Ensaio Sprint: Renault Captur E-Tech Full Hybrid
Não queria estar no lugar de qualquer um dos elementos da equipa da Renault que assumiu a responsabilidade de renovar a segunda geração do Captur. Ou melhor, como entusiasta dos automóveis, querer estar até queria, mas a tarefa é deveras exigente, como o é, sempre que é atualizado um modelo tão bem-sucedido como este. Lançado há cerca de dez anos no mercado, o Captur já acumulou mais de dois milhões de unidades vendidas num total de 90 países onde a Renault o comercializa. Portugal é um dos palcos comerciais onde este mais se tem destacado.
Esteticamente, o Captur mostra-se agora mais dinâmico, com um design da dianteira que o aproxima do estilo dos mais recentes modelos da marca como o novo Scénic. Na traseira, os farolins passam a contar com coberturas transparentes e a gama de jantes é também nova, com opções de 17, 18 e 19 polegadas, estas últimas, as que equipam o novo nível de equipamento Esprit Alpine deste “nosso” Captur. Continua a ser possível configurá-lo com carroçaria em dois tons, o que garante um total de 14 combinações possíveis para o exterior. No geral, o Captur está, na minha opinião, visualmente mais apelativo.
A bordo, o sistema multimédia de 10,4” OpenR Link com Google incorporado é um argumento de peso na era da digitalização, destacando-se pelo excelente grafismo e facilidade de utilização. Abaixo do display central, a Renault manteve, felizmente, controlos físicos para a climatização. O ambiente interior da versão Esprit Alpine combina de forma bem conseguida elegância com desportividade, contando com várias referências à marca de desportivos do grupo e elementos específicos como a bandeira francesa nos frisos laterais, os cintos de segurança com pespontos azuis, os pedais desportivos em alumínio, as soleiras das portas e o volante exclusivo. A sensação de qualidade é elevada, do melhor que existe no seu segmento.
A Renault aproveitou esta atualização para introduzir melhorias nas ligações ao solo, com uma geometria de suspensão revista, amortecimento reajustado e nova calibração da direção assistida. Novos são também os pneus Michelin 225/45 no caso deste Esprit Alpine. E a verdade é que o Captur está efetivamente mais ágil, com uma resposta mais rápida e precisa do eixo dianteiro, bem como com um comportamento mais dinâmico, com um superior controlo das deslocações de massa e consequentes movimentos da carroçaria. Mas consegue-o à custa de uma bem notória superior dureza de suspensão que não sei se lhe será benéfica, pois não me parece que essa seja a prioridade do cliente Captur, usualmente mais focado em áreas como o conforto – que era, anteriormente, superior – e a versatilidade. Nesta vertente, destaque para o banco traseiro com regulação longitudinal.
Nota muito positiva merece o novo My Safety Switch – um botão através do qual o condutor pode ativar ou desativar as definições personalizadas do extenso pacote de assistentes de condução – bem como o sistema áudio Harman Kardon com modos de som personalizados por Jean-Michel Jarre.
O já conhecido propulsor híbrido de 145 cavalos da Renault continua a convencer pela facilidade com que se atingem médias de consumos baixas graças a uma boa capacidade regenerativa que lhe permite circular regularmente, em especial em cidade, em modo elétrico. A nova função E-Save permite manter o nível de carga da bateria a, pelo menos, 40%. Neste ensaio, a média raramente “fugiu” dos 5 lt/100 km.
A Renault propõe o novo Captur a partir de 23.500 euros, numa gama composta por três níveis de equipamento – Evolution, Techno e Esprit Alpine – e com motorizações a gasolina, a gasolina com tecnologia mild hybrid, Bi-Fuel (gasolina e GPL) e a full hybrid que reencontrámos para a realização deste ensaio, o qual está disponível a partir de 30.500 euros no nível intermédio ou desde 33.500 euros no caso deste topo de gama inspirado no espírito da marca de desportivos Alpine.