Ensaio Sprint: Tesla Model 3 Performance
Os números não dizem tudo, mas dizem muito. O Model 3 foi o terceiro modelo ligeiro de passageiros mais vendido em Portugal no ano passado. É certo que o resultado não exprime, na totalidade, a realidade de um mercado maioritariamente composto por clientes empresariais, mas o sucesso nacional e além-fronteiras da berlina compacta da Tesla é inquestionável.
Potente, mas eficiente
No caso particular deste Performance, com elementos estéticos específicos – como os para-choques e pequeno spoiler traseiro – os números falam também por si. Dois motores elétricos, um por cada eixo, disponibilizam uma potência de pico de 460 cavalos e aceleram este Model 3 dos 0 aos 100 km/h em 3,1 segundos, uma capacidade de aceleração capaz de deixar os menos habituados verdadeiramente desconfortáveis. Mas tão impressionante quanto a aceleração é o facto deste todo-poderoso Model 3 ser também muito eficiente, tendo chegado ao fim do ensaio com uma média combinada de 16,1 kWh/100 km. A capacidade regenerativa do propulsor é elevada, contribuindo igualmente para a eficiência global de utilização, e permite até que o Model 3 se imobilize sem tocarmos no pedal de travão.
Motricidade elevadíssima
O chassis deste Performance foi revisto para lidar com a muita potência disponível, dispondo, por exemplo, de travões mais poderosos – com ótima sensação ao pisar o pedal – suspensão com dureza variável e casquilhos e barras estabilizadoras específicas. A motricidade é elevadíssima, potenciada, também, pela boa aderência da muita borracha que se assume como o último elemento de ligação ao solo, neste caso, Pirelli P Zero de medida 235 35 e 275 30, à frente e atrás, respetivamente, em jantes forjadas de 20 polegadas. A direção é rápida, mas a informação que chega às mãos é insuficiente.
Firme, sem ser desconfortável
A verdade é que nem é preciso selecionar-se o modo (ainda) mais firme do amortecimento para que as capacidades dinâmicas do Model 3 se revelem, mas se o adornar de carroçaria já é, no modo normal, muito controlado, mais ainda o é no modo mais desportivo. Sempre muito estável e eficaz, a potência é de tal forma elevada que, em ambiente público, nem me senti muito à vontade para explorar mais os limites do chassis. O Track Mode permite ainda adaptar parâmetros como a regeneração, o controlo de estabilidade e o equilíbrio do chassis, favorecendo a subviragem ou a sobreviragem.
Experiência a bordo
O Model 3 regressará em breve à Garagem para um ensaio à versão Long Range de tração traseira, mais representativa do mercado, a qual servirá para retirar conclusões dos aspetos mais relevantes de uma experiência de utilização no quotidiano. Ainda assim, posso adiantar, após ter passado uma semana com este Performance, que, avaliações como a habitabilidade e espaço de carga, bem como o sistema de infotainment, uma verdadeira central de controlo do Tesla, merecem nota positiva. Por outro lado, aspetos como a visibilidade traseira, algo limitada pelo design da carroçaria (na minha opinião, bem conseguido e ainda muito atual) e, principalmente, soluções como incorporar os piscas no volante e o controlo do sentido de marcha no ecrã tátil, não me pareceram tão bem conseguidos.
Resta abordar a questão do preço, o qual, ao dia de publicação deste texto, é de cerca de 58.500 euros, um valor que considero bastante apelativo considerando o excelente equilíbrio mostrado entre performance e eficiência, bem como a quantidade de equipamento de conforto e tecnologia disponível a bordo. Será mesmo necessária tanta potência e capacidade de aceleração? Não, não é. Mas está disponível para quem não lhe resista.