Toyota Yaris 2000 vs 2021: Descubra as… semelhanças!
São múltiplas e, por vezes, vincadas as diferenças entre duas gerações de um mesmo modelo, ainda mais se estiverem separadas por duas décadas, um período que é nada menos do que gigantesco na galopante indústria automóvel, agora por demais voltada para a electrificação e mobilidade ecológica. Dado o enorme fosso visual e de conceito natural entre um bisavô e o seu bisneto, assenta que nem uma luva este “Descubra as Semelhanças”, em alternativa a um mais comum “Descubra as Diferenças”.
A Garagem traz-lhe hoje a primeira de 4 e também a mais recente geração do Toyota Yaris, modelo originalmente lançado em 1999 e que se aproxima rapidamente dos 9 milhões de unidades em circulação por todo o planeta. Juntámos, assim, um dos primeiros Yaris – um 1.0 VVT-i de Agosto de 2000 – e um dos mais recentes – um 1.5 Hybrid acabadinho de matricular – duas propostas que, de semelhanças, têm uma mão-cheia: a composição das 3 elipses que formam o logótipo da Toyota, símbolo que surge um pouco mais modernizado no bisneto, a assinatura “Yaris” na traseira, quatro rodas e um volante e ainda a carroçaria em vermelho, no mais recente metalizado com um contrastante tejadilho preto brilhante!
Ah… e algo para ajudar às vendas, o galardão de “Carro do Ano” na Europa, troféu que, curiosamente, ambos souberam conquistar com distinção!!! O velhinho Yaris até tem o indispensável tó-colante no limite inferior do vidro traseiro, pormenor que o novo dispensa, pelo menos nesta unidade em particular.
Substituto do best-seller Starlet (e também do maiorzinho Tercel, sem expressão por cá), o pequeno Yaris fez a sua entrada em grande, preparado para se impor nas tabelas de vendas do segmento B de 1999. Se bem o prometeu, melhor o fez, conquistando, não só, uma elevada procura por parte do público, como a preferência do júri de um dos mais conceituados prémios da indústria automóvel, impondo-se na renhida batalha pelo 1º lugar na Velha Europa. No “European Car of the Year 2000”, o pequenino Yaris somou 344 pontos, mais 19 do que o bem maior e muito peculiar (leia-se “estranho, quase extra-terrestre) Fiat Multipla, deixando a 79 pontos a mais consensual dupla Opel/Vauxhall Zafira. Quanto à votação dos dois jurados portugueses da altura, tendo, cada um deles 25 pontos para distribuir entre os 5 finalistas desse ano, ambos atribuiram 7 pontos ao Yaris, um colocando o pequeno japonês como preferido, o outro como segundo melhor carro para esse ano na sua lista.
A dose voltou a repetir-se com esta sua 4ª geração, edição em que as diferenças entre os ocupantes do top-3 voltaram a ser pouco expressivas, alcançado-se o objectivo com os seus hiper-renovados argumentos: um design hiper-cativante, uma qualidade percebida (e real), múltiplos equipamentos de conforto e segurança, uma boa performance, excelente maneabilidade e, principalmente, a adopção de um eficiente sistema híbrido Toyota HSD, com reflexos positivos nos consumos e emissões. Com isso somou 266 valiosos pontinhos, relegando o novo Fiat 500 (240 pontos) para a posição de “1º dos perdedores”, italiano que, por sua vez, bateu pela margem mínima de 1 ponto o bem mais imponente novíssimo Cupra Formentor, assinatura desportiva da espanhola SEAT. De novo com 25 pontos para distribuir pelos 7 finalistas de 2021, um dos actuais jurados portugueses voltou a dar-lhe a maior pontuação (7 pontos), com o segundo votante luso a colocá-lo como 2º preferido, com 5 pontos.
A título de referência, por cá, no nosso “Carro do Ano”, o novo Yaris apenas conseguiu vencer na categoria “Citadino do Ano”, de suporte à iniciativa, enquanto a nível mundial ficou-se por ser um dos 3 finalistas dos recém-atribuído troféus de “World Car of the Year 2021”.
Dois espaços temporais inegavelmente Toyota
Então e o que dizer mais destas duas propostas que estacionaram na vossa Garagem? Bom… são sem sombra de dúvida Toyota, cada uma delas inerentes ao seu próprio espaço temporal, ora com mecânicas do tipo peça e parafuso no bisavô e tech hybrid no bisneto, sendo também Yaris, com objectivos idênticos de conquista dos clientes que querem um carrinho – sem qualquer conotação depreciativa – com que se identifiquem e que lhes permitem as voltinhas do quotidiano, a preços e custos de utilização bastantes acessíveis.
