Ensaio Sprint: Polestar 2 Long Range Single Motor
Lembro-me perfeitamente do quão bom achei o Polestar 2 quando o conduzi pela primeira vez. Há automóveis que nos marcam e, no segmento dos elétricos, o Polestar 2 foi talvez aquele que mais me agradou. Conduzi-o na sua versão topo de gama, com dois motores, 408 cavalos e o irresistível Pack Performance. Um daqueles elétricos que raramente defendo – porque os prefiro pequenos, mais leves e menos potentes – mas cujas qualidades são inquestionáveis.
Apreciei o design, aprovei a condução, destaquei a sensação global de qualidade e não posso até deixar de voltar a aplaudir o trabalho que a Polestar tem feito no desenvolvimento da sua imagem de marca e identidade. Gosto do que a Polestar tem vindo a fazer e estou por isso entusiasmado com a chegada de novos modelos que irão dar continuidade à série numérica que os designa.
Até à chegada dos “algarismos” seguintes, regressei ao Polestar 2 para tomar contato com a versão MY24 em configuração Long Range Single Motor, o mesmo que dizer que está equipado com um motor elétrico de 299 cavalos no eixo traseiro e com uma bateria de 82 kWh. Com esta combinação elétrica, o Polestar 2 declara uma autonomia WLTP de 655 quilómetros, mais do que suficiente para afastar as habituais críticas sobre autonomia insuficiente.
Decidi fazer uma viagem grande, a minha primeira num automóvel elétrico e apontei-o à Mealhada, o sítio escolhido para almoçar. Rapidamente me apercebi do quão bom rolador o Polestar 2 é, com o trabalho da suspensão e o bom isolamento acústico a combinarem-se para que mal se dê pela passagem dos quilómetros. Os bancos da frente são excelentes, ao nível a que escola sueca nos habituou, mas o banco de trás – apesar do muito espaço disponível para pernas – não dispõe de comprimento suficiente no assento para que ali possa aplicar o mesmo elogio.
Carregamento descomplicado
Com uma potência máxima de carregamento DC de 205 kW, “encher” a bateria do Polestar 2 é também um processo rápido. Na primeira pausa para esticar as pernas e beber um café, na Batalha, recorri, porém, a um carregador AC de 11 kW para, em cerca de 40 minutos, recuperar cerca de 50 quilómetros de bateria. Já na Mealhada, testei pela primeira vez o carregamento rápido. Numa hora, o Polestar 2 carregou cerca de 33 kWh de energia, “combustível” suficiente para percorrer, com a média acumulada, mais de 200 quilómetros adicionais.
Já ao final do dia, no regresso a casa, não desperdicei a oportunidade que um novo café me deu para voltar a testar o carregamento. Em apenas vinte minutos de paragem, o Polestar 2 recebeu 18 kWh de energia, o que me deu mais de 100 quilómetros de autonomia adicional. Não quero com esta descrição do que foi a minha utilização de um moderno automóvel elétrico, dizer que esta é uma solução que a todos serve. Longe disso. Não acredito, para já, nessa hipótese.
Porém, uma coisa é certa: a evolução é indiscutível. Quer dos automóveis elétricos, quer da infraestrutura de carregamento. Até a tecnologia de bordo trabalha a nosso favor, com um sistema de infotainment com base Google que é capaz de nos reduzir aquela pontinha de ansiedade de condução que ainda resiste, ao indicar-nos quanta bateria nos restará quando chegarmos ao destino inserido na navegação. Tudo muito fácil e conectado, como se quer.
Polestar 2 disponível desde 53.400 euros
Percorri 600 quilómetros nesta viagem, terminando com uma média combinada de 14,8 kWh/100 km. Um bom valor, considerando a dimensão do Polestar 2. Mas mais importante do que isso é o facto de nenhuma das três paragens que fiz ter sido forçada pela necessidade de carregamento. É perfeitamente possível ir almoçar longe, em família, desfrutando do conforto elétrico de um excelente automóvel como o Polestar 2. Tem potência que se usa, transmite muita segurança, a sua qualidade é indiscutível e, aos meus olhos, é um dos automóveis mais bonitos da atualidade. Não para mim, mas até o preço de 56.900 euros me parece adequado.