Ensaio Sprint: Polestar 4 Long Range Dual Motor
Começo pela conclusão: este Polestar 4 Long Range Dual Motor não é para todos. É, na verdade, para muito poucos. Mas, para os que é, é muito bom! Por várias razões. Preço, especificações, design, soluções tecnológicas, mas, principalmente, porque é como as trufas: não é por ser caro, que é, imediatamente, bom. Mas é, indiscutivelmente, bom. Não é é para todos os gostos.
Seguindo para o início deste ensaio sprint, o objectivo é mostrar, num texto relativamente curto, as características do modelo, prós e contras e finalizar com uma conclusão – pessoal, claro – das minhas impressões. Como disse no preâmbulo, não é para todos os gostos. Mesmo que todos o pudéssemos comprar – 91.500€ na configuração testada, com preço base de 73.700€ – nem todos o iríamos apreciar. Muito simplesmente porque creio que é de gosto adquirido. Senti que foi necessária muita habituação a tudo. Talvez por falta de hábito, é certo, mas nada me pareceu natural, como em alguns modelos (o Polestar 2, por exemplo). Ainda assim, é indiscutível a qualidade deste Polestar 4.


O elefante na sala
Não é pelas mais de 2.3 toneladas e 3 metros de distância entre eixos, até porque há mais pesado e maior – e nem sequer é assim tão grande -, mas quando me sentei no lugar do condutor, a sensação que tive é de que estamos a conduzir um carro muito grande. Sou de estatura média (ou pelo menos é disso que me quero convencer, com os meus 1,73 metros de altura) e fiquei a sentir que os 4,8 metros de comprimento e 1,54 de altura eram muito maiores do que pareciam do lado de fora.
O Polestar 4 tem proporções muito boas, dá uma impressão de desportividade e dinâmica, mas, lá dentro, sinto-me “apequenado”. Tem muito espaço, sem dúvida, e é muito iluminado, especialmente pelo grande tecto panorâmico em vidro, mas a visibilidade dianteira e lateral podia ser melhor, o volante podia ser mais pequeno ou, pelo menos, mais ergonómico e a coluna central podia ser mais esguia. Passei o ensaio a bater com o joelho direito entre o volante e a coluna. A mobilidade no cockpit é bastante reduzida, o que pode explicar essa sensação de “apequenamento”. O facto de não ter vidro traseiro não é assim tão estranho, embora o ecrã que substitui o retrovisor parece aumentar, ainda mais, esta sensação.


Mas é bom?
Muito! Ao fim dos três dias que passei com o carro já estava a sentir que “pertencia”. Algumas coisas já eram naturais, já tinha configurado tudo ao meu gosto, já tinha encontrado a minha posição de condução certa para aquele modelo e já não me sentia tão pequeno. É certo que algumas coisas não me agradavam, mas é difícil agradar a todos. Pessoalmente, para além da ergonomia geral que referi, algumas melhorias no infoentretenimento iam ajudar à fluidez da condução, nomeadamente nos acessos rápidos. O interface é algo confuso e requer habituação.
Mas tem coisas de sobra que compensam. Para começar, o espaço. Muito espaço para 2 passageiros traseiros. Parece classe executiva dos aviões. Dá quase para esticar as pernas e os bancos têm regulação eléctrica. Melhor não há! A bagageira tem 526 litros com praticamente 1 metro de distância desde a abertura até aos bancos traseiros. A bateria deste Polestar 4 Long Range Dual Motor é de 100 kWh, o que dá, de acordo com a marca, para 590 km – menos 30 que a versão com um só motor – mas, de acordo com os meus 23 kWh/100 km de média, é mais realista contar com 500 km, o que também não é mau. Leiam e vejam o ensaio do Isaac à versão Single Motor para um consumo melhor.




Os dois motores totalizam 400 kW de potência (544 cv) o que permite acelerar dos “0 aos 100” em 3,8 segundos e fazer recuperações assustadoras. A uns simples 40 ou 50 km/h pisamos o acelerador e num piscar de olhos já estamos a travar porque a estrada já está a afunilar. Velocidade está limitada a 200 km/h e chega muito bem. Apesar de os números impressionarem, e com a ajuda do pack performance com jantes de 22 polegadas, pneus Pirelli P Zero, travões Brembro e chassis com amortecedores activos ZF com afinação desportiva, não é um carro que convide a acelerar. Esta é uma das razões de eu dizer que não irá agradar a todos. Parece pouco natural um carro destes ter um pendor desportivo, quando, na verdade, a mim passou-me a impressão de GT eléctrico para longas distâncias com muito conforto, rápido q.b. e para levar a família. E, para isso, a versão Long Range Single Motor é o ideal.
Se deixa de ser um carro impressionante? De todo! Mas parece que puseram a carne toda no assador e este carro é mais para apreciadores de um bom corte maturado. E, tal como a carne maturada, não é do agrado de todos.