Ensaio Sprint: Honda HR-V
Num mundo cada vez mais focado nos eléctricos, será que um híbrido ainda tem argumentos? A Honda acha que sim.
Apesar de já disponibilizar eléctricos aos seus clientes – coisa que estava demorada e com alguma resistência – a Honda continua a apostar nos híbridos. Lembremo-nos que a Honda foi, juntamente com a Toyota, as percursoras desta tecnologia nos idos anos 90. No entanto, os tempos mudam, as vontades alteram e, principalmente, a oferta altera. Será que os “velhinhos” híbridos ainda estão para as curvas?
Muitas marcas ainda acham que sim. Aliás, quase todas contam com modelos que têm sistemas mild-hybrid (que, honestamente, só tornam os carros mais caros, sem nenhuma vantagem efectiva no mundo real) e com os seus verdadeiros híbridos; estes, sim, vantajosos. O Honda HR-V entra nesta categoria.



Podia ser melhor
Uma afirmação que podemos dizer de quase todos os carros; nenhum é perfeito. No entanto, embora o HR-V tenha muitos pontos a favor, começa a parecer desactualizado. A culpa não é dele. A concorrência é que está a avançar a uma velocidade muito alta. Coisa que este HR-V também não consegue fazer. Consegue atingir os 170 km/h e acelerar em 10,6 segundos dos 0-100. Valores singelos, mas normais. A sensação é que é curiosa, pois parece muito mais lento, muito por culpa da caixa CVT de rácio alto. A combinação híbrida do motor de 1.5 litros a gasolina de 107 cavalos e o eléctrico de 131 deviam ser um pouco melhores. Afinal de contas, bastaria o motor eléctrico para o carro “andar bem”.
Se isto é um problema? Não. Terminei o ensaio com um consumo de 4,9 litros / 100km ao fim de quase 300 km percorridos, sem qualquer preocupação. Podia fazer melhor, sim, mas se para um carro consumir poco temos de andar mais preocupados com isso do que com a condução, então alguma coisa está errada. Ainda assim, 4,9 é um bom consumo. Suspeito que se substituíssem o motor a combustão e toda a mecânica associada por uma bateria e deixassem só o motor eléctrico, teriam um carro muito melhor a todos os níveis. Ah, espera, eles já têm um assim. É o Honda e:NY1. O nome é complicado, mas é um HR-V eléctrico. Mas é ainda mais caro.



Preço: o problema
Os pontos positivos deste HR-V são os clássicos da Honda: qualidade de construção, dos materiais, robustez, um carro sólido a todos os níveis. Mas, tal como referi há umas linhas atrás, começa a parecer desactualizado. E com um preço de 37.500€ para esta versão de entrada Elegance (as Advance, Lifestyle e Lifestyle Plus custam, respectivamente, 40.750€, 44.000€ e 45.000€) é o suficiente para afastar os clientes quando comparados com a concorrência. Bem sei que os híbrido são caros, embora prometam poupança, mas com os eléctricos do segmento abaixo a serem cada vez mais baratos e os do segmento acima demasiado próximos destes valores, começa a ficar difícil justificar este preço. A vantagem deste híbrido continua a ser o selling point da Honda: é um carro que dura uma vida.