Ensaio Sprint: KGM Korando 1.5 T-GDi K3
Ainda que o ponta de lança da ofensiva de produto da recém-lançada KGM seja o novo Torres, iniciei-me nos ensaios da marca coreana pelo regressado Korando. Visualmente, simpatizei com o SUV de segmento C logo no dia de apresentação da marca em Portugal. Apreciei a robustez e simplicidade das linhas e os contrastes dos elementos a preto, apesar do seu design não ser o último grito em termos estéticos, uma vez que o Korando só é “novo” aqui no nosso cantinho. Mas, muito provavelmente, foi exatamente isso que mais me apelou, o não ser como os outros. Quando o logótipo da KGM substituir o da Ssangyong, o Korando ficará ainda melhor.
Ao interior, em particular ao tablier, faço um comentário idêntico. Não conta com o estilo mais atual – o volante também ainda não foi, nesta unidade, atualizado – e há uma talvez exagerada aplicação de plásticos em preto brilhante. Os materiais não estão, como esperado, ao nível do que melhor se faz no segmento, mas tudo está no sítio e aparenta ter uma construção sólida. O sistema de infotainment tem uma apresentação simples, mas dispõe de tudo o que se espera encontrar numa proposta deste segmento. Destaque ainda para a boa qualidade de imagem da câmara traseira e para o painel de instrumentos digital com vários modos de apresentação da informação.
A posição de condução é correta, mas o Korando merecia claramente estar equipado com bancos mais confortáveis. Nas viagens mais longas, é notória a falta de suporte lombar, o que conduz, facilmente, a desconforto ao chegar ao destino. O espaço atrás impressiona pela positiva, com bastante espaço livre para os joelhos e cabeça, mesmo para passageiros com 1,80 metros de altura (ou até mesmo um pouco mais). A bagageira oferece 423 litros de capacidade e o fundo amovível “partido” em duas secções permite compartimentar o espaço, solução útil para impedir, por exemplo, espalhar as compras da semana para fora dos sacos.
Ao volante, gostei da forma como o Korando pisa o asfalto. Não é, garantidamente, o modelo mais confortável do segmento, mas revelou capacidade de filtragem mais do que suficiente, mostrando-se, ao mesmo tempo, ágil ao acelerar-se ao ritmo da condução. Para esses momentos, é possível reduzir um pouco a assistência da direção através de um botão na consola, mas a diferença, embora se sinta, não é muito significativa. A caixa manual de seis velocidades conta com bom tato e precisão, contando também com um escalonamento longo, privilegiando as baixas rotações ao circular em autoestrada.
O motor 1.5 litros, quatro cilindros, turbo, a gasolina, entrega 149 cavalos e 280 Nm às rodas da frente. O binário disponível às 1.500 rpm fez-se sentir logo nos primeiros metros, puxando o Korando para a frente de forma imediata e linear com a subida de regime. É um propulsor possante e que soa, quase sempre, refinado e agradável ao ouvido. O seu maior problema é mesmo um gosto enorme por gasolina, pois não foi fácil completar percursos combinados com médias agradáveis para a carteira. Com algum esforço e em condições ideais, consegui 8,1 lt/100 km, mas a sensibilidade do motor ao trânsito citadino e à pressão do pé direito fazem-na facilmente resvalar para a casa dos 9 lt/100 km.
Considerando as cotas de habitabilidade, a extensa lista de equipamento e o nível de potência oferecido, o preço canhão de 28.900 euros faz do Korando uma proposta verdadeiramente apetecível entre os SUV de segmento C. Não é, como disse, o modelo com a imagem mais atual ou emocionante do mercado, mas tem argumentos mais do que válidos, sendo o maior deles, facilmente, o chamado “value for money”. Se a ideia for percorrer muitos quilómetros, então é essencial fazerem-se as contas à gasolina ou esperar que o importador decida trazer para cá o Korando disponível em Espanha, a gasolina, mas igualmente a GPL. Que bom seria.