Volkswagen Amarok 2.0 TDI 4Motion Style: Laboral e pós-laboral
Enormes e desnecessárias para uns, simplesmente perfeitas para outros. As pick-up são, hoje em dia, bem mais do que simples veículos de trabalho, com muito equipamento, bom nível de conforto e uma facilidade de condução que só não é superior porque a sua dimensão impõe respeito naquela pontual deslocação ao centro da cidade.
Uma das mais recentes propostas deste segmento vem da Volkswagen, a nova Amarok, modelo que foi agora desenvolvido em parceria com a Ford e que partilha, por essa razão, muito daquilo que oferece com a proposta equivalente da marca da oval azul, a Ranger.
Depois de termos estado na sua apresentação nacional, passei uns dias na companhia desta Amarok equipada com motor de dois litros a gasóleo com 205 cavalos e 500 Nm. São números que impressionam, principalmente o do binário, conferindo à Amarok um incrível pulmão que nos dá a constante sensação de que nada a pode parar.
Consumo até surpreendeu
O motor de origem Ford não tem um funcionamento especialmente refinado – o TDI da Volkswagen faz melhor neste aspeto – mas o seu desempenho convence, principalmente porque é explorado por uma boa caixa automática de 10 velocidades que permite que o motor de quatro cilindros se mantenha sempre a “respirar” em regimes onde se sente confortável. No que diz respeito a consumos, fechei o teste com uma média de 10 lt/100 km.
A complementar a facilidade de condução proporcionada pela combinação motor e transmissão está um acerto de suspensão relativamente firme que permite à Amarok assumir em estrada um comportamento mais aproximado ao de um automóvel comum do que ao de uma pick-up. Não se espere a agilidade de um compacto, mas a Amarok é, dentro do seu género, uma boa estradista. Sob piso degradado, nota-se bem a rigidez da suspensão.
Já quando o alcatrão acaba, a Amarok tem, aí sim, o seu palco de eleição, fazendo-se valer da muita força do motor, das inúmeras relações de caixa, bem como dos vários modos de condução disponíveis, com opções específicas para o fora de estrada, como por exemplo, lama/terra, neve/areia e piso escorregadio. Para além disso, em complemento da tração integral selecionável, não lhe faltam truques como o bloqueio do diferencial traseiro, as redutoras e o controlo de velocidade em descida.
Amarok ensaiada com preço base de 60.573 euros
Outro aspeto que comprova a versatilidade do Amarok para o dia a dia e para o lazer é o seu interior. Espaço e equipamento por ali não faltam, ambiente onde o grande destaque é o grande painel digital central, colocado em posição vertical. As materiais são, no geral, rijos, mas a solidez de construção é inquestionável e as superfícies planas parecem terem sido pensadas para serem fáceis de limpar depois da Amarok passar uns dias no campo. Ainda a bordo, gostava que os espaços de arrumação nas portas fossem maiores, uma vez que, como carro de trabalho que também é, a Amarok vai ter todos os cantos preenchidos com utensílios e ferramentas imprescindíveis.
Uma pick-up é um tipo de veículo muito específico, escolhido por necessidade, seja profissional ou porque o caminho até à casa de férias na montanha assim o obriga, ou também, por que não, pela vertente emocional, pela liberdade que a sua condução transmite, passando a ideia de que não há sítio onde não possamos chegar.
A Amarok cumpre, e bem, em ambos os aspetos. Robusta como se exige para as tarefas de trabalho mais duras, mas também capaz de surpreender e divertir sobre cascalho, lama ou neve. Num mundo em que a mobilidade individual é cada vez mais posta em causa pelas inúmeras e cada vez mais apertadas restrições ambientais, uma boa pick-up como a Amarok simboliza na perfeição a liberdade de movimentos que o automóvel nos trouxe. Para tudo e para ir a todo o lado.