Ensaio Sprint: Hyundai i10 1.0 T-GDi N-Line
Já vos disse que gosto muito de automóveis pequenos? Não respondam. Eu sei que já o disse. Mas digo-o de novo ou não fosse o Hyundai i10 um excelente exemplo daquilo que um automóvel de cidade deve ser. Compacto, mas espaçoso, acessível, mas bem equipado e, nesta versão N-Line, com o argumento adicional de ser suficientemente rápido para divertir, sem com isso estragar a média de combustível, valor que, num citadino, se exige baixo, obviamente.
A mais recente geração do i10 foi alvo de uma atualização durante o ano passado. Visualmente, no exterior, foi retocada a grelha e a iluminação e também as jantes têm um novo design. Agrada-me o facto da Hyundai não ter exagerado, pois eu já apreciava o i10 pré-restyling. No interior, a lista de equipamento foi também reforçada, não lhe faltando, por exemplo, a câmara traseira de estacionamento e as indispensáveis ligações ao smartphone, aqui, no i10, sem fios.
Sei que não é exatamente o mesmo conceito, mas não consigo não olhar para o i10 N-Line e não ver nele um sucessor natural de algo como o Peugeot 106 XSi. Pequeno, ágil, divertido de conduzir e com um andamento cheio de genica. Tudo isto mantendo a facilidade e conforto que se espera encontrar num automóvel para ser usado todos os dias, onde, neste caso, não falta espaço suficiente para dois adultos no banco traseiro e uma bagageira que, com 252 litros de volume, é uma referência no segmento.
Há, no entanto, no habitáculo do i10 algo relacionado com conforto que gostava de ver melhorado. Refiro-me ao enchimento dos bancos da frente, em particular das costas, uma vez que me pareceu insuficiente para enfrentar as viagens mais longas. Sim, porque manter o ritmo normal da faixa da esquerda é tarefa fácil para o i10 N-Line, impressionando alguma da maquinaria mais poderosa que por ali costuma andar. Por outro lado, a ritmo elevado, nota-se que a insonorização podia ser ligeiramente melhorada, uma vez que o i10 não esconde a ambição de fazer luta igual, em determinados aspetos, com modelos de segmento acima.
O grande responsável pelo carácter especial do i10 N-Line é o pequeno motor 1.0 T-GDi que, com 100 cavalos de potência, é, também, “grande”. Isto porque só tem de se preocupar em mover cerca de 1000 kg de automóvel, garantindo-lhe um andamento muito interessante, chegando até para entusiasmar numa estrada mais convidativa a esses momentos. Até o “ronronar” típico do motor de três cilindros dá imensa piada à experiência. Por outro lado – no da eficiência – não se pense que os consumos são impróprios para o cliente típico deste segmento, pois com 5,7 lt/100 km de média final, este foi, de longe, o Hyundai (ou KIA) equipado com o motor T-GDi mais poupado que já guiei. O peso, sempre o peso.
As impressões de condução positivas são também possíveis pela boa posição ao volante e pelas ótimas sensações transmitidas pela caixa de cinco velocidades. A direção leve relembra-nos que o N-Line um citadino “despachado” e não um desportivo, mas a resposta é rápida e dá confiança a colocar as rodas da frente onde queremos, com precisão. O raio de viragem reduzido é muito útil em ambiente citadino, onde estacionar o i10 é também uma tarefa fácil. O amortecimento mais decidido e o baixo perfil da borracha podem retirar algum do conforto que se espera encontrar para ultrapassar as irregularidades das vias na cidade, mas nada de crítico, garanto-vos.
Pode ser pequeno, mas são muitas as coisas para se gostar neste Hyundai i10 N-Line. Uma proposta praticamente sem rivais no mercado, onde a abordagem dinâmica e a maior potência complementam a lista de argumentos sem comprometer aquilo que são as suas aptidões citadinas. E é tão fácil de configurar. Basta escolher a cor, branco ou vermelho. Para mim pode ser vermelho, mesmo que custe mais 370 euros. O preço final fica assim nos 19.970 euros.