Ensaio Sprint: Jeep Avenger 1.2 e-Hybrid 48V 100cv eDCT
O Avenger foi o modelo da Jeep que assumiu a responsabilidade de dar início a uma nova era na história da marca, a dos modelos 100% elétricos. E desde logo não se adivinhava uma tarefa fácil. Não tanto pela extensa herança da marca entre os modelos todo-o-terreno habitualmente equipados com grandes e potentes motores de combustão, mas principalmente porque o automóvel elétrico, embora já conte atualmente com uma presença significativa no mercado, está ainda longe de ser a solução de mobilidade que os automobilistas procuram ou podem ter. A Jeep, e bem, reagiu à inércia da transição energética do setor, tendo introduzido no mercado uma nova variante do modelo eleito “Car of the Year” em 2023, com grau de eletrificação inferior, sem qualquer dependência de carregamento externo, um Avenger híbrido.
Em vez do motor elétrico e de uma grande bateria, este Avenger esconde debaixo da sua carroçaria um motor de três cilindros com 1,2 litros de cilindrada, a gasolina, de 100 cavalos e uma caixa de dupla embraiagem de seis velocidades com uma pequena máquina elétrica integrada. Uma combinação que não só dá ao Avenger uma desenvoltura muito adequada aos ritmos do quotidiano, contando com o ligeiro – mas ainda assim notório – contributo do binário adicional do motor elétrico ao regressarmos ao acelerador, bem como a capacidade do mais pequeno dos Jeep se deslocar exclusivamente em modo elétrico em determinadas situações, por exemplo, quando a pressão sobre o acelerador é reduzida ou ainda ao efetuarmos pequenas manobras, não sendo, no entanto, possível forçar o modo elétrico consoante a nossa vontade.
Embora possa parecer, em teoria, uma eletrificação com pouca contribuição para a eficiência, na prática as coisas são bem diferentes. Completei, por diversas vezes e sem grande esforço, viagens com médias de consumo em redor dos 5 lt/100 km e vários percursos maioritariamente citadinos em que a propulsão elétrica foi utilizada entre 50 a 60% do tempo. Considerando os quatro dias em que convivi de perto com o Avenger e-Hybrid nas minhas deslocações, consegui um registo final de consumo bastante convincente: 5,7 lt/100 km. Outra vantagem indiscutível desta configuração híbrida é notória no interminável “para e arranca” à hora de ponta, bastando tirar o pé do travão para que o motor elétrico faça o Avenger avançar (no inferno da 2ª circular, metro a metro, até ao destino).
Estão disponíveis vários modos de condução, os mais convencionais Sport, Normal e Eco, mas também os assumidamente “Jeep”, Areia, Lama e Neve. O Avenger é efetivamente um modelo muito agradável de guiar, com a paz de espírito que uma boa altura livre ao solo e rodas grandes dão, mas com a agilidade típica de um modelo de segmento B. Com estas dimensões, e tal como outros modelos do grupo assentes nesta plataforma, não é a proposta mais espaçosa do segmento, mas cumpre bem as tarefas do quotidiano, com soluções de arrumação práticas no interior. Não lhe falta o controlo de velocidade nas descidas para os mais aventureiros, nem tão pouco um comando fácil para desligar o alerta de velocidade para os mais impacientes. Felizmente, o som nem é muito incomodativo. Falta-lhe, no entanto, um pneu suplente.
O Avenger e-Hybrid está disponível na versão Longitude por um preço a partir de 28.250 euros, mas este Summit, topo de gama, já custa mais 4.000 euros, valor ao qual é preciso ainda adicionar os muitos opcionais da unidade ensaiada, como por exemplo, o teto de abrir panorâmico, a pintura bicolor e os packs Winter & Leather e Infotainment. Feitas as contas, o preço final “atira-se” assim para 37.461 euros, mas há claramente um Avenger híbrido “ideal” posicionado mais abaixo na gama, com preço mais simpático. Importa ainda mencionar que a Jeep irá lançar em breve uma versão com tração integral eletrificada na gama, o Avenger 4xe, com um motor elétrico adicional no eixo traseiro.