Já no tal mundo das diferenças, uma das visualmente mais notadas está, naturalmente, nas dimensões, com o actual Yaris a aparentar ser bem mais comprido do que o primeiro… sem que, de facto, o seja tanto, sendo 33 cm que os separam (3.940 vs 3.615 mm), algo que na largura quase não se nota, com apenas 3 cm entre eles (1.695 vs 1.660 mm). Outra é no número de portas, tendo o Yaris do virar do século apenas 3 portas (também o havia com 5), enquanto a actual gama Yaris mais tradicional segue a tendência de juntar umas minimalistas portas traseiras às de condutor e pendura. É uma pena não ter também 3, um conceito bem mais sporty que, infelizmente – e reforço INFELIZMENTE!!! (em maiúsculas e tudo) – se está a perder! E não me venham dizer que o cliente prefere assim porque é um citadino, porque tem as crianças para por e tirar no banco de trás, porque o acesso é mais facilitado, quando os actuais carros de 3 portas as têm com dimensões significativas, que minimizam esse (potencial) impacto negativo. Só que, “o cliente não as procura, pelo que as opções são cada vez menos”, dizem-nos nos concessionários das diferentes marcas!
Isto a não ser que falemos do estratosférico GR Yaris, o mini-desportivo da marca! Et voilá, esse sim, tem as OBRIGATÓRIAS 3 portas!
A gigantesca (r)evolução do que se vê e do que não está à vista
E eis que nos sentamos ao volante, deparando-nos com dois universos distintos, com um mais espartano, em bruto e bem mais ovalizado e plastificado, apostando numa múltipla bolha com vários espaços de arrumação, e o outro com um habitáculo com acabamentos de qualidade significativamente maior e as novas tecnologias integradas, desde o volante multifunções, ao cluster digital TFT binocular, informações projectadas no para-brisas pelo head-up display ou ainda o sistema de infotainment sobre-elevado e até algo sobre-dimensionado, para as proporções interiores de um Yaris, acima de uma zona para recarga de telemóveis e da conectividade Apple Car Play e Android Auto, algo impensável há duas décadas!
Vá que no velhinho – aos 20 anos um automóvel é-o, definitivamente – a instrumentação (ao centro) já explorava o mundo digital (da época), acima de um sistema de ar condicionado hoje desactualizado, enquanto no domínio do áudio as imagens falam por si, sendo abissal o diferencial entre os auto-rádios de então e o potente sistema de som JBL do presente! O mesmo vale em termos de espaço interior e de definições das posições de condução, sendo que atrás, a proposta de outrora tinha um banco traseiro deslizante, permitindo fazer crescer o minimalista porta-bagagens de 205 litros (286 litros no novo Yaris). Neste novo, entre outras soluções, destaca-se um tejadilho panorâmico, com todos os filtros e cortinas interiores.
Chave?! Qual chave?! Ah… sim… a chave!
Por o “Carro do Ano 2021” a trabalhar é um processo que nos é familiar, já que os botões de Start & Stop se tornaram parte das vidas da maioria de quem compra um carro novo. Ao fazê-lo acordamos, sem nenhum alarido, porque o silêncio é absoluto, um motor eléctrico de 59 kW e 141 Nm, alimentado por uma nova bateria de iões de lítio – what else?! – e associado a uma unidade de controlo de potência.
Depois de nos habituarmos, notamos que tudo está OK porque no cluster aparece a informação “READY” a verde, junto com o inevitável “ECO”, pelo que avançamos, sem medos! À medida que aceleramos e ultrapassamos as velocidades aconselhadas a esse contexto mais ambiental, a unidade 0 emissões dá lugar a um motor atmosférico a gasolina 1.5 VVT-i Dynamic Force, agradavelmente audível pelos seus apenas 3 cilindros, em linha. São 116 CV de potência combinada, valor que é transmitido à estrada pelas rodas da frente, com a ajuda de uma caixa automatizada do tipo CVT. Aqui temos outro “INFELIZMENTE”, pois as manuais são muuuuuuuuuuuito mais agradáveis / divertidas de utilizar, permitindo uma maior interacção com o carro, com a estrada, com o todo! A suspensão dianteira é independente, do tipo McPherson, e atrás esta recorre a uma barra de torção. Os travões usam discos ventilados à frente e sólidos atrás, numa viatura equipada com jantes em liga leve, maquinadas, de 17 polegadas, com pneus de medida 215/60.
Transitando para o volante do Yaris “Carro do Ano 2000” fica-se uma beca à nora… até que nos vem à memória um “Ah!!! É preciso tirar a chave do bolso e inserir um ferrinho recortado num buraco que ali está para esse efeito!” Brutal! Aqui acorda-se um muito eficiente bloquinho de 1,0 litros 16V VVT-i (também os havia com outras cilindradas, a gasolina e diesel), tendo mais 1 cilindro do que o seu descendente, sendo igualmente em linha e atmosférico. Conjuga-se com uma caixa manual de 5 velocidades típica da época, com um longo ferro vertical e engrenagens que, dada a idade – do carro e minha ou, quiçá, falta de jeito mesmo – nos tornava algo bruscos ao engatar a 1ª ou a marcha-atrás! Os seus 68 CV às 6.000 rpm e 90 Nm às 4.100 rpm de binário são colocados no chão pelas rodas da frente, num conjunto dotado de suspensão dianteira independente do tipo McPherson, barra estabilizadora e suspensão traseira mais tradicional, travando-se com recurso a discos ventilados à frente e tambores atrás, assegurando-se a sua imobilização com um travão de mão também ele jurássico. Os mais estreitos pneus 175/65 surgem em jantes em ferro de 14 polegadas, algo impensável nos dias que correm, com tampões, que no caso presente já eram, vendo-se substituídas por uma pintura em preto baço! E não é que lhe dá um arzinho mais racée?
Dos números, às estatísticas e outras curiosidades
Em termos de números, o bisneto Yaris de 1.160 kg acelera dos 0 aos 100 km/h em 9,7 segundos, atinge uma velocidade máxima de 175 m/h e regista um consumo misto de 4,3 l/100 km e emissões CO2 de 98 g/km. Com um peso de 855 kg – praticamente menos 300 kg do que o descendente – o bisavô Yaris cumpria os 0 aos 100 km/h em 13,6 segundos e atingia uma velocidade máxima de 155 km/h. Os consumos andavam na ordem dos 5,7 litros / 100 km e as emissões eram algo com que, na sua época, ainda não nos preocupávamos minimamente. Agora é que nos está a dar a preocupação ecológica, neste planeta tão adoentado nos mais diversos quadrantes!
Um e outro exploram de modo diferente a estrada, o de 2000 já mais bamboleante – os anos já pesam e até já o era um pouco na altura do lançamento – enquanto a proposta de 2021 é (bem) ajudada pelos hoje inevitáveis múltiplos sistemas de segurança e de apoio à condução, que nos distraem com uma torrente de informação – apenas o suficiente, pois os olhos terão de estar sempre na estrada – fruto das múltiplas / dinâmicas apresentações gráficas que surgem no cluster, ou as bem mais animadas do ecrã central, em especial ao explorar o potencial da unidade eléctrica, entre utilização, regeneração, activação do modo ECO, etc.
Falando em segurança, o novo Yaris viu-se premiado com as ambicionadas 5 estrelas nos testes de colisão Euro NCAP, alcançando uma protecção de 86% (adultos), 81% (crianças), 78% (restantes utilizadores da via) e 85% (soluções de segurança integradas). Nas bem menos exigentes avaliações deste órgão independente no ano 2000, o Yaris de então não desiludia e registava 4 estrelas na protecção de ocupantes (29 pontos, em 37 possíveis) e 2 na de peões, no que ainda assim foi considerado um bom resultado à época.
Para completar esta viagem ao passado / avaliação do presente, eis algumas curiosidades em redor do Toyota Yaris:
– é um dos únicos 3 modelos a ter feito bis no galardão de “European Car of the Year” (2000 e 2021), a par com o Renault Clio (1991 e 2006) e o Volkswagen Golf (1992 e 2013);
– o nome “Yaris” deriva de “Charis”, singular de “Charites”, deusa grega do charme e beleza, algo que no presente, apesar de um visual algo da era espacial, é uma das suas enormes vantagens;
– a utilização de “Yaris” não acontece a nível planetário, pois também é (ou foi) vendido como Belta, Charade, Echo, Platz, Scion iA, Vitz e Vios, isto para além das versões Yaris Verso, de características mais volumosas, ou sedan, de 3 volumes, estes últimos vendidos em mercados seleccionados;
– a primeira geração (1999) tinha o nome de código “XP10”, seguindo-se o “XP90” (2005), “XP130” (2011) e “XP210”, da actual 4ª geração.
– foi em setembro de 2017, no salão de Frankfurt, que a Toyota apresentou ao mundo o concept Funtime que antecipou o que, dois anos mais tarde, viria a ser o Yaris, junto com dois outros protótipos, Funcargo e Funcoupe.
Já agora, a composição das 3 elipses que formam o logótipo da Toyota, a que nos referimos no topo deste comparativo geracional, representa a unificação dos corações dos clientes e dos produtos da marca, algo que com este novo Yaris estará mais do que assegurado!
Posto isto, como a prosa já vai longa, deixo à vossa consideração qual comprar, algo que dependerá do estado da sua carteira:
– poderá optar por um Yaris 1.0 VVT-i Luna da 1ª geração, como este exemplar que já percorreu 154.000 km, e que, no portal Stand Virtual (por exemplo) poderá ser encontrado a uns bastante acessíveis 1.400 a 4.250 € (fora outros custos associados), havendo apenas que assegurar que estão nas condições que aparentam… afinal já são 20 anos de vida;
– ou então por um bastante mais amadurecido / moderno / recheado / cativante Yaris 1.5 Hybrid Dynamic Force Premier Edition novinho em folha, eventualmente até nesta fantástica conjugação da cor Vermelho Coral com o tejadilho Night Sky, à venda em qualquer stand da marca a partir dos 26.720 €, até aproveitando uma campanha de 1.000 €, que está em vigor até final de Maio. Isto entre outras ofertas que a marca japonesa tem nesta fase, decorrentes do inegável sucesso que regista em Portugal! Como diria o outro, “A escolha é sua!”
Segue-nos no Instagram