SEAT Leon FR TDI. Uma questão de números
O nome Leon e a sigla TDI entraram para a história do desporto motorizado em 2008. O familiar da SEAT foi o primeiro – e até ao momento, único – campeão do mundo de turismos com motor Diesel, feito que repetiu no ano seguinte, quer no campeonato de pilotos, com Yvan Muller e Gabriele Tarquini ao volante, quer na classificação de construtores. Assim, e depois de muitos anos de idêntico sucesso comercial ao longo das suas três primeiras gerações, a combinação Leon e motor TDI pouco tem a provar. Mas será que esta união ainda se justifica? Para quem? Para que tipo de utilização? Fiz-me à estrada e fui à procura de respostas.
O Leon, apesar de novo, é já quase como que um velho conhecido da Garagem. Já o testámos com carroçaria Sportstourer e em versão Cupra, ambos com motorizações híbridas plug-in, bem como com motor a gasolina, o 1.5 eTSI de 150 cavalos, numa unidade 5 portas tal como este TDI que hoje vos trazemos. Em todas essas experiências, o recentemente eleito Carro do Ano revelou uma competência geral acima da média, principalmente no que à condução diz respeito. Este TDI não é excepção, principalmente por estar equipado com amortecimento variável, confortável para as longas viagens e para a cidade, mas muito eficaz nos percursos mais retorcidos.
Maior por dentro
A dotação de equipamento tecnológico também convence, com a obrigatória digitalização a ocupar um lugar de destaque no habitáculo do novo Leon. Por fora, apesar do seu design dinâmico e emocional, com uma forte identidade, assumida, principalmente pela secção traseira, onde a iluminação a toda a largura e o novo tipo de letra para o “Leon” são imagens de marca que o distinguem, é no seu interior que está uma outra grande evolução: a habitabilidade. Desenvolvido para quem gosta de conduzir, o Leon, nesta quarta geração, está também pensado para quem é, normalmente, conduzido. O espaço disponível no banco traseiro é agora muito superior, não faltando, igualmente, a climatização com controlo independente da temperatura.
Passemos ao motor TDI, cujos argumentos não são, também, novidade. Mas num mercado onde a electrificação e até os motores puramente a gasolina têm vindo a ganhar terreno, o Diesel tem cada vez menos expressão e já há algum tempo que não me cruzava com um. E a verdade é que me soube bem. Perseguidos e pressionados até à sua mais ínfima emissão, os motores a gasóleo actuais são bem menos nocivos para o ambiente do que, por exemplo, os primeiros motores TDI e quaisquer outros de gerações anteriores. Potentes, económicos, resistentes e fiáveis, a sigla TDI, goste-se ou não, tem um lugar na história recente do automóvel. Tive um e adorei.
Os números. Agora sim…
Este motor de dois litros do Leon tem 150 cavalos e 360 Nm, pulmão cheio logo às 1600 rpm. Ajudado pela caixa DSG de 7 relações, as recuperações são rápidas, permitindo completar ultrapassagens em menos de nada. A velocidade máxima é de 215 km/h e a aceleração até aos 100 km/h faz-se em 8,5 segundos. Não são números impressionantes, mas também não reproduzem, na totalidade, o andamento rápido que este motor consegue dar ao Leon. Mas mesmo que permitisse ser ainda mais rápido, um bom chassis com motor a gasóleo dificilmente dará ao condutor as mesmas sensações de um a gasolina, ainda que menos potente. O som e a maior liberdade de ganho de rotação de um propulsor a gasolina serão sempre melhores, mais recompensadores.
Campo onde este TDI brilha é na eficiência e na sua capacidade de complementar o Leon rolador que podemos ter ao escolher o modo mais brando da suspensão. O TDI respira baixinho quando a DSG selecciona a sua relação mais alta e em autoestrada os quilómetros passam tranquilamente, com o computador de bordo a mostrar valores muito baixos. E mesmo subindo o ritmo, mais tarde, para explorar o dinamismo inerente a um familiar com salero com o Leon, as médias de consumo voltam a surpreender. Fiz, inclusivamente, 100 km em estrada nacional para chegar a uma outra, com pouco mais de 8 km, com muitas curvas lentas, bem como com outras rápidas, igualmente exigentes. Cheguei ao fim, voltei para trás. Cheguei ao início, nova inversão de marcha e atirei o Leon para aquela serpente negra que tanto gosto de percorrer, uma vez mais. Regressei a casa, mais do que a tempo do almoço de Páscoa, e a média final registada foi de 5,7 l/100 km. Um número tão ou mais importante do que os 150 da potência. O Diesel está a desaparecer, mas os seus argumentos não.