Ensaio Total: Ford Explorer Premium RWD 286 cv
O novo Explorer é um alvo fácil para os muitos internautas que, apaixonados pela sua Ford, não conseguem lidar com o facto desta nova geração assentar sobre a plataforma MEB de origem Volkswagen. Mas será isso um problema? Será o Explorer melhor ou pior automóvel do que poderia ser se não partilhasse tecnologia com, por exemplo, o VW ID.4? O tema repete-se, as perguntas também e a resposta é óbvia e compreensível: a essencial redução de custos.


Visualmente, apesar de apreciar, até certo ponto, o minimalismo das linhas da família ID da Volkswagen, a estética do Explorer nada tem a ver com a do modelo alemão (o ID.4, entenda-se. Porque o Explorer também é alemão, “nasce” na fábrica da Ford em Colónia). O Ford é, aos meus olhos, mais dinâmico, mais moderno e tem, garantidamente, mais personalidade. Nesta cor de lançamento, Arctic Blue, sem custo adicional, resulta particularmente bem. As jantes de 21 polegadas também não passam despercebidas e ajudam a criar impacto, bem sei.
Por dentro
A diferenciação prolonga-se, também, ao habitáculo. Sim, os mais atentos e conhecedores irão identificar mais soluções partilhadas com a Volkswagen – o painel de instrumentos digital, a má solução do botão “REAR” para comandar os vidros traseiros, bem como o controlo da transmissão na coluna de direção, por exemplo – mas no geral, a bordo, nunca me senti num ID.4. Os materiais são, também, maioritariamente rijos, mas os acabamentos estão em bom nível. Já o grande ecrã do infotainment, em posição vertical, pode ser ajustado em inclinação, revelando um espaço de arrumação, algo que é, no Explorer, e bem, abundante.


Não me agradou o excesso de comandos táteis e nem me refiro ao sistema de infotainment, cuja dimensão de ecrã e menus bem organizados permitem uma utilização fácil e intuitiva. Refiro-me, sim, aos comandos no volante e na consola, por exemplo, para controlo do volume de som e dos quatro piscas. Superfícies táteis não são boa solução e não estou a dar novidade nenhuma. Do lugar do condutor, apreciei, porém, o desenho do banco e a facilidade com que se encontra a nossa posição ideal, mas achei a visibilidade algo limitada na base do primeiro pilar, prejudicada pelo grande retrovisor exterior.
Bom familiar
No que diz respeito ao banco traseiro, o Explorer mostrou estar à altura das necessidades das famílias. O espaço para pernas e cabeça permite viajar com folga mais do que suficiente e até o desenho do assento, mesmo faltando um pouco de comprimento, proporciona suporte adequado para as pernas. O piso plano, um lugar central que se pode usar em trajetos curtos e a presença de tomadas USB-C, saídas de ar e de um grande tejadilho panorâmico complementam o bem-estar a bordo. A bagageira oferece 470 litros de volume e a presença de um piso amovível ajuda a criar um plano de carga contínuo com o rebatimento do banco.


Os motores do Explorer
Em termos de motorizações, a Ford propõe na gama do Explorer uma versão de acesso com motor traseiro de 170 cv e bateria de 52 kWh, uma de topo com duas máquinas elétricas, 340 cavalos de potência e bateria de 79 kWh e esta intermédia, com 286 cavalos, bateria de 77 kWh e, tal como a versão de entrada, tração traseira. Esta última é, muito provavelmente, a mais interessante da gama, com muita potência disponível e uma autonomia declarada, neste recheado Explorer Premium, a rondar os 570 quilómetros. Neste ensaio, maioritariamente feito em estrada nacional e cidade, consegui uma média de consumo de 15,5 kWh/100 km, o que coloca a autonomia real nos 500 quilómetros. Em autoestrada, como é hábito, é preciso contar com mais uns kWh de média.
Condução: mais Ford, menos VW
Ao volante, algo de que me apercebi rapidamente foi a facilidade com que se realizam manobras com o grande Explorer graças à sua excelente brecagem, fruto da configuração de motor traseiro. Já em andamento, o Explorer voltou a surpreender, pois embora partilhe plataforma e outros componentes com modelos do Grupo Volkswagen, o seu comportamento é distinto. A Ford dedicou-se a afinar o chassis do Explorer dando-lhe a sua própria assinatura, com mais dinamismo e, admitamos, por vezes à custa de um pouco de conforto e refinamento.


No caso do Explorer, a nova combinação de amortecedores e molas, as novas barras estabilizadoras e novos casquilhos, bem como uma recalibração da assistência da direção e do controlo de estabilidade resultam numa experiência de condução que, não sendo digna de desportivo, é garantidamente “mais Ford”, mais dinâmica do que a oferecida pelo ID.4 e sem prejudicar em demasia o conforto de rolamento. E num segmento 100% elétrico em que a firmeza é tantas vezes precisa para controlar o peso elevado justificado pela bateria, sem que daí surja um verdadeiro benefício em termos de comportamento, aprovo o trabalho da Ford na afinação do Explorer.
Capri é o próximo “Ford MEB”
O Explorer foi o primeiro Ford construído sobre a estrutura MEB da Volkswagen, mas não vai ser o último. A gama 100% elétrica da marca americana já inclui também o regressado Capri, outro modelo que recorre a solução técnica idêntica e que também está a dar muito que falar entre os fãs da marca da oval azul. Mas a verdade é que a estratégia, pelo menos em termos de produto, funciona. O Explorer convence, por exemplo, pelo design diferenciador, pelo dinamismo da condução e pela habitabilidade. Peca, no entanto, por exagerar na adoção de controlos táteis. O tempo dirá, também, se esta foi, comercialmente, uma boa opção, mas o Explorer está aprovado.


Preços Ford Explorer
- Explorer Premium RWD 286 cv – 56.073 euros
- Unidade ensaiada com equipamento opcional: bomba de calor, jantes de 21 “, teto panorâmico, Pack Driver e pontos de fixação para rede de carga – 60.464 euros
- Campanhas: desconto de 5.535 euros sobre preço base (veículo e opções de fábrica); apoio à retoma de 1.845 euros. Campanhas válidas até 31 de março de 2025