Ensaio Sprint: Mitsubishi ASX 1.6 PHEV AT Intense
Sim, já todos o sabemos. Já todos ouvimos as intermináveis e gastas piadas sobre o novo Mitsubishi ASX. “Não é um verdadeiro Mitsubishi.” “A mim não me enganam eles.” Pior: “É impressão minha ou isso é um Renault Captur?” Estou cansado, admito. E nem o meu melhor e mais inspirador espírito natalício é suficiente para me motivar a explicar outra vez a estratégia da Mitsubishi. Um caminho óbvio, assumido, que podem ficar a conhecer – ou relembrar – clicando aqui.
Não é por isso de estranhar que as boas impressões de condução do novo ASX não sejam para mim uma novidade. Tendo como base uma das melhores e mais bem-sucedidas propostas do segmento, o nome ASX regressa ao mercado com argumentos já comprovados. Desde logo pela possibilidade de contar com esta motorização híbrida plug-in, uma estreia absoluta para o modelo japonês que propõe, igualmente, um motor 1.3 Turbo mild hybrid e um 1.0 Turbo sem eletrificação.
A autonomia elétrica conseguida neste ensaio foi de cerca de 50 quilómetros, mas mesmo após ter esgotado a sua bateria, o sistema híbrido permitiu percorrer uma grande parte dos percursos em modo elétrico, graças a um eficaz sistema de regeneração de energia, cujo modo mais intenso não permite, no entanto, conduzir o ASX com recurso a apenas um pedal. Devolvi o ASX à Mitsubishi com o computador de bordo a mostrar uma convincente média combinada de consumo de 4,5 l/100 km. Se o percurso incluir muitos quilómetros de autoestrada, é de esperar uma média pelo menos entre 1 a 1,5 l/100 km superior.
É verdade que falta alguma progressividade ao sistema quando dele tentamos extrair os seus 160 cavalos, com a complexa transmissão a revelar alguma falta de suavidade de funcionamento nas acelerações fortes, mas estamos a falar de situações pontuais, as quais devem representar, sei lá, 5% do tempo de condução? Talvez menos. No tempo restante, é fácil desfrutar da facilidade de condução, da boa disponibilidade da motorização – graças à vertente elétrica – bem como dos consumos baixos, número que, como referido, raramente foge dos muito apetecíveis 5 l/100 km.
Ainda no que à condução diz respeito, é importante destacar que o ASX goza de uma combinação de afinação de suspensão e pneus que lhe dão um conforto de rolamento assinalável, mantendo ao mesmo tempo a agilidade que se espera de um crossover urbano, neste caso, mais potente do que o habitual. A diferença de peso para um ASX puramente a combustão é de cerca de 340 kg, lastro que apenas se faz sentir em superfícies mais onduladas, onde se sente que a suspensão tem de trabalhar um pouco mais para controlar os movimentos da carroçaria. Nada de crítico.
Por dentro, o ASX oferece tudo o que se espera de um crossover de segmento B. Os materiais são agradáveis ao toque acima da linha média, a digitalização e conectividade está mais do que em dia e não faltam sítios práticos para as tralhas do quotidiano de que não prescindimos. O espaço atrás é mais do que adequado para dois adultos e o banco com regulação longitudinal permite compensar um pouco o volume que a eletrificação roubou à bagageira do ASX, litros que nesta versão PHEV oscilam entre os 261 e os 375. Esta versão Intense, a única proposta, custa 38.609 euros. Boas festas, sejas “francês” ou fã de japoneses. Isso é o que mais importa.