Skoda Scala: Melhor familiar até 25 mil euros?
O Skoda Scala é um daqueles automóveis que coloco, automaticamente, em duas categorias por mim criadas. Pertence, na minha opinião, ao grupo de modelos de que, injustamente, poucos se lembram na hora de comprar um novo veículo neste segmento, bem como encaixa, tal como a maior parte dos produtos atuais da Skoda, na família de modelos cujas primeiras sensações a bordo são de que se trata de um produto extremamente racional, competente e de abrangentes qualidades.
Foi exatamente o que senti assim que entrei pela primeira vez neste recentemente atualizado Scala. Tal como o design exterior, o ambiente interior não se perde em exageros estilísticos, mas transmite tranquilidade, uma sensação acolhedora e de harmonia entre os elementos que o compõem que faz do habitáculo um sítio agradável onde se estar e viajar. Usando estas imediatas impressões como desculpa, lancei-me a 600 quilómetros de ensaio num só dia.
Um dos grandes destaques do Scala é, sem dúvida, a habitabilidade. Apesar de construído sobre a plataforma que o grupo Volkswagen usa normalmente para os modelos de segmento B, o Scala supera, por exemplo, quer em termos de comprimento, quer em largura, o “primo” Golf. Não é por isso de estranhar que os passageiros do banco traseiro gozem de uma folga significativa para pernas e cabeça depois de instalados. E o que dizer da bagageira? Basta referir que tem 467 litros de volume útil e que, atenção, esconde uma roda suplente.
A posição de condução ideal é extremamente fácil de encontrar e uma vez que o Scala não recorre a uma dose excessiva de digitalização, nem tão pouco prescinde, por exemplo, de comandos físicos para controlo da climatização, não há por ali grandes motivos de distração, não faltando, ao mesmo tempo, o equipamento que se espera encontrar num moderno e prático automóvel de família. Os espaços de arrumação, por exemplo, abundam e as ligações sem fios para smartphones fazem também parte da oferta.
Os detalhes Simply Clever estão igualmente presentes neste Scala, como o chapéu de chuva escondido na porta do condutor e o raspador de gelo na tampa do depósito. O botão de arranque do motor colocado no sítio onde habitualmente está posicionado o canhão de ignição é mais uma prova de como a Skoda pensa efetivamente na forma como os automóveis são utilizados. Os materiais são, onde realmente importa, agradáveis ao toque e a sensação de solidez é geral.
Debaixo do motor esconde-se o motor 1.0 TSI, aqui na sua versão de 116 cavalos e acoplado a uma caixa manual de 6 velocidades – transmissão DSG de 7 velocidades disponível por 2.000 euros adicionais – uma combinação que mostrou estar à altura da performance e eficiência esperada numa proposta como esta. Revelou “pulmão” mais do que suficiente para ultrapassar em segurança e regressou a casa com um consumo final de 5,7 lt/100 km. Considerando a utilização intensiva do ar condicionado e a ausência de qualquer eletrificação, trata-se de um registo muito bom. Um comportamento dinâmico de exceção não é a sua prioridade, mas revela agilidade mais do que suficiente e, acima de tudo, inspira segurança ao condutor.
Comandos leves e bem calibrados – direção, pedais e caixa – combinam-se assim com uma dose adequada de potência e bons consumos para fazerem do espaçoso Scala, quiçá, uma das melhores propostas do seu segmento para as pequenas famílias. Não é o mais entusiasmante do ponto de vista dinâmico, mas é confortável. É visualmente sóbrio, mas é, ao mesmo tempo, esteticamente moderno. É compacto por fora, mas versátil por dentro. Fácil de conduzir e fácil de conviver no quotidiano, o globalmente competente Scala continua a ser, injustamente, um modelo pouco visto nas nossas estradas. E isto tudo por cerca de 25 mil euros.