Ensaio Sprint: Volkswagen Golf 1.5 eTSI 115 cv DSG
Como seria de esperar, o novo Golf pode até não parecer assim tão novo, pelo menos no que à estética diz respeito. E isso está longe de ser um problema, uma abordagem que lhe tem garantido ser um sucesso ao longo de cinco décadas de história e de oito gerações. Este Golf “8.5” retoma assim a filosofia da Volkswagen, a de ir retocando e modernizado, de forma regular, mas moderada, o visual do seu mais emblemático modelo.
Mudou pouco, ou seja, mudou na “dose Golf”
No exterior, os para-choques foram redesenhados, os faróis também foram alvo de atualização, o símbolo VW é iluminado e pouco mais mudou. Para alguns será pouco, mas para 37 milhões de condutores nos últimos 50 anos, a “maneira de ser e estar” do Golf provou ser a correta.
E eu concordo. Os ligeiros ajustes foram mais do que suficientes para o Golf continuar a apelar a muitos clientes, imagem forte que é, neste caso, acompanhada de outras melhorias no habitáculo, o qual conta agora com a mais recente geração do sistema de infotainment, mais rápido e intuitivo. A barra tátil junto do ecrã é agora iluminada e os quatro atalhos colocados mais abaixo continuam a ser uma boa solução. O volante perdeu os controlos táteis, o que é, igualmente, uma boa evolução.
Apesar da qualidade global elevada transmitida pelo habitáculo, abaixo da linha média do tablier, bem como na consola central, considero que o Golf merecia incorporar materiais um pouco mais agradáveis. É um Golf, bem sei, mas também por isso, por ser um Golf, merecia-o.
Golf de entrada ganha um cilindro
Debaixo do capot as novidades são, garanto-vos, mais significativas. E são boas, também. O Golf passa agora a contar com a mais recente geração dos propulsores híbridos plug-in do grupo e a motorização de acesso à gama passa também a ser feita pelo motor 1.5 litros de quatro cilindros que serve de base às novas motorizações PHEV. Está disponível em versão não eletrificada ou neste eTSI com tecnologia mild hybrid.
Comparativamente ao motor de três cilindros 1.0 TSI de 110 cv e 220 Nm que saiu de cena, o incremento em potência e binário podem até não ser muito significativos – 115 cv e 220 Nm – mas a verdade é que este 1.5 TSI é bem mais agradável de utilizar. Falta-lhe um pouco da “pujança” já conhecida da variante de 150 cavalos a partir dos médios-altos regimes, mas a disponibilidade revelada chega e sobra para o Golf e para os ritmos diários que a lei permite e a segurança defende.
A presença da transmissão DSG dá também um ótimo contributo para o bom desempenho do motor e para a agradabilidade da condução, rápida e discreta nas passagens, permitindo à mecânica descansar e ao Golf rolar em “roda livre” em situações de menor exigência de potência. O motor 1.5 TSI conta igualmente com sistema de desativação de cilindros, ajudando a terminar este ensaio com média final combinada de 6,6 lt/100 km.
Preço é elevado
É difícil apontar um defeito a um automóvel como o novo Golf. Se já era bom, então agora está garantidamente melhor. Aprovo a coerência desta renovada oitava geração com aquilo a que as anteriores se propuseram desde 1974, ser um automóvel para tudo e para todos os dias, bem como aprovo a sensação de competência global que constantemente transmite e à qual é-me impossível ficar indiferente.
Porém, mesmo sendo verdade que o Golf faz praticamente tudo bem e não esquecendo que estamos na presença de uma unidade com nível de equipamento R-Line reforçado com 3.425 euros de extras, um preço final de 47.662 euros está longe de se justificar pela qualidade e competência globais e, pior ainda, está longe de ser para todos.
E isto, sendo o Golf um produto tão completo e tão apreciado, é realmente uma pena, dificultando, cada vez mais, o crescimento do impressionante número de 37 milhões de unidades a que qualquer fã de automóveis e da sua história, da qual o Golf é um inegável pilar, gostaria de continuar a assistir. Longa vida ao Golf.