Ensaio Sprint: Audi A4 allroad 40 TDI quattro
Num mercado outrora viciado em versáteis carroçarias station wagon, mas que mais recentemente as trocou pelo fenómeno SUV, esta Audi A4 allroad é bem capaz de ser a solução perfeita para quem procura o sentido prático das primeiras e o maior à vontade para circular fora de estrada prometido pelos segundos, mas de que, na verdade, poucos dispõem.
Não lhe faltam as proteções plásticas da carroçaria, nem tão pouco uma maior altura livre ao solo. Porém, o que esta A4 allroad tem e que faz toda a diferença comparativamente a muitos dos SUV/crossovers do mercado é uma verdadeira capacidade de enfrentar caminhos fora de estrada e de superar superfícies com aderência muito limitada graças à tração integral quattro.
Atenção, não estamos na presença de um todo-o-terreno, mas sim de um automóvel familiar, de reputação reconhecida, cuja versão pensada para um estilo de vida mais aventureiro e para aqueles que, de vez em quando, gostam de estar “fora da rede” em nada limita aquilo que são as qualidades das versões ditas “normais”.
A posição de condução, ainda que ligeiramente superior, é exemplar, em tudo idêntica à de um automóvel convencional, ideal para aqueles que, como eu, não gostam de conduzir “no primeiro andar”. É, como o A4 sempre foi, um excelente estradista, brilhando com o conforto que oferece nas longas viagens de autoestrada, também beneficiado pela boa insonorização do habitáculo.
No interior, destaca-se a sensação global de qualidade, quer dos materiais, quer da montagem dos vários elementos e tratando-se de um produto que não pertence à nova geração, não há aqui um excesso de digitalização que possa distrair o condutor daquilo que realmente importa. Tudo está à mão, onde devia estar. A Audi, repito, é exímia a conceber interiores. Bons, bonitos e bem arrumados.
O motor TDI é outro velho conhecido, para muitos tecnologia ultrapassada, para outros tantos um exemplo de disponibilidade de binário, de potência e, acima de tudo, de baixos consumos. Aliado à caixa automática de 7 velocidades, o motor dois litros Diesel de 204 cavalos provou que, para o que “anda”, gasta pouco, permitindo-me fechar este ensaio com uma média de 6,4 lt/100 km.
No banco de trás, como é hábito, não se aconselha a presença de três adultos, mas os lugares laterais são garantia de espaço e conforto mais do que suficientes para uma viagem agradável. A bagageira tem quase 500 litros de volume útil, com acesso fácil e um plano de carga baixo, mas, infelizmente, por ali não está uma roda suplente. Numa proposta tão convidativa à aventura, não me parece boa ideia.
Mantendo praticamente intactas as qualidades de uma A4 Avant convencional, seja ao nível do conforto de rolamento ou do comportamento dinâmico, esta allroad eleva a fasquia em termos de versatilidade de utilização e segurança na condução. Ideal para superar uma estrada enlameada ao enfrentar uma tempestade ou garantir que é possível subir a rampa de acesso ao hotel na estância de esqui nos Alpes que está sempre cheia de neve. Isto era exatamente o que eu faria.