Ensaio Total: Volkswagen ID.4 77 kwh 286 cv Pro Urban
Contando já com, sensivelmente, três anos e meio de presença no mercado, esta foi, curiosamente, a primeira vez que conduzi um Volkswagen ID.4. É verdade que o SUV 100% elétrico já tinha passado pela Garagem – ensaio do qual resultou um trabalho comparativo feito pelo Rafael que podes relembrar aqui – mas depois dos ID.3, ID.5, ID.7 e ID. Buzz, faltava-me guiar este “4”.
ID.4 atualizado
Alvo de uma atualização no final do ano passado, o ID.4 foi sofreu algumas alterações significativas, desde logo ao nível das motorizações disponíveis, passando agora a contar com um novo motor elétrico de 286 cavalos/545 Nm que substitui a anterior máquina elétrica de “apenas” 204 cavalos e 310 Nm. Posicionado sobre o eixo traseiro, esta configuração não faz do ID.4 um desportivo – estamos na presença de um SUV familiar, relembro – mas aliada à boa resposta da direção e ao elevado controlo dinâmico e estabilidade revelados, o grande e pesado ID.4 passa com distinção na avaliação do seu comportamento.
Firme, sem exagerar
A suspensão é algo firme e a unidade ensaiada não beneficiava do argumento do controlo dinâmico de chassis – amortecimento variável custa cerca de 1.250 euros, integrado no Pacote Sport “Plus” – mas o conforto de rolamento é bastante adequado ao que se espera de um SUV familiar que não esconde algum dinamismo na sua condução. As jantes de 21 polegadas são um opcional de 1.069 euros e embora também expliquem uma menor capacidade de filtragem devido aos pneus 235/45 e 255/40 que calçam – respetivamente, à frente e atrás – dão um enorme contributo ao visual do ID.4.
Simples e funcional
Tal como os restantes elementos da família ID, o “4” também não escapou a algumas críticas menos positivas pelo excessivo minimalismo do design, quer por dentro, quer por fora. Ao habitáculo, já lá vamos, mas no que ao exterior diz respeito, tenho de reconhecer que o princípio “primeiro estranha-se, depois entranha-se” aplica-se, aqui, perfeitamente. O ID.4, se devidamente configurado, com uma cor viva e elementos contrastantes, é um automóvel com enorme presença e, até, apesar da simplicidade visual, sem elementos supérfluos, um veículo com identidade e carácter, precisamente por prescindir de excessos estéticos.
Volkswagen ouviu
O interior prima pela mesma abordagem minimalista, o que, em combinação com o muito espaço e luz a bordo, bem como com elementos como os bancos muito cómodos, com apoios de braço incorporados, resulta num ambiente muito confortável e que transmite tranquilidade, sensação perfeita para se desfrutar de uma viagem em família. Existem modelos com melhores materiais no interior, inclusivamente dentro do grupo Volkswagen, mas o habitáculo do ID.4 não deixa de ser um sítio agradável onde se estar.
O infotainment foi renovado e conta agora com um ecrã tátil ligeiramente maior e um novo software de funcionamento muito intuitivo. A barra tátil, abaixo do ecrã, é agora iluminada, um sinal de que a Volkswagen reconheceu o erro feito anteriormente. Só falta fazer o mesmo nos comandos dos vidros elétricos, substituindo o botão “Rear”, de funcionamento algo irregular, por dois botões dedicados aos vidros das portas traseiras.
Espaço e luz
Atrás, nota igualmente positiva para o ID.4. Portas grandes dão acesso a um banco traseiro espaçoso, com muita folga para joelhos e cabeça, o qual peca apenas por proporcionar pouco suporte para as pernas. A sensação de espaço é ainda beneficiada pelo grande teto panorâmico e pelo facto de ali não estar um incómodo túnel central. O lugar do meio é, à falta de melhor descrição, assim, assim, cumprindo com o seu propósito. Já a bagageira oferece um espaço muito utilizável com 543 litros de volume, bem como, debaixo do piso, um compartimento para os cabos de carregamento. Por ali, faltava apenas um fundo amovível.
Bons consumos no ID.4
Resta abordar a essencial questão do consumo, os 17 kWh/100 km que são, sem dúvida, um valor final muito convincente, considerando a dimensão e peso do ID.4. Para o conseguir, é inegável o contributo da regeneração variável de energia em função das condições de circulação, com o ID.4 a gerir os momentos em que deve rolar livremente ou transformar a energia cinética em elétrica, reencaminhando-a para a bateria de 77 kWh de capacidade útil. Destaque ainda para o pré-condicionamento da bateria se definida uma paragem para “abastecer” no sistema de navegação, garantindo a otimização da potência de carregamento para acelerar o processo à chegada.
Preço justo
A Volkswagen pede 49.321 euros pelo ID.4 com a nova motorização de 286 cavalos nesta versão Pro Urban, mas para o teres exatamente como este BH48FO do parque de imprensa do importador nacional, terás de desembolsar um pouco mais, cerca de 55.235 euros, uma vez que conta com os Pacotes Interior e Exterior “Style” Plus, as já referidas jantes Narvik de 21”, bem como com os Pacotes Assistência Plus e Bi-Color “Exterior Silver”. Ainda assim, considerando o que oferece em termos de tecnologia, habitabilidade, potência e autonomia – 550 km declarados, cerca de 455 km neste teste – e, acima de tudo, os preços atualmente praticados no nosso mercado, parece-me um valor muito justo por um SUV elétrico de argumentos reforçados e, globalmente, muito competente.