Ensaio Total: Volkswagen Tiguan 2.0 TDI 150 cv DSG R-Line
Um dos mais bem-sucedidos modelos da Volkswagen, o Tiguan entra agora numa nova fase da sua vida com a introdução da muito aguardada terceira geração. É um automóvel integralmente novo e tem como base a mais recente evolução da plataforma MQB. Argumentos totalmente renovados para dar continuidade a uma história de sucesso e em teste, neste primeiro contato, com o consagrado motor 2.0 TDI debaixo do capot.
Sem romper por completo com as linhas que sempre o definiram – seria arriscado, uma vez que já se venderam mais de 7,5 milhões de unidades – o Tiguan vai a jogo com um design que, não sendo arrojado e excessivamente trabalhado, transmite a modernidade e solidez que sempre definiu os modelos da Volkswagen. É, sem dúvida, um SUV do qual é fácil gostar, com um visual robusto que é, no caso da unidade ensaiada, complementado pela inspiração desportiva da linha R-Line.
Muito digital
A bordo, são muitos os elogios a fazer ao Tiguan. A qualidade dos materiais, como seria de esperar, destaca-se pela positiva e é óbvia a importância do fator digitalização a bordo. O ecrã tátil de 15 polegadas faz parte do Pacote Infotainment Plus – cerca de 2.500 euros adicionais – e pode até parecer desnecessariamente grande, mas a verdade é que a dimensão é benéfica para a experiência de utilização do sistema MIB4, rápido e intuitivo, mas o qual acumula um grande número de funções.
Ao centro da consola do Tiguan está colocado um pequeno controlo tátil rotativo que permite regular o volume multimédia e alternar, de forma simples, entre os vários modos de condução, bem como selecionar a atmosfera preferida para o interior, ajustando a iluminação ambiente.
A posição de condução é muito boa, sendo muito fácil definir a configuração ideal graças à abrangente amplitude de ajustes. Os bancos deste R-Line são bons e bonitos, mas o encosto integrado pode retirar alguma visibilidade aos passageiros traseiros. Não é, no entanto, dos piores neste aspeto.
Lá atrás
As notícias são igualmente boas para quem tiver de viajar no banco de trás. As portas não são muito grandes, mas possibilitam um acesso fácil e o muito espaço livre no interior garante a habitabilidade digna de um verdadeiro familiar. Nos lugares laterais, o assento é bem desenhado e possibilita um bom suporte para as pernas e os espaços de arrumação nas portas estão forrados a alcatifa. Um detalhe que aprecio sempre encontrar. Climatização independente e duas tomadas USB de 45 W estão ali também disponíveis.
O argumento do banco traseiro deslizante permite fazer variar o espaço livre para as pernas dos passageiros de trás e o volume disponível na mala, espaço cuja capacidade máxima de 652 litros supera a da geração anterior em 37 litros. Certamente não vai ser na avaliação da versatilidade e sentido prático que o Tiguan vai sentir dificuldades perante a concorrência.
Motorizações para todos os gostos. TDI ainda respira (e bem)
Se por um lado o novo Tiguan traz consigo uma nova geração de propulsores híbridos plug-in – com a promessa de uma autonomia elétrica de cerca de 100 quilómetros e o argumento de suportar carregamento DC – por outro continua a apostar nos consagrados (e por muitos, mal vistos) motores TDI.
Não há muito a dizer sobre a combinação do motor dois litros, a gasóleo, com a caixa DSG da Volkswagen que ainda não tenha sido dito ou, neste caso, escrito. Possante e eficiente, continua a ser uma excelente escolha se a utilização prevista para o Tiguan incluir realizar longas viagens em nacional ou autoestrada. Neste teste, o computador mostrava uma média final de 6,7 lt/100 km numa utilização mista.
Se o objetivo não passar por longas viagens estrada fora e um híbrido plug-in não for opção, o Tiguan está também disponível motor motores eTSI, a gasolina e com tecnologia mild hybrid. Escolhas o que escolheres, ficas a saber que o Tiguan está sempre equipado com transmissão DSG.
DCC Pro, jantes de 20 polegadas e piso degradado
Uma das novidades nesta mais recente geração do Tiguan é a tecnologia de amortecimento variável DCC Pro, a qual permite ajustar a suspensão em 15 níveis diferentes. A amplitude da gama de funcionamento da suspensão e a rapidez com que é possível mudar-lhe a configuração, com os efeitos a sentirem-se quase de forma imediata, são pontos positivos, mas a verdade é que, neste Tiguan com jantes de 20 polegadas e pneus com perfil de medida 40, a sua eficácia sai ligeiramente comprometida. Deixem-me tentar explicar.
Selecionando-se um dos modos de amortecimento mais brando para rolar sobre asfalto em boas condições, as baixas frequências são ultrapassadas com subtileza e um elevado nível de conforto que nem o ligeiro ruído de rolamento da borracha de baixo perfil consegue prejudicar.
Porém, ao circular sobre alcatrão em mau estado ou ao enfrentar alguns dos repentinos obstáculos (lombas, entenda-se) de dimensão exagerada que insistem em colocar nos ambientes citadinos, o DCC Pro acaba por funcionar melhor se selecionado um nível de dureza superior, incutindo um pouco mais de controlo à suspensão, sem prejudicar o conforto sentido. Antes pelo contrário, pois pelo menos nesta experiência, pareceu beneficiá-lo.
Se assim não for, o conjunto amortecedor e mola parece não conseguir filtrar as irregularidades e os seus movimentos excessivos transmitem uma sensação por vezes desagradável, sentindo-se demasiado o trabalho da suspensão a bordo, com algumas vibrações e ruído. Não consigo prever o seu comportamento em combinação com jantes de menor diâmetro e pneus com mais perfil de borracha, mas diria que a eficácia do DCC Pro, em termos de conforto, tornar-se-ia ainda mais evidente.
Onde obviamente a muita borracha disponível é bem-vinda é quando se quer andar depressa. E também aí o amortecimento DCC Pro é um grande atributo, aliando a rigidez de uma configuração mais desportiva à boa resposta da direção para permitir que o Tiguan despache curvas como poucos SUV do seu segmento conseguem. Estável, rápido e praticamente sem movimentos exagerados da carroçaria, o Tiguan agarra-se como uma lapa.
Gama Tiguan disponível a partir 38 mil euros
Quatro níveis de equipamento e uma abrangente gama de motorizações compõem o catálogo do Tiguan, garantindo variedade de escolha para os muitos clientes que a Volkswagen pretende conquistar a outras marcas ou fidelizar de gerações anteriores.
Mais do que o motor, cuja escolha dependerá muito das necessidades e tipo de utilização a dar ao Tiguan, fecho este ensaio com a sensação de que o visual desportivo da versão R-Line, embora apelativo, esconde o melhor que o Tiguan tem para dar.
Gostos não se discutem e, neste caso, prioridades também não, mas se a evolução e a sua competência global me pareceram, neste R-Line, tão óbvias, aposto que numa versão de inspiração mais familiar, o desempenho do novo Tiguan seria ainda mais convincente.
Preço da unidade ensaiada: 57.068 euros