Ensaio Total: Toyota C-HR HEV Lounge
Com mais de 100 mil unidades vendidas no mercado europeu em 2023, o C-HR continua, a par do Yaris e Corolla, a assumir-se como um dos pilares da gigante Toyota. A sua primeira geração rapidamente conquistou novos clientes para a marca, bem como conseguiu o feito inédito de fidelizar muitos outros que sempre apreciaram algum conservadorismo estilístico da Toyota, abordagem com que o C-HR, desde o seu lançamento original, nada quis.
Esta segunda geração não é diferente. É, aliás, visualmente ainda mais arrojada do que a que substitui, mantendo muitas das soluções de design reveladas no concept que lhe deu origem. Tem, desta forma, tudo para continuar a assumir-se como um ícone de estilo no seio da atual gama da Toyota, com muito arrojo, presença e personalidade, destacando-se, por exemplo, elementos como a assinatura luminosa traseira que destaca, “orgulhosamente” (como diria uma comunicação oficial), o seu nome.
No interior, menos coragem
Ao habitáculo não se prolonga a mesma irreverência da carroçaria, mas a apresentação moderna é indiscutível, com um tablier e consola central desenhados, claramente, em redor do condutor. Os materiais vão perdendo qualidade, como é hábito, de cima para baixo, mas as zonas intermédias, ainda que não ofereçam um toque macio, são forradas a napa. Gosto do design do volante e do facto do manípulo da transmissão ter uma dimensão adequada, elogio que estendo ao ecrã do infotainment. Nota positiva para o facto da Toyota continuar a apostar em comandos físicos para a climatização, mas menos boa para a leitura do novo painel de instrumentos digital, com demasiada informação.
Fácil de conduzir
A posição de condução é bastante boa e a visibilidade para a frente também dá um bom contributo para a facilidade com que o C-HR se deixa levar. Os bancos de inspiração desportiva proporcionam um bom suporte, mas sem cair em exageros, o que se agradece. Atrás, e tal como na primeira geração do C-HR, a primeira impressão é a de alguma falta de luz natural, principalmente porque as janelas são muito pequenas, o preço a pagar pela proximidade do design do C-HR com o do estudo Prologue de 2022. As portas são igualmente reduzidas, mas a bordo, os passageiros do banco traseiro podem contar com espaço livre mais do que suficiente, ainda que o assento não proporcione suporte suficiente para as pernas. Os 388 litros de espaço da bagageira chegam bem, mas o rebatimento dos bancos não permite criar um prático plano de carga ininterrupto.
C-HR está mais “crescido”
Ao volante, é essencial destacar a imediata sensação de que o C-HR, sem mudar a sua postura ágil e, até, divertida, sobre o asfalto, pisa-o e filtra o que este lhe atirar com um refinamento superior. O C-HR está, sem dúvida, mais “crescido” e familiar, mantendo, ao mesmo tempo, uma vertente mais individual e dinâmica que é engraçada de explorar. O motor híbrido – 1.8 litros, agora com 140 cavalos – continua a “fazer das suas”, ou seja, consumos muito baixos e fáceis de obter. A sensação de esforço do motor sob fortes acelerações é algo em que, muito sinceramente, já nem penso. Principalmente depois de ver, quase constantemente, o computador de bordo abaixo dos 4,5 lt/100 km.
Em resumo
Pode não ser para todos, mas o design tão próprio do C-HR evoluiu na direção certa, modernizando-se, mas sem perder identidade. O habitáculo não exprime a mesma coragem, mas isso é, por ser ali que passamos mais tempo, algo bom, não cansando e mantendo-se fácil e intuitivo de usar, com comandos físicos descomplicados. Por ali também não faltam inúmeras tomadas de carregamento e espaços práticos para as tralhas do quotidiano e ainda que o espaço atrás não abunde, também não compromete. Os consumos continuam baixos e a forma mais refinada como rola eleva as capacidades familiares do C-HR a um patamar superior, combinando bem com a serenidade com que o propulsor híbrido gosta de ser explorado. Ainda assim, fá-lo mantendo a habilidade de saber combinar dinamismo visual com agilidade dinâmica. E, na minha opinião, isso vale muitos pontos.