta em França
Alguém na Suíça aprecia os meus disparates. Não. Não deve ser isso. É apenas uma feliz coincidência. Já lá vão uns três anos, mais coisa, menos coisa, que dei por mim a bater no teclado a tentar passar para palavras algumas ideias acumuladas na cabeça. Por um lado, a ideia de que o hot hatch atual, venha ele de França, do Japão, da Alemanha ou de Itália, é quase sempre demasiado potente e rápido. E caro, claro. Incrível, sim, mas para um circuito ou estrada fechada. E por outro lado, a ideia de que para o hot hatch sobreviver no panorama atual, seria necessário descomplicar, regressar, por que não, às origens.
Modelos mais pequenos e assim também ágeis, com motores suficientemente potentes, mas económicos, utilizáveis no dia-a-dia. Decorados com autocolantes “de corrida”, em vez de equipados com aerodinâmica ativa. Com 100 cavalos, em vez de 300, para se acelerar um pouco e subir o consumo aos 8 l/100 km em vez de andar a “pastelar” para gastar 10 l/100 km. Acho que a ideia já passou. Gosto do conceito do hot hatch e gostava de o ver impor a sua ligeireza na era do peso excessivo, da performance que não se usa e do minimalismo que complica.
Por isso, nessa altura e recorrendo às minhas “tremendas” competências na arte do Photoshop, criei um pequeno exemplo daquilo que defendi, o renascimento, por exemplo, do mítico Rallye da Peugeot, recorrendo ao novo 208. E não é que, três anos depois, surge a notícia de que um concessionário na Suíça desenvolveu uma série limitada a 50 unidades da sua interpretação do que um potencial Peugeot 208 Rallye oficial poderia ser?
Por fora não lhe faltam detalhes como os autocolantes com as cores da Peugeot Talbot Sport e as míticas jantes de aço brancas e no interior destacam-se alguns elementos a vermelhos, como as costuras e a designação Peugeot e outros a imitar carbono. Tudo muito simples, mas feito com gosto, homenageando, por um lado, o 205 Turbo 16, e por outro, assumindo-se como o sucessor natural do 205 Rallye, ainda que esteja longe de o querer substituir ou de se lançar em comparações que pouco sentido fazem.
O chassis não sofre quaisquer alterações, assim como o motor 1.2 Turbo, a gasolina, com 100 cavalos. Mas as qualidades de um e o pulmão de outro são garantia de performance que se pode explorar nas “corridas do quotidiano”, sem loucuras associadas. E para quem quiser um pouco mais de ambos, o potencial é enorme, com uma plataforma e motor que podem dar ainda mais, se devidamente afinados.
O concessionário Garages Hotz cobra cerca de 25 mil euros pelo seu 208 Rallye. Eu sou daqueles que aplaude a iniciativa, tanto que a sugeri no passado. Tenho a certeza absoluta de que não foi por influência minha que o fizeram, mas agora só nos falta convencer a Peugeot a fazer algo idêntico de forma oficial. E já que a mudança para automóveis 100% elétricos é inevitável, percebo e concordo que nos convidem a fazer essa transição com ícones renascidos ou reinventados. Neste caso, por que não um 208 Rally-e, Peugeot